Excesso de opinião atrapalha

Opinião

Filipe Faleiro

Filipe Faleiro

Jornalista

Excesso de opinião atrapalha

Costumo dizer para os colegas e repito: opinião demais não serve para nada. Explico. Os achismos da vida afastam o indivíduo do conhecimento. Servem de filtro e ocasionam “pré-conceitos”. É muita gente se posicionando sobre qualquer assunto sem que isso tenha qualquer efeito prático.

Nesta hora, recorro a Friedrich Nietzsche. Ele conceituou o que seria o Übermensch (super homem). Em três obras, o filósofo detalha a meta de esforço individual. Ele acreditava que a elevação da sociedade era uma abstração e que a finalidade da existência está no aperfeiçoamento do sujeito.

Crédito: Reprodução

O que isso tem a ver com opinião? Tudo. Para estar acima da mediocridade, o pensador afirmava ser necessário se despir de qualquer ideia preconcebida, dos julgamento dos outros e de qualquer interesse pessoal. Só assim teria condições de decidir a partir de um parâmetro superior.

Com esse excesso de opiniões, embasadas apenas em visões de mundo restritas. Vejo muito presente aquela síndrome de Gabriela: “eu nasci assim, eu cresci assim, eu sou mesmo assim, vou ser sempre assim”. Ideia limitante e presente no nosso cotidiano, em especial nas redes sociais.

É muito grito, pouco diálogo e nenhuma escuta. Fala-se sobre tudo e com nada de profundidade. Vejo isso e tenho ainda mais convicção: opinião demais atrapalha.


A dúvida como método

René Descartes é outro pensador que se debruçou sobre o funcionamento da razão. Para ele, precisamos limpar a mente de todo preconceito e duvidar de tudo. Só começar a construir as bases de algo a partir da experiência real.

Essas reflexões fazem muito sentido quando abordamos construção do conhecimento, pois são as perguntas que movem a evolução do indivíduo, não as certezas.


Caminho da ciência

Crédito: Arquivo/ A Hora

Neste papo filosófico, temos um exemplo muito positivo na nossa região. O Estrelas do Conhecimento nos traz esperança. Visitei escolas, conversei com professores e alunos. Essa geração vem com tudo.

Para o público, reforço: façam como Descartes ensinou. Para conhecer é preciso vivenciar. Até sábado temos a oportunidade de ir até o Porto de Estrela e ter essa experiência. Vá sem filtros.


Perguntar ofende?

As entrevistas no Jornal Nacional com os candidatos à presidência da República reforçaram aquela ideia de que discutimos política como torcemos para clubes de futebol. Na primeira programação, nessa segunda, foi com Jair Bolsonaro (PL). E na terça foi com Ciro Gomes (PDT)

Do ponto de vista técnico, gostei do roteiro das entrevistas. No caso do candidato à reeleição, os temas abordados tiveram um amplo trabalho de produção, pois foi preciso estabelecer relação com falas do passado e abrir espaço à perspectiva caso reeleito. Isso sem contar o embate Bonner e Bolsonaro, de tantas rusgas ao longo dos anos.

Penso que houve alguns excessos. A primeira pergunta muito longa, as vezes misturadas com opinião. O âncora do JN também deixou transparecer algumas expressões que fugiram um pouco do tom. Sorrisos irônicos, se atirar para trás na cadeira. Já a Renata Vasconcellos foi incisiva quando precisou e manteve-se séria. Gostei.

Por parte do candidato Bolsonaro, direcionou as respostas para o público mais engajado. Ali foi aplaudido. Ainda assim, se mostrava incomodado. Deixou no ar a questão sobre os resultados da eleição.

Aceita, “desde que forem limpas”, disse. O que isso significa? Também não deu resposta convincente sobre suspeita de corrupção no Ministério da Educação.

Indiferente do que dizem as torcidas políticas organizadas, em uma entrevista não há vencedores ou vencidos. O importante é que haja condições àquele eleitor indeciso ter mais elementos de escolha.

Por sinal, hoje é a vez do Lula. Será que a esquerda também vai dizer que o verdadeiro inimigo do Brasil é o Bonner? Sem dúvida será uma entrevista dura, no mesmo tom que foi com Bolsonaro. Aposto.

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