Em 2017, durante o Festival de Publicidade de Gramado, um dos palestrantes foi no alvo: “mantenham corpo e mente sã. O futuro será dos que dominam a tecnologia, e não dos dominados por ela”.
Lá se vão cinco anos. A frase nunca saiu da minha cabeça. É atual, e repito-a a amigos, familiares e conhecidos, tentando alertar sobre os riscos na era digital. Para muitos soa tolice, com reações quase sempre simplistas, do tipo: o mundo inteiro caminha para o digital, quem não focar nisso tá fora.
Sim, o mundo é digital; pessoas fazem negócios mais rápido, se comunicam melhor; ganhamos tempo e dinheiro pelo digital e alguns fazem até “sexo” pelo celular.
Usar a tecnologia para o nosso conforto e comodidade é ótimo. O problema é nossa falta de limites. Ignoramos um perigo silencioso e não percebemos. O mundo é digital, mas o ser humano não é só isso.
Estudos aprofundados de Neurociência revelam danos, perdas e ameaças que o uso excessivo das telas, em especial, a do celular, causa ao nosso corpo e cérebro, especialmente, em crianças. O dano maior é na capacidade de aprender e memorizar.
Segundo o neurocirurgião caxiense, Marcelo Roxo, em seu canal meufluxo.com, “existe uma epidemia de pessoas que se dizem esquecidas, inclusive, jovens. Não se trata de retensão, mas da falta de atenção. As pessoas têm mania de serem multitarefas, se distraem e não focam no específico”.
Quanto mais hiperconectados, mais dispersos e ansiosos ficamos. O cérebro, ao ser bombardeado com tantas informações, não consolida-as em conhecimento.
Memorizar é uma questão de treino, processo e foco. Para sedimentar um aprendizado, é preciso internalizar e compreender o conteúdo. Sem concentrar, o cérebro absorve pouco ou nada.
É por isso que especialistas recomendam a leitura de livro em papel. Ou, quando lemos na tela, usemos caneta e papel para, simultaneamente, escrever um resumo. Ao escrever ou ler no papel, conseguimos aprender, reter e memorizar até seis vezes mais.
Cérebro funciona como um músculo. Precisa ser exercitado, com disciplina, método e foco. O Google resolve na hora, mas debilita nossa memória e criatividade, deixando o cérebro preguiçoso, preferindo o descarte.
Afora a perda de memória e do conhecimento sedimentado, a dispersão cerebral leva a ansiedade e, por último, prejudica nossa saúde física e mental. Síndrome do vazio, depressão, indiferença e por aí vai. Doenças cada vez mais presentes.
Faça o teste. Adote os diferentes modelos acima mencionados. Mas faça corretamente, sem autossabotagem. Talvez notará algo diferente na sua vida ou nos seus negócios.
Boa terça-feira!