Senhor? Sim, senhor. Essa é a forma como os atletas de rugby se comunicam com o árbitro da partida. O respeito, nesse esporte, não é apenas uma palavra bonita e bem intencionada, é um valor fortemente praticado entre seus adeptos, não somente em relação ao árbitro, mas também com os adversários.
Afinal, não existiria jogo sem eles. Você não verá xingamentos, peitos estufados e dedos apontados ao árbitro, mas verá, por exemplo, um atleta do alto dos seus 1,90m de altura, pesando 120kg, recebendo uma advertência e se limitando a responder “entendido, senhor”. A hierarquia em campo é inquestionável, mesmo quando o árbitro comete um erro. É por essas e outras que se ouve falar que no rugby primeiro você aprende a respeitar, para depois aprender a jogar.
Trago esse tema porque ainda existe uma ideia muito equivocada de que o rugby é um esporte violento, dada a intensidade de contato e esforço físico. Se no futebol vocês costumam ver jogadores se agredindo, árbitro sendo ofendido e a torcida brigando, até entendo o equívoco, mas saiba que no rugby é fundamental que as regras sejam levadas à risca, começando pelo respeito, que é a base para garantir a integridade dos atletas, inibir atitudes antidesportivas, dar exemplo àqueles que prestigiam o esporte e estimular o senso de coletividade e confiança entre os atletas. Em que outro esporte você vê adversários confraternizando após a partida, como se todos fossem uma única equipe? É o que chamamos de Terceiro Tempo.
Na comunidade rugbista o respeito é tão valorizado que a torcida também é estimulada a praticá-lo, de maneira que qualquer atitude ou palavra inconveniente é desencorajada. Isso quer dizer que o jogo não tem emoção, não tem adrenalina, nem tensão? Pelo contrário, tem e muito. A diferença é que é muito mais emocionante e prazeroso prestigiar um jogo onde prevalece o cavalheirismo dos brutos, do que a brutalidade de cavalheiros.
No rugby você pode jogar duro, impor sua força e gana de vencer, mas não poderá fazer isso com desrespeito e jogo sujo. Esse é um esporte onde as atitudes negativas de um atleta são repreendidas pelos próprios companheiros de equipe.
E com todo o respeito aos futebolistas de plantão, até porque eu mesma sou amante do futebol, o rugby tem muito a ensinar. Como já disse Nigel Owens, considerado o melhor árbitro de rugby do mundo, isso aqui não é futebol, senhores. Isso aqui é rugby.
