Messianismo é a crença de que virá um salvador, preferencialmente escolhido e ungido por um ser divino, e implantará um reino de paz, ordem e prosperidade. No mundo atual, é possível ver isso em alguns países islâmicos.
No ocidente, a revolução francesa trouxe a laicidade para o mundo moderno e limitou a religiosidade ao âmbito privado de cada um. Essa mudança, embora desejável, deixa de fora muitos dos elementos místicos e religiosos que por vezes se associam aos líderes, e queiramos ou não, muitas vezes as massas procuram por esses elementos nos candidatos. É o que chamamos de messianismo político.
É com esse fenômeno que mais uma vez o país se confrontará em outubro próximo, mas, antes de seguir, voltemos à filosofia que há séculos, na antiga Grécia, já diferenciou o discurso mítico do discurso logicamente articulado ou logos. Desde então a vitória política significa convencer a maioria pela articulação lógica das ideias.
Freud, bem mais tarde, sugere abolir o discurso mítico e buscar no discurso científico, cheio de dúvidas e limites, o crescimento, inclusive espiritual do ser humano. Como sabemos, o judeu Freud acabou engolido por um desses messianismos modernos, o nazismo.
O mesmo Freud ficaria inquieto se visse o quanto, durante a pandemia, as crenças totalitárias, o messianismo e a ciência andaram de mãos dadas em muitos momentos.
Mas voltemos ao Brasil, que a 70 dias do pleito assiste ao confronto de duas forças messiânicas. Esqueçam terceira via. De um lado estará Lula, e do outro, Bolsonaro; e um deles nos governará. A estridência dos argumentos que cada lado usa já nos permite ver que estamos muito mais próximos da emoção que da razão, da crença que do conhecimento.
Do lado do ex-presidente, encontramos palavras de cunho místico, como xiitas e lulopetismo, essa última uma entidade imaginária que coloca no mesmo plano o homem e o partido. Segundo a narrativa petista, Lula é o injustiçado a quem finalmente se fez justiça e que virá agora concluir sua obra transformado que foi pelo sofrimento. Para concluir sua missão, enfrentará alguém que é associado no imaginário desse grupo ao ódio por minorias e ao militarismo.
Já aos simpatizantes do atual presidente, foi dado o nome de bolsonaristas. Para muitos destes, a alcunha do seu líder é “Mito”, algo que pressupõe poderes ou atitudes extraordinárias, assim como alguém que está acima dos partidos. Na narrativa desse grupo, o capitão sobreviveu a um atentado a faca e luta contra poderes obscuros personificados em figuras que usam capas pretas e que se comportam como tentáculos malignos de seu inimigo número 1, o comunismo e sua vertente lulopetista.
Não há como mudar o que já está posto, o que é uma pena pois, enquanto continuarmos presos aos líderes messiânicos e seus discursos míticos, continuaremos andando em círculos. Quem enxerga mais adiante, por certo, já percebeu que o Bolsonarismo e o Lulopetismo, apesar das suas aparentes diferenças, bebem da mesma fonte
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