Talvez esta seja a palavra que eu mais tenha ouvido nos últimos tempos: Oportunidade. Tanto se fala que o Vale do Taquari é um Vale de Oportunidades. Nosso Vale está em franco crescimento turístico, todos dizem a todo momento. Será?
A pujança da nossa região é visível: Somos um polo de indústria diversificada (calçados, alimentos, cosméticos, dentre tantos outros). Setor primário é absurdamente forte e tecnologicamente desenvolvido. Serviços e comércio por todos os lados. E agora, o turismo desponta como uma grande engrenagem econômica da nossa região. Mas será que é possível quantificar, medir ou aferir quanto de riqueza o turismo vai gerar ou trazer para nossa região?
A tão proferida “indústria sem chaminés” (termo que grosseiro e raso, mas não entrarei nesse debate hoje), está aí, criando asas e trazendo movimentações interessantes para nossas cidades. Se alguém disser que está entendendo o que está acontecendo, que tem clareza dos movimentos que ocorrem, com certeza esta pessoa não entendeu absolutamente nada.
O Turismo tem o poder de transformar, para o bem e para o mal, uma cidade ou região. Explico: a exploração turística descontrolada cria problemas tão grandes, que se tornam impossíveis de serem solucionados no futuro. Balneário Camboriú explorou toda faixa de areia da praia. O mar tomou de volta o seu espaço. Precisaram “reconstruir” a faixa de areia, pois não havia mais praia. Agora vieram os tubarões.
O esgoto de Balneário é impossível de ser tratado. Seria necessário derrubar metade da cidade para poder implementar um sistema de tratamento eficiente. Isso é desenvolvimento? Até quando a cidade comportará isso? Já conversou com as pessoas que vivem lá?
Fora da temporada, problemas com infraestrutura básica. Durante a temporada, a cidade tranca, literalmente. E isso não é só em Balneário Camboriú, cidade linda, que eu adoro e tenho grandes amigos. Há centenas de cidades com esses problemas. Falta de planejamento. Mas temos também os bons exemplos: Bonito, no MS, sofreu um “boom” na década de 90.
O poder público da cidade agiu rápido e tomou decisões difíceis e duras na época. Acusavam os governantes de frear o desenvolvimento. Afinal, era hora de aproveitar o momento e explorar ao máximo, tudo que fosse possível.
Ocorre que o ecossistema de lá é tão frágil quando lindo. Se fosse uma exploração desenfreada, hoje não haveria mais uma gruta intacta, e talvez mais nenhum rio de água cristalina. Atualmente, todos concordam que as atitudes duras no passado, preservaram a natureza e mantém o turismo vivo até hoje. E a cidade se desenvolveu também, tornando-se um dos principais destinos do Brasil e do mundo.
O que queremos para nossas cidades? Nossos governantes estão atentos a isso? Não se faz desenvolvimento sustentável sem planejamento. E planejamento não é coisa que se faz em gabinete. O debate é fundamental, mas quem tem a caneta na mão é quem pode ditar as regras e dar a direção correta.
Eu quero um Vale bom para meus filhos! Desenvolvido sim, mas do jeito certo.