A notícia correu aquele rincão gaúcho. Uma comunidade de fumicultores, em que todos se conhecem. O Bombachudo foi assaltado, era o que todos diziam. Homem muito conhecido nas redondezas. Fazia prosa e verso rimado.
Sempre pilchado e de chapéu tapeado. Tinha a pele parda, bugre, como chamavam. O único dessa estirpe em meio a tantos de pele clara, cabelos loiros e com sobrenomes cheios de consoantes. Na segunda-feira, dia posterior ao suposto crime, a professora Júlia, diretora da escola daquela localidade, percebeu que Ruan, filho da vítima, estava muito abalado e o chamou para conversar. No relato, descobriu detalhes.
Após o almoço de domingo, Bombachudo foi até o Bolicho do Adão jogar um carteado e tomar um vinho açucarado. Morava em uma chácara com a mulher e o casal de filhos. A área era pequena, criava algumas galinhas, tinha uma horta. Só para subsistência mesmo. O ganha pão vinha do trabalho nas lavouras próximas.
Percorreu a distância de quatro quilômetros entre a casa e o bar a pé. Tinha recebido há poucos dias. “Estou com quatro mil reais na guaiaca e vou jogar a dinheiro”, anunciou quando chegou. Jogou, bebeu e cantou marra. “Hoje eu tô com tudo”.
Assim que o sol começou a baixar, resolveu voltar. Viu ao longe um motociclista se aproximar. Pensou: “um vivente para me dar uma carona.” O piloto parou do lado e… nocaute. Um soco violento derrubou o gaúcho. Viu estrelas e foram-se os quatro mil.
Após ouvir o relato do menino, a diretora pergunta o que todos queriam saber. Afinal, o Bombachudo não viu quem era? “Não, mas meu pai vai pegar o cara. Ele tem uma pista”. A nova informação trouxe expectativa. “É mesmo? Qual é?”, replica a professora. O filho olha sério e diz: “o ladrão era canhoto.”
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Matias Moura A Plateia/Divulgação
Humor farto e sem miséria
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Divulgação
Amanhã faz uma semana que nos despedimos de Jô Soares. Sou de uma geração que tinha o programa dele como referência. Peguei os episódios finais de Viva o Gordo em 1987.
Era muito pequeno para entender. Ainda assim, lembro de ver meu pai e minha mãe rindo. Aquele ambiente era um evento importante pra mim.
Era comum me esconder para ver o Jô Onze e Meia no SBT. Depois, entre a adolescência e o início da fase adulta, já na Rede Globo, acompanhava com rigor. Foi em uma noite entre o Jornal da Globo e o Programa do Jô que decidi ser jornalista. Tinha 15 anos.
A comédia tem poder. Transforma a realidade, por vezes monótona, seca e sem sabor. Basta um riso farto, uma história exagerada e o tempero da ironia para dar sentido às nossas experiências. Coloca os homens em seus devidos lugares, afinal vamos todos para o mesmo lugar.
Como o dramaturgo Molière sentenciou: “não existe tirania que resista a gargalhadas que lhe deem três voltas em torno.” Jô nos mostrou que o melhor do brasileiro é o humor. Beijo do gordo.
Um mês de Alfabeletrando
O lapso provocado pela pandemia dificultou o ensino, em especial para os alunos na fase de alfabetização. Em
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UNIVATES/Divulgação
Lajeado, a parceria entre Univates e governo municipal começa a dar resultados. Bastou um mês de atividades.
No PENSE dessa terça, a coordenadora pedagógica da escola São João, Géssica Favaretto, detalhou alguns dos impactos do reforço. Crianças entre o 2º e o 4º ano, com dificuldades na escrita e na leitura descobrem o mundo das palavras.
Saber ler, entender e interpretar repercute em todas as etapas do aprendizado. O futuro começa ali.