Do total de 13 instituições da rede estadual com Ensino Médio avaliadas no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), o Instituto Federal Sul-Rio-grandense (IFSul) teve a melhor média, com 6,3. Acima tanto dos resultados gaúchos quanto do país.
Entre as instituições da rede estadual, o destaque fica por conta da Escola de Ensino Médio Westfália, com 5,6 pontos. No geral, as participantes da rede estadual do Vale também estão melhores do que a pontuação gaúcha. Nos colégios do RS, a média foi de 4,1. Todas avaliadas da região tiveram notas maiores.
“Quando falamos em educação, temos de ser extremamente cuidadosos. São muitas variáveis que interferem nos resultados dos alunos. As condições socioeconômicas da família é uma das situações que não aparece nesses dados”, avalia a diretora-geral do IFSul Lajeado, Cláudia Schwabe. Dentro deste contexto, os resultados positivos passam por infraestrutura, qualificação dos docentes e nível de engajamento dos alunos, acredita.
No IFSul, mais de 69% dos professores têm mestrado ou doutorado. “Apostamos e estimulamos muito os projetos de pesquisa. Isso tem feito muita diferença. Inclusive nossos alunos têm ganhado prêmios em diversos estados e cidades pelo país.”
Também por esse direcionamento aos projetos está parte do sucesso na Escola de Ensino Médio de Westfália. Pelo menos é o que afirma o diretor Gilmar Batista Grünevald. “Tivemos um período marcado pelo afastamento entre professores e alunos. Mesmo assim, mantivemos o atendimento. Somos uma escola pequena, mas com professores de muita qualidade”, ressalta.
O colégio foi uma das dez instituições regionais que tiveram o projeto piloto do Novo Ensino Médio em 2019. “Buscamos uma metodologia transversal. Com mais interação entre as diferentes disciplinas. Isso começou desde o Ensino Médio Politécnico e mantivemos. Por isso nossa adaptação ao modelo de educação por meio de projetos foi mais tranquila”, acredita Grünevald.
Professores exclusivos
O IFSul de Lajeado tem 331 alunos matriculados concomitantes do Ensino Médio com curso técnico (Automação Industrial e Administração. São 43 servidores, entre docentes e técnicos administrativos em educação.
Dos 26 professores, 16 tem doutorado e nove com mestrado. “Temos o nosso modelo na tríade Ensino, Pesquisa e Extensão”, destaca a diretora-geral, Cláudia Schwabe. “Nossos docentes tem dedicação exclusiva. Não podem atuar em outra instituição de ensino.”
Esse diferencial, acredita, faz com que se tenha mais contato com os alunos, o que proporciona mais facilidade para ver potenciais e dificuldades. Além disso, os docentes também dispõe de horários de atendimentos aos estudantes fora das aulas regulares. “É como uma aula particular”, diz.
Análise no RS
Em termos de Estado, a Secretaria de Educação destaca as melhorias nos índices ante à edição de 2019. Nos anos finais do Ensino Fundamental, a nota saltou de 4,4 para 5, subindo da 16ª para a 5ª colocação, um avanço de 11 posições. No Ensino Médio, a nota subiu de 4 para 4,1 entre 2019 e 2021, saindo da 9ª para a 7ª posição entre as redes estaduais.
Nos anos iniciais do Ensino Fundamental, o avanço foi de uma posição, passando da 11ª à 10ª colocação no ranking entre as 27 unidades federativas do país. A nota, que era de 5,8, subiu para 5,9, acima da média nacional, que é 5,8.
Desafio na pandemia
O Ideb voltou a ser feito após dois anos de pandemia. Os dados de 2021 foram apresentados na sexta-feira passada, 16 de setembro. Esses resultados avaliam a qualidade da educação básica e são formados pela nota das provas de português e matemática, além das taxas de aprovação.
Mesmo com o desempenho acima da edição anterior, de 2019, tanto especialistas quanto o próprio Ministério da Educação (MEC) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) alertam para análises com ressalvas.
Tudo por conta do formato de aprovação e registro de presença durante o período de mais restrições. Com as escolas fechadas, muitos estudantes avançaram de nível sem nem mesmo terem passado por alguma avaliação. Pela metodologia, a aplicação dos diagnósticos foi estruturado para haver formas de comparar com edições anteriores.
No entanto, o contexto educacional atípico imposto pela pandemia obrigou escolas a adotarem novos formatos, com revisão de currículos e critérios. Tanto que o Inep incorporou parte da pesquisa do Censo Escolar (2020 e 2021), com dados da “Resposta educacional à pandemia”, com o objetivo de compreender as consequências da crise sanitária na educação.
A pesquisa mostrou que 92% das escolas públicas adotaram estratégias de ensino remoto ou híbrido e 14,4% ajustaram a data de término do ano letivo. Além disso, nesse universo da educação básica, 72,3% das escolas recorreram à reorganização curricular para priorizar habilidades e conteúdos.