Com as escritas em alemão “aqui descansam os restos mortais do Dr Gusdav Heinrich Von Webel”, lápide localizada às margens da ERS-129 causa curiosidade aos que passam na via. O túmulo fica na entrada da Linha Roncador e geralmente é bem cuidado pelos moradores e turistas que visitam o local. A história é do doutor que atuou como “curandeiro” na Revolução Federalista.
Segundo os registros, Gusdav Heinrich Von Webel era um andarilho que ajudava as pessoas feridas em decorrência da revolução. Perto de seu acampamento na beira da estrada, havia um aquartelamento de Maragatos. Os revolucionários o convidaram para seguir viagem e cuidar do grupo. No entanto, para manter a neutralidade e cumprir com seu objetivo de curar as pessoas, negou o convite.
A situação resultou em seu assassinato em 1893. Gildor Bergesch, funcionário público e filho de Herbert Bergesch, autor da obra que conta a história do curandeiro, relata que o enfermeiro, conforme consta no livro, foi assassinado no mato e queimado para que não ajudasse as pessoas que passassem por ele. “Nessa época meu avô tinha uns 10 anos. Ele registrou a história e até hoje passamos ela adiante para que não se perca”, ressalta.
Apesar de não ser nativo da região do Vale do Taquari, o homem tinha origem alemã e ao longo dos anos, alguns familiares surgiram para arrumar a lápide. De acordo com Bergesch, uma das pessoas com vínculo familiar, e que frequentemente levava flores, era do município de Colinas.
O funcionário destaca que os registros sobre a história do enfermeiro são poucos. Embora o túmulo já tenha sido reconstruído, mantê-lo à margem da rodovia é uma forma de preservar a história e a memória do homem que foi considerado mártir. “Se removessem a lápide, essa história ia cair no esquecimento. Temos que levar a história adiante, contar para os filhos, passar de geração em geração. Isso faz parte da história de Colinas”, reforça Bergesch.
Houve uma época em que o túmulo era cercado por metal e havia muito mato em volta. No local, cresceu um pé de Cinamomo, que resultou na quebra da lápide.
De acordo com o secretário de Educação, Edelbert Jasper, o Executivo reconstruiu a cripta há mais ou menos 20 anos. No entanto, não foi percebido que havia uma Estrela de Davi na estrutura original. “Ele era judeu e colocaram uma cruz. Tiveram que arrumar o túmulo mais uma vez. Hoje a Estrela de Davi está no topo dos escritos”.
Moradora da única residência em frente a curiosa lápide, Carina Baumbach afirma que pessoas param quase todos os dias para observar o local. “Além dos moradores vem muitas pessoas de fora, excursões, é considerado um ponto turístico”, relata.
Segundo ela, tanto os moradores, quanto os visitantes, cuidam do local e levam flores. Carina conta que também ajuda na preservação do túmulo, pois é algo que sua avó fazia. “Toda semana ela levava flores naturais”, afirma.
Hoje, os arredores também são cuidados pela administração municipal. A construção de uma estrutura em volta da lápide para criação de um monumento é avaliada pelo Executivo.