Peguei o carro da redação pouco depois das 13h, e uma das entrevistadas desta edição, uma estudante jovem, de cabelos curtos e lisos já me esperava. Como íamos para a mesma direção, ofereci carona, e ela aceitou. Com o gravador ligado, a entrevista já começou na primeira sinaleira em que paramos.
A conversa durou pouco mais de 10 minutos, mas aquela menina já me deixou à vontade o suficiente para eu contar onde estudei e há quanto tempo trabalhava no jornal. Do outro lado, ela me contou do país natal, das poucas visitas da família e da irmã mais velha que parece mais nova do que ela.
Nada daquilo eu escreveria, não precisava, mas acho que, no fim das contas, eu não estava ali apenas como repórter. Ela queria me contar, e eu queria ouvir. Depois da entrevista e das fotos feitas, ajudei a desmontar o cenário e guardar as roupas e decidi com ela um bom lugar para almoçar.
Ela voltou no carro comigo e, no meio do caminho disse: “te achei muito querida, foi um prazer”. Essa era a mesma percepção que tive dela, e retribui as palavras gentis. Quando me despedi e nos separamos, ela ainda disse que quando eu quisesse visitar algum brechó pela cidade era só chamá-la, porque ela também gostaria de ir.
Por causa de pessoas como ela, sempre gostei de sair da redação e conhecer as pessoas por trás da notícia. Conhecer aquele sorriso da foto enviada pelo celular. Nem sempre a rotina permite, mas quando sim, posso garantir que alguma coisa nova a gente aprende pelo caminho. Ou, no mínimo, não volta pra redação de mãos vazias.
Na reportagem, cada um está de um lado do jornal. O entrevistado e o entrevistador. Mas, ao mesmo tempo, é uma troca justa. Um precisa do outro. Essa relação é curiosa. Porque quando a gente sai, nunca se sabe o que pode encontrar na rua. Tem vezes em que é um banho de chuva, em outras, fazemos amigos. Por sorte, tenho encontrado boas pessoas por aí.
Boa leitura!
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