A palavra brocha tem origem no francês “broche” e significa um objeto pontudo como um pino ou um espeto. Pode ser também uma haste como aquelas que se usa para tratar fraturas ou ainda uma ferramenta de obras, como aqueles cinzeis que se usa para quebrar pedras ou no mundo mais feminino aquelas agulhas que se usa para tricô. Permanecendo no mundo feminino, temos broche que consiste em uma joia adornada com um alfinete comprido.
Na sua versão para o português, broche vira brocha e mantém sua multiplicidade de significados: ora é um prego ou uma tacha, outra hora é uma correia que se usa para amarrar a canga no pescoço dos bois ou mesmo uma tira ou correia de calçados. A lógica se mantém presa a sua origem francesa até que em algum momento, nas curvas da história, brocha vira um tipo de pincel de qualidade inferior e usado para pinturas que não necessitam muito apuro.
Provavelmente nesse momento tenha ocorrido a vulgarização da palavra que passou a se referir também ao indivíduo incapaz de copular devido à falta de potência sexual. Ou ainda de maneira menos maliciosa como uma referência ao indivíduo que se mostra sem ânimo, sem vontade de agir; desanimado, desatentado, frouxo.
Saindo da etimologia e indo para o mundo da psicologia, encontraremos que a preocupação masculina com a potência vem de longe. Stekel, Adler e Jung já discutiam o assunto nas famosas reuniões das quartas-feiras e consideravam a disfunção erétil (ou “brochada”, como chamamos modernamente)como um mal da civilização moderna.
O tempo foi passando e a psicologia teorizou sobre incesto, medo de castração, ansiedade e mesmo histeria masculina onde o homem perceberia as demandas femininas como uma imposição de provar sua virilidade. Já a medicina tradicional respondeu com próteses penianas e com vasodilatadores e transformou a palavra Viagra em sinônimo de potência a qualquer hora.
Por isso chamou tanta atenção a repetição da palavra “imbrochável” durante o discurso do presidente Bolsonaro, um conhecido defensor da família, da moral e dos bons costumes. Quem interpretou o termo como uma alusão restrita à potência sexual decerto se sentiu incomodado, ao contrário de quem percebeu na palavra a alusão a ânimo e a vontade de agir.
Lula tem sido mais comedido nas palavras ditas no calor de manifestações, mesmo assim alguns setores se mostraram incomodados com expressões que também fazem referência à vontade de agir como “tesão de 20 anos” e “tesão para consertar o país.”
Já eu me preocupo muito mais com os atos do que com as palavras.