A pergunta é simples. Mas cada vez mais me parece que a busca desta resposta não tem merecido a reflexão necessária pela parte interessada, o investidor. Sem esta análise, o dono do dinheiro pode perder oportunidades, correr riscos desnecessários ou, mesmo, destruir seu patrimônio.
Até o momento em que o valor financeiro disponível ao investidor está em seu poder, seja em espécie ou depositado em sua conta corrente, a liberdade em poder decidir o que fazer com este valor monetário é do dono do dinheiro. É um recurso em condições de gerar algum investimento.
Sem considerarmos montante, risco, tempo de aplicação ou retorno esperado, vamos chamar este valor de “principal”. O grau do desejo ou da necessidade de proteger este principal é que diferencia os principais perfis de investidores financeiros.
Pessoas com perfil “conservador” tendem a buscar a segurança e a proteção deste principal. Querem rendimentos (juros) que ofereçam previsibilidade e disponibilidade, uma vez que este perfil não gosta de correr riscos. Exemplos de investimento para este perfil são a caderneta de poupança e os títulos de renda fixa.
Este tipo de investimento nem sempre acompanha a inflação oficial, mas este perfil prefere proteger o valor do principal para qualquer necessidade, e a qualquer tempo. Mais importante do que o ganho com a aplicação é a proteção do valor principal. Identificar-se como um investidor conservador – e escolher no mercado opções de investimento alinhadas a este perfil – podem evitar muita dor de cabeça.
Já os perfis “moderado” e “agressivo” se caracterizam por uma maior concessão ao risco, o que será percebido tanto na remuneração do principal como na correção do valor (juros). Enquanto o perfil moderado mantém mais da metade do principal em investimentos com perfil conservador e arrisca mais na outra metade, o agressivo se dispõe a correr muito mais riscos com todo o principal, buscando retornos ao longo do tempo.
O agressivo deve poder suportar a volatilidade do mercado e as oscilações nos rendimentos, tanto sobre o valor do principal como nos juros, por anos e anos. Na sua estratégia de investimento, estes valores não serão necessários ao longo do tempo, mas há sempre o risco de perder todo o principal investido.
Um exemplo de aplicação para perfil agressivo é o da renda variável, também conhecido como investimento em ações de empresas ou Bolsa de Valores. A estratégia do investidor agressivo é que, ao longo do tempo, as ações das empresas investidas se valorizem e os rendimentos auferidos ao longo dos períodos sejam maiores do que no perfil conservador ou moderado.
Como saber se você é conservador, moderado ou agressivo? Pensando sobre seu modo de agir, trabalhar, poupar, gastar e, ao fim das contas, sobre o quanto você pode e está disposto a arriscar. O mais importante: esta resposta deve ser do dono do dinheiro – e não vir pronta de quem oferta serviços financeiros. O investidor precisa se conhecer, saber o que significa definir o seu perfil financeiro e entender o que está em jogo nesta definição. É uma resposta que não pode ser terceirizada.
Recente pesquisa divulgada pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) estimou que 72% dos brasileiros desconhecem as soluções financeiras disponíveis no mercado para investimentos. Sem saber o que o mercado oferece para perfis conservadores, moderados ou agressivos, as chances de tomar uma decisão equivocada em relação ao seu próprio dinheiro aumentam.
E isso pode resultar em um retorno indesejável – e às vezes irreversível – sobre a escolha do produto financeiro em que foi investido o valor monetário principal. Lembre-se: quem define o perfil financeiro é o próprio investidor – o dono do dinheiro. Não deixe esta decisão para os outros.