Domingo parece que vai ter GreNal. Mais uma vez vamos entrar em campo, certos de que só a vitória nos interessa, com a massa em peso na geral a bradar o hino do coração e a charanga cumprindo seu papel no alto da arquibancada. Os árbitros, ah os árbitros, como seria bom se não existissem e, entre as quatro linhas, o grito do torcedor pudesse decidir o vitorioso desse embate. Pode ser Fla-Flu, pode ser Atlético e Cruzeiro, Corinthians e Palmeiras. Não importa. É a cor da torcida que dita as regras do jogo.
Na política, como no futebol, é mais ou menos assim. Jamais sairemos em defesa da Mão Santa de Dieguito e aquela cotovelada do Leonardo na Copa de 94… injusta expulsão! Tape os olhos porque o sol sobre as arenas queima aqueles que ousam olhar direto para seus raios incandescentes. Pobres são os flanelinhas do lado de fora do estádio que, não se importando com o resultado, catam os pilas que farão a festa de colas e trambiques.
Nesse jogo de palavras, devaneio sobre o mundo de gente que ri e conflita pelas redes sociais, trancados em suas bolhas na espera de que as paredes sigam intransponíveis e indevassáveis. Não quero aqui jogar água na fogueira de ninguém, nem discordar de suas crenças políticas, fisiológicas ou filosóficas, desejo apenas questionar as falácias com que nos acostumamos a conviver, o pênalti que nos recusamos a ver e, pior, o gol roubado que comemoramos, mesmo sabendo que nem assim estaremos na final.
A política hoje é a alma de um povo. Concebida na Antiguidade para administrar a pólis (a cidade), criava sistemas de governo baseados em estruturas teocráticas pelos quais uma elite política estabelecia seu poder sobre a plebe. A galera da arquibancada estava sempre lá, manifestando seu brado. “Panis et circenses”, conforme dizia o poeta Juvenal, satirizando os que pediam trigo no fórum e espetáculos gratuitos no circo. E não se incomode se o vizinho acha que ainda vivemos no Coliseu.
São armadilhas da mente, nos chama a atenção Augusto Cury em seus códigos de inteligência. “Devemos ter consciência de que somos uma massa de seres humanos imperfeitos vivendo em uma sociedade imperfeita” e a tolerância é uma necessidade insubstituível para avançarmos em nossas relações. Não saber lidar bem com perdas e ganhos, ônus e bônus é, no mínimo, falta de educação.
Sem trombetas ou armas em punho e com a colinha no bolso, deixemos o celular com os mesários e vamos confiante até a urna fazer a nossa parte. Neste dia 2, vai ser você ali, na cara do gol, frente a frente com o seu futuro e o futuro da sua região. Vote em quem você quiser, mas procure dar preferência aos candidatos locais comprometidos com os projetos da sua cidade. Aqui não tem prorrogação: ou você bate pra fora ou faz gol.