Assim, vamos  DESindustrializar

Opinião

Ardêmio Heineck

Ardêmio Heineck

Empresário e consultor

Assuntos e temas do cotidiano

Assim, vamos DESindustrializar

O Vale do Taquari possui economia diversificada e de destaque. Principal polo estadual de alimentos, segundo polo calçadista e moveleiro, detém, ainda, produção vitivinícola, de fármacos, metalmecânica, suplementos automotivos, dentre outros. Somam-se setores primário e de serviços consistentes.

Mas temos nosso “calcanhar de Aquiles”: a localização no sul do país, que aumenta os custos e reduz a competitividade frente a concorrentes da parte central do Brasil. Some-se a preocupante redução, em curso, de incentivos fiscais estaduais existentes para nossas agroindústrias de alimentos.

Se não sustada, tirar-lhes-á a competitividade, que ainda lhes resta, frente às concorrentes de outros Estados, subsidiadas na origem.Dois fatores vitais neste jogo são logística e políticas públicas estaduais setoriais duradouras.

Quanto à logística, nos anos 70 o Governo Federal nos dotou de complexo hidro-rodo-ferroviário junto ao Porto de Estrela. Por hidrovia e ferrovia dispunhamos de modais importantes para nossa atividade produtiva, barateando insumos e ensejando fretes reduzidos para os produtos acabados.

Tudo, interagindo com malha rodoviária invejável. Estávamos estruturados para sermos competitivos. Só que quedamos, desprovidos de visão de futuro, adentrando realidade preocupante que nos sujeita a desindustrialização gradativa, com a fuga de médios e grandes empreendimentos. Onde falhamos?

Quanto ao intermodal de Estrela, não nos apercebemos quando deveria ter sido transformado em central logística, viabilizando a continuidade da navegação e do transporte ferroviário, seccionados porque inviáveis.

Nas rodovias, vimos sua concessão à iniciativa privada, sem atender as nossas necessidades. Hoje, nosso custo logístico é três vezes superior à média mundial. Como competir com concorrentes nacionais e em mais de cem países para onde exportamos? Quanto às políticas públicas estaduais setoriais, não nos apercebemos da sua importância. Não apoiamos, de forma articulada, os empresários no seu clamor (solitário) devido à sua insuficiência.

Imaginaram a região sem as agroindústrias de leite, suínos e frango que processam um terço da produção estadual, agregam um valor expressivo e irrigam, com dinheiro, milhares de propriedades rurais familiares, em centenas de municípios? E sem outras modalidades industriais, não menos importantes? Esta ameaça está mais próxima do que imaginamos. Quem sabe começamos por uma boa escolha nas próximas eleições? E nos apercebermos, melhor, regionalmente, da premência de ações organizadas?

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