Em plena campanha, os 21 candidatos da região já estão registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e aguardam a homologação final. Juntos, eles somam um patrimônio de R$ 12,7 milhões em bens declarados. O levantamento foi feito a partir de dados do sistema online DivulgaCandContas.
Dos 16 postulantes à Assembleia Legislativa, três não declararam nenhum bem em seu nome, enquanto dos cinco concorrentes à Câmara dos Deputados, apenas um não listou bens à Justiça Eleitoral. Mesmo após o registro no sistema, os candidatos podem alterar o valor do patrimônio.
Entre os representantes regionais, o maior patrimônio é de Ricardo Wagner (PTB), que concorre a deputado federal. Empresário e com forte ligação às igrejas apostólicas no país, o político com domicílio eleitoral em Teutônia declarou R$ 5,7 milhões em bens, segundo o TSE.
O valor representa quase 45% de todos os bens somados dos candidatos do Vale. Na lista de bens declarados por Wagner até o momento, há terras nuas (imóveis rurais sem equipamentos ou construções), quotas de capital, veículo, casa e depósitos bancários.
Nesta eleição, por conta da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), as informações estão mais restritas do que nos pleitos anteriores. Por exemplo, não é possível ter acesso ao ano e modelo do veículo do candidato, nem as cidades onde estão situados imóveis e terrenos.
A declaração de bens tem funções importantes. Se um candidato não declarar bens, por exemplo, ele não pode doar dinheiro à própria campanha. Também é uma forma de promover mais transparência às candidaturas e permite aos cidadãos acompanharem a evolução do patrimônio de cada um.
Mais declarações
Outros dois candidatos da região apresentam patrimônios milionários. Advogada e vice-prefeita de Lajeado, Gláucia Schumacher concorre a deputada estadual pelo PP e declarou R$ 2,4 milhões em bens, maior montante entre os postulantes ao parlamento gaúcho com domicílio eleitoral no Vale.
Também candidato pelo PP, o empresário e ex-vice-prefeito de Taquari, Adroaldo Couto aparece na sequência, com R$ 1,7 milhão em bens declarados. Ele é conhecido por deter a concessão da balsa que liga o município a General Câmara, no Vale do Rio Pardo.
Depois, aparecem os candidatos com patrimônios acima dos R$ 100 mil: Márcia Scherer (MDB), Leonardo Stephan (União Brasil), Maneco Hassen (PT), Vigilante Reginaldo Morais (Republicanos), Douglas Sandri (Novo), José Alves (Podemos) e José Scorsatto (PDT).
Por outro lado, Enio Bacci (União Brasil), Bira do Ônibus (Podemos), Deja Já (PSD) e Rodrigo Conte (PSB) não declararam bens à Justiça Eleitoral.
Panorama no país e no RS
Dados do TSE mostram que o país tem um candidato bilionário, 12% de milionários e 38% sem nenhum patrimônio declarado. Marcos Ermínio de Moraes (PSDB), que concorre à segunda suplência de senador em Goiás, tem o maior patrimônio no país: R$ 1,3 bilhão.
Entre os partidos, o Novo é o que apresenta maior quantidade de milionários entre os candidatos (26,62%), seguido por PSD (20,84%), PP (20,11%), União Brasil (19,84%) e PL (19,71%). Na outra ponta, o PCB é o único partido sem candidatos com patrimônio declarado acima de R$ 1 milhão.
Na disputa ao Planalto, o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) declarou patrimônio de R$ 2,3 milhões, enquanto o ex-presidente Lula (PT) informou R$ 7,4 milhões em bens. Ciro Gomes (PDT) declarou R$ 3 milhões e Simone Tebet (MDB), R$ 2,3 milhões.
Já na corrida ao Palácio Piratini, o ex-governador Eduardo Leite (PSDB) informou R$ 281,3 mil em bens e Onyx Lorenzoni (PL) declarou R$ 981,7 mil. O patrimônio de Edegar Pretto (PT) é de R$ 666,4 mil, e o de Luis Carlos Heinze (PP), R$ 8,2 milhões.
Prestação de contas
O DivulgaCandContas também permite que a sociedade fiscalize arrecadações e os gastos de campanha por meio da prestação de contas dos candidatos e partidos políticos. Todos os valores recebidos e gastos pelos candidatos na campanha ficam disponíveis online. Esses dados são disponibilizados à medida que os recursos são declarados no sistema.
Os responsáveis pelas campanhas devem atualizar as informações a cada 72 horas, contadas a partir do recebimento da doação. Até o fechamento desta reportagem, entre os candidatos da região, apenas Maneco Hassen (PT) e Douglas Sandri (Novo) prestaram contas de receitas recebidas.
O ex-prefeito de Taquari doou R$ 20 mil à própria campanha. Já o ex-secretário de Desenvolvimento Econômico de Lajeado recebeu doação de pessoa física no valor de R$ 25 mil e utilizou R$ 7 mil para contratação de impulsionamento de conteúdo na internet.
Conforme cálculo feito pela reportagem, a partir de dados disponibilizados pelo TSE, o limite total de gastos dos candidatos da região é de R$ 20,3 milhões.