Foi o “match” no Tinder que uniu o casal Leonardo Barbosa, 29, e Jamile Sehn, 26. O relacionamento completou sete anos em agosto. Criada em setembro de 2012, a plataforma facilita o encontro de pessoas com os mesmos interesses e auxilia na formação de milhares de casais ao redor do mundo há uma década.
Jamile conta que encontrou o perfil de Leonardo no aplicativo em 2015. Ela utilizava a plataforma para encontrar pretendentes e fazer amigos. Na época, moradora de Estrela, viajava com frequência a Porto Alegre, para curtir bares e baladas. Para ela, a ferramenta dava boas saídas para conhecer pessoas diferentes. No dia 11 de agosto daquele ano, o “match” com Leonardo aconteceu. Com uma busca rápida no Facebook, no entanto, o perfil do rapaz constava o status “namorando”.

Jamile e Leonardo se conheceram no Tinder e mantêm um relacionamento desde 2015. Crédito: Arquivo Pessoal
“Ele me disse que estava solteiro há uma semana, e ainda não tinha tirado do Facebook. No dia 11 demos match, dia 15 nos encontramos e dia 31 começamos a namorar. Foi louco e arrebatador”, lembra. Hoje, Jamile destaca que entrar no aplicativo foi uma boa escolha. “Eu acho o Tinder um máximo e super indico. Existe amor lá, sim”, conclui.
Tinder na prática
Após o lançamento, o aplicativo logo ganhou adeptos e, em 2014, já registrava 1 bilhão de “likes” ou “deslikes” por dia. O conceito da plataforma é simples. Enquanto as fotos de pessoas são apresentadas, o usuário só precisa deslizá-las para o lado direito, caso tenha interesse, ou para o esquerdo, se não for de suas preferências.
Somente quando um usuário tem interesse em outro ocorre o “match” e a possibilidade de iniciar uma conversa. Assim, de acordo com os gostos em comum, o aplicativo forma casais e, ao lado de outras plataformas semelhantes, vem criando novas possibilidades de relacionamento em diversos países.
Em busca do “match” perfeito
Mesmo com um número grande de pretendentes disponíveis, encontrar o match perfeito não é simples. Dandara, 26, já marcou um encontro em que ninguém apareceu. Ainda assim, continuou na plataforma.
Para ela, mais do que relacionamentos amorosos, o aplicativo permite conhecer novas pessoas e expandir o círculo de amizades. Dandara, depois de cerca de 10 encontros, tem muitas histórias para contar.
“A minha experiência foi boa. Tive a oportunidade de conhecer pessoas interessantes, de criar amizades e ter relacionamentos amorosos. Claro que também tive experiências que não foram tão boas assim, mas prefiro levar comigo as coisas boas”, comenta. Faz pouco tempo, ela voltou a baixar o aplicativo, e segue na busca por encontrar novas pessoas.
Mudança no comportamento
Para a psicóloga Muriana Reginatto, o Tinder facilitou os encontros, influenciou a forma como as pessoas se conectam e tornou as relações mais momentâneas. “Muitas vezes, o processo envolve também a necessidade de ser admirado pelo outro, de ver que as pessoas também curtem a sua foto, que dão like”, acrescenta.
Ainda que a facilidade de encontrar alguém com os mesmos interesses seja um benefício, o aplicativo pode deixar a conquista superficial e mecânica. Isso porque, segundo a psicóloga, o prazer é instantâneo. Assim, o “match” pode, até mesmo, se tornar viciante.
“Isso libera uma certa dopamina no cérebro, neurotransmissores que geram prazer de estar ali, virando a tela”, ressalta Muriana. Conforme ela, alguns usuários podem desenvolver um comportamento obsessivo, e as pessoas começam a acessar várias outras ao mesmo tempo, de forma excessiva.
Mesmo antes do Tinder
Mas o Tinder não foi a primeira plataforma de relacionamentos que fez sucesso. Desde os anos 2000, sites como Par Perfeito e Badoo já uniam muitos casais. Foi assim que Lúcia Kraemer, 49, e o marido Vanderlei Miguel Kraemer, 46, se conheceram, há dez anos.
Mesmo sem grande interesse nas novas tecnologias que surgiam, ela na Paraíba e ele no Rio Grande do Sul, entraram na plataforma de namoro para encontrar companheiros. No site, era possível escolher o local de onde se queria conhecer pessoas, e ela escolheu o sul.
Depois de um vídeo publicado por Vanderlei no perfil dele, e um comentário de Lúcia, a conversa começou e, oito meses mais tarde, o primeiro encontro. “Lembro que no início ela disse que era de Campinas, e eu achei que era São Paulo. Quando vi que era na Paraíba, me assustei. Seria mais difícil”, conta Vanderlei.
Mesmo assim, o relacionamento à distância deu certo, e os dois conversam de forma virtual todas as noites. Apesar da modernidade do aplicativo, a relação dos dois foi cautelosa, à moda antiga. Lúcia conta que foi a primeira namorada de Vanderlei, e ele, o primeiro namorado dela. Depois de algumas idas e vindas entre o sul e o norte do país, decidiram morar juntos e, há cerca de cinco anos, oficializaram o casamento.
Hoje, moradores de Cruzeiro do Sul e com dez anos de união, o casal aguarda na fila da adoção e pretende aumentar a família. “Não é fácil dar certo. Hoje vejo que fui corajosa de ter vindo sozinha. Tem que ter muito cuidado, mas deu tudo certo”, conta Lúcia.
Golpes, infidelidade e perfis falsos
Em muitos casos, os perfis da rede não são fiéis à realidade. Na internet, muitos usuários criam um mundo idealizado, longe da verdade. Os aplicativos também podem facilitar golpes e estelionatos.
Conectar o perfil do aplicativo com as redes sociais, por exemplo, permite que o criminoso levante informações sobre a vítima de forma mais fácil. Outro cuidado necessário é com a exposição no aplicativo. Por isso, é recomendado não mostrar muito da rotina e local onde mora, além de evitar enviar dinheiro ao “match”. Os perfis fakes também são utilizados para pessoas que já estão em um relacionamento. “O fácil acesso às pessoas faz com que a infidelidade ocorra de uma forma mais fácil”, alerta a psicóloga.
Para ter um encontro seguro
– Saber o nome da pessoa e ter fotos;
– Marcar encontros em lugares públicos;
– Compartilhar a localização com amigos quando for ao encontro;
– Não ir ao encontro sem avisar alguém.