Pois o meu Cumpádi Belarmino trocou recentemente de domicílio, saiu do Rincão dos Cardoso na Bossoróca e se bandeou de mala e cuia pra Linha Roncador, na boa terra de Colinas. E pra não variar e nem perder a mania, já se meteu a vasculhar toda a microhistória local, sempre rica e fascinante.
Pra começo de conversa, foi pesquisar por que o nome de ¨Linha¨ e de Morro ¨Roncador¨.
A Linha até foi fácil, faz parte das divisórias geográficas estabelecidas na época da colonização, que ele também já conhecia lá pelas bandas de Jaguari. Hoje até virou uma divisa multimunicipal, entre Estrela e Colinas.
Já o nome Roncador foi um pouco mais complicado. Diz o folclore que, há muuuuito tempo, tinha uma lagoa natural em cima do morro e lá, um belo dia, durante uma baita tormenta, aquela água toda represada se veio barranco abaixo, causando um bruto estrondo e roncando mais que uma tropa de bugios gripados.
Mas há controvérsias… também há quem diga que o morro foi batizado de Roncador em função dos fortes assobios que algum ventão do sul provoca no paredão lateral do morro. Como o morro ¨ronca¨até hoje quando é dia de vento forte, acho que essa versão é mais plausível.
Outra coisa interessante: enquanto era distrito de Estrela, o atual município de Colinas era chamado de Corvo. ¨Belo¨ nome… dado em função da quantidade de corvos que existiam por lá, aquerenciados por ali porque corvos gostam de fazer sua morada em pontos altos, pedregosos e meio isolados. Graças a Deus, alguém teve a feliz idéia de sugerir um nome bem mais legal para esse simpático e encantador recanto da região.
Mais uma, essa mais antiga, do tempo de índios guaranis, missões jesuísticas espanholas e bandeirantes ¨paulistas¨, com seus respectivos aldeamentos, sambaquis e paliçadas nas imediações do então rio Tebiquary.
Em ambas as margens do rio, já foram identificados resquícios de dois aldeamentos indígenas que provavelmente chegaram ali pelo principal meio logístico da época, o aquático, via Rio Guaporé.
E também há referências históricas da chegada de bandeirantes e até da construção de uma paliçada, tipo um quartel rústico, num determinado morro das imediações.
Com certeza existem muitas outras histórias a serem resgatadas e preservadas, inclusive da época da construção da então chamada Ferrovia do Trigo e desse interessantíssimo túnel que existe na zona urbana da cidade, do incêndio no morro por ocasião das festividades do centenário da Independência, da possível passagem dos chamados Monges do Pinheirinho, dos revolucionários Maragatos, de um túmulo isolado, da casa ¨mal assombrada¨, de lindos imóveis antigos, e por aí afora. Mas isso tem que ficar por conta de quem tem mais conhecimento e competência, o Cumpádi é apenas um mero curioso, mas fascinado por microhistória.
CADÊ O TREM?
Quem é da cidade sabe, mas quem vem de fora sempre se surpreende: ué, por onde passa o trem em Colinas? Bem legal de conferir.
O APITO DO TREM
Falando nisso, já comprei as passagens pra mim e a patroa na próxima jornada do Trem da Imigração, na rota Colinas-Roca Sales. É um complemento da rota do Trem dos Vales, entre Muçum e Guaporé, que dessa vez veio para ficar e está em boas mãos. Mais curto mas também com ótimas atrações, inclusive internas, com grupos folclóricos animando a turma, esse outro roteiro tem uma certa vantagem relativa: a ¨ida¨e a ¨frida¨ é toda por cima dos trilhos.
Ou seja: dá pra ir de carro até Colinas, apreciando as paisagens ao longo da RS-129, estacionar nas imediações da antiga estação de Colinas, ir e voltar de trem, além de curtir a abertura do campeonato estadual de motonáutica em Roca Sales e o Festival da Primavera em Colinas. Tá esperando o que pra comprar sua passagem, vivente? É nos dias 4, 5 e 6 de novembro. Confira no site www.tremdaimigração.com.br, ou pelo telefone (47)3307-9977. Nos encontramos lá, se Deus quiser.
SAIDEIRA
Papo de casal:
– Marido, eu quero o desquite.
– Mas por que mulher, o que está havendo?
– Não há mais monólogo entre nós…
(para contatos diretos: camartinix@gmail.com)