A dedicação e disciplina a partir da música foram essenciais para a evolução pessoal e profissional do diretor do Colégio Sinodal Gustavo Adolfo (GA), Edson Wiethölter. Natural do interior de Estrela e filho de agricultores, teve uma infância simples com muita perseverança para conquistar seus objetivos.
O conceito do associativismo defendido pelos pais Arri e Delci também inspiraram sua evolução. Antes de ter o primeiro violão, aos 8 anos, Wiethölter construiu instrumentos musicais com pequenos objetos. A persistência e incentivo da família contribuíram para que fosse professor de música antes mesmo de atingir a maioridade.
Essa trajetória foi detalhada na segunda-feira, 5, no programa O Meu Negócio, apresentado por Rogério Wink. A entrevista traz um resgate histórico e também as conquistas e desafios a partir do trabalho desenvolvido frente à instituição de ensino no bairro São Cristóvão, em Lajeado.
Wiethölter destaca alguns dos princípios dos quais fazem o GA chegar aos 55 anos como uma organização tradicional e de práticas modernas e contemporâneas. “A escola incentiva espaços de alta performance e regrado por muita humanidade”, revela. Ele observa ainda que para atingir os melhores resultados é preciso ter uma equipe qualificada, com perspectivas futuristas e que provoquem exemplos de inovação.
O diretor também avalia a integração com o ambiente universitário e o projeto para constituir orquestra filarmônica até 2030. Wiethölter lembra que o uso do espaço físico na Univates para turmas do Ensino Médio é uma forma de aproximar os jovens do ambiente acadêmico e os preparar para a carreira profissional.
DICA DE LEITURA
A sugestão de leitura do Rogério Wink para esta semana é o livro “As vantagens da adversidade: Como transformar as batalhas do dia a dia em crescimento pessoal”.
A obra mescla as comprovadas técnicas de liderança de Paul Stoltz e suas pesquisas pioneiras com os relatos reais e comoventes, cheios de sabedoria, das experiências vividas por Erik Weihenmayer.
ENTREVISTA
Edson Wiethölter, diretor do colégio Gustavo Adolfo
“Sem conhecimento, experiência e um time não se faz um bom trabalho”
Rogério Wink – Onde buscou o legado e inspiração para a arte da música?
Edson Wiethölter – Desde pequeno tenho essa paixão, inclusive, a mãe sempre cantou em coral. Naquela época transformava pequenos objetos em instrumentos musicais. Para ter meu primeiro violão, aos 8 anos, recebi o desafio de cultivar uma área de soja, fazer o processo da colheita e levar até a trilhadeira. Ao fim daquele dia, a tarefa estava concluída e recebi o violão como recompensa.
Wink – Como surgiu a vocação e se tornou maestro?
Wiethölter – Ainda jovem assumi grandes desafios e mesmo sem dominá-los, fiz deles boas oportunidades. Quando completei 11 anos, já participava dos cultos e representava a turma na escola. Com 16 anos, dava aula de música para pagar a passagem da escola. Após o estágio de magistério iniciei no Sesi e com 19 anos escrevi um livro. Ao fazer isso, ingressei na Rede Sinodal, onde se migrou do canto coral para o instrumental. Entre 1997 e 1999 ajudei a constituir três orquestras: Colégio Teutônia, Colégio Sinodal Gustavo Adolfo e Sesi.
Wink – Maestro é uma liderança. Qual a característica imprescindível?
Wiethölter – A palavra maestro vem do italiano que significa mestre e tem a função de precisão. Para isso, precisa de um time. Ele tem a condução de um processo que vai resultar em uma performance que depende do conhecimento da obra e sua interpretação. Sem conhecimento, experiência e um time não se faz um bom trabalho.
Wink – Quem reconheceu esse seu potencial como líder?
Wiethölter – Nunca sonhei em ser diretor, outras pessoas têm esse potencial em mim. Posso dizer que foi um misto de aspectos, sem dúvida ter sido maestro por quase 20 anos, professor e vir de uma família que incentiva o associativismo fizeram a diferença.
No GA, tive uma primeira passagem entre 1996 e 1998, e retornou em 2004. Em 2008 me preparava para entrar na política de Estrela. Naquela ocasião, o presidente do GA me ligou e propôs uma nova oportunidade de trabalho. Já tinha formação na área de gestão e a ex-diretora, entre outras pessoas, me incentivaram.
Wink – Quais os principais valores usados no trabalho do Colégio Sinodal Gustavo Adolfo?
Wiethölter – É um conjunto de escolas luteranas, são mais de 50 instituições no país e cerca de 100 escolas. O GA no São Cristóvão e a nova unidade dentro da Univates trazem esse propósito de que não conseguimos nos desenvolver sem olhar para o coletivo e por isso a necessidade de conviver. Por muito tempo as escolas trabalhavam para que o aluno apenas se formasse, do nosso ponto de vista é preciso entender que as crianças são o presente e a curiosidade delas nos faz ser cada vez melhor.
Wink – Como desenvolver o exercício da curiosidade?
Wiethölter – A pesquisa precisa fazer parte da educação básica também. Antes se falava que isso era algo das universidades, hoje defendemos que onde existe uma escola o local se desenvolve junto. O grande diferencial é não atrapalhar essa curiosidade. Crescemos com muitos “não”. Agora os estudantes já vêm de famílias com uma educação mais libertadora. Convivemos em espaços que nos entusiasmam.