Cada vez que começo uma apuração histórica, de algum acontecimento do passado que marcou a cidade ou a região, isso é como uma viagem no tempo. Nasci em Lajeado, e minha família tem grandes lembranças de quando o centro histórico beirava o rio, e a vida noturna, o cinema e os bares ficavam próximos da Praça da Matriz.
Eu tenho vagas memórias de sentar nessa mesma praça pra comer cachorro quente depois da missa de domingo. Mas, em geral, minha vida na cidade pouco aconteceu por ali. Mesmo assim, quando ouço essas histórias, sinto reviver uma parte desse povo. E isso me faz mais pertencente daqui.
Pode ser impressão minha, mas a modernidade das cidades, às vezes, nos faz perder um pouco daquilo que ela foi, dos registros de quem por aqui passou, e da vida que ela carregava. Sinto como se sua identidade permanecesse no passado, enquanto tudo ao seu redor se desenvolveu.
E, nessas mudanças, quem chegou depois, pode se sentir um pouco perdido por aqui, ou não encontrar motivos pra ficar. Entender a história de um povo é cultura. E essa cultura está dentro dos museus, das prefeituras e das casas antigas que ainda estão de pé. Ela está na geração mais experiente que lembra desse tempo de cabeça, e pelas fotos guardadas no armário de casa.
Talvez a falta de acesso a ela pode ser um problema. Mas, se faz tanto sentido assim reviver esse passado por meio das recordações, talvez faça sentido tornar a história cada vez mais pública. Para que tudo isso faça sentido para quem viveu naquele tempo, mas também para quem vive o presente.
Um dia, o que conhecemos hoje também será história, e cabe a gente preservar os caminhos pelos quais nossos familiares passaram, para manter viva essa identidade para os jovens que vem depois.
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