Contribuir com a região para qual o veículo atua vai além de relatar os fatos. Para o A Hora, movimentos de valorização e de reconhecimento aos atores locais são necessários e fundamentais tanto para a sociedade quanto para instituições.
Diante deste contexto, o segmento do ensino, da educação e da formação profissional merece atenção constante nas diferentes plataformas do grupo. Além das notícias e reportagens sobre condições das escolas, desenvolvimento de iniciativas voltadas à conscientização dos estudantes e da comunidade, dois projetos ampliam o leque de atuação do veículo.
Um dos exemplos desse envolvimento é o PENSE (Programa do Ensino e da Educação). Enaltecer o papel do mestre é uma parte do processo e uma das missões da iniciativa. Priorizar a educação não pode ficar só no discurso. A valorização dos professores começa por cada um, no apreço pelo ensino, no constante envolvimento com o aprendizado e no clamor popular por mais qualidade na educação.
“A imprensa ter um olhar voltado para o desenvolvimento regional é imprescindível. Evidencia que está atenta às questões mais emergentes, aos anseios da comunidade, podendo identificar os aspectos positivos, mas também as necessidades de melhoria na região”, afirma a doutora em Linguística Aplicada e diretora-geral do IFSul Lajeado, Cláudia Redecker Schwabe.
Na avaliação dela, iniciativas como o PENSE são fundamentais para dar visibilidade à educação, voz aos professores e às instituições de ensino. “Permite que a sociedade consiga acessar mais informações e conhecimento. O projeto é um aliado para que os indivíduos conheçam e, consequentemente, possam buscar seu desenvolvimento individual que, por sua vez, repercute no coletivo.”
Para ela, o PENSE pode ser a ponte para que a comunidade conheça as muitas ofertas da área da educação na região. “Ter uma instituição federal, de qualidade e gratuita no Vale do Taquari, por exemplo, é uma informação que precisa chegar a todos. Sintonia entre veículo de comunicação e instituição de ensino traz benefício a todos.”
Conheça o PENSE
O Programa do Ensino e da Educação (PENSE) surgiu em 2018 com o propósito de valorizar os professores e as iniciativas desenvolvidas nas escolas. Por meio de um concurso cultural, se distribuiu mais de R$ 150 mil em bolsas de ensino, cursos, materiais didáticos e intercâmbio tanto para colégios, mestres e também para alunos. Entre 2018 e 19, as nuances do programa eram apresentadas em um caderno especial.
Em 2020, se tornou uma programação da Rádio A Hora. O PENSE virou semanal, voltado à debater projetos educacionais, modelos pedagógicos, a realidade das escolas, bem como em interpretar e projetar a relação entre conhecimento e formação profissional. A partir deste mês, o programa será ao vivo em todas as terças-feiras, das 19h às 20h.
Equilíbrio na formação do ser e no preparo para o trabalho
Gerente do Senai no Vale do Taquari, Jerry Amarildo Hibner, parte de uma avaliação similar a da professora Cláudia. De acordo com ele, no assunto educação, a relevância de um veículo vai além de acompanhar os acontecimentos nas instituições de ensino. Passa por ser propositivo e debater possíveis soluções para dificuldades vividas na região.
“Esse trabalho de curadoria da informação, de análise e busca de alternativas é fundamental pois consegue, de forma organizada e estruturada, levar conhecimento à sociedade”, diz. Para Hibner, por meio da cobertura jornalística séria, profissional e de qualidade, é possível fazer com que as pessoas pensem sobre os fenômenos sociais e os principais assuntos da atualidade.
A partir deste ponto de vista, destaca a pesquisa RUMO – O futuro da mão de obra da região. O estudo ouviu estudantes dos últimos anos do Ensino Médio e empresas com o objetivo de traçar as carências de profissionais e as áreas de interesses dos jovens para o mercado.
Quais as perspectivas dos estudantes em relação ao mercado de trabalho? O que as empresas esperam dos jovens que iniciam a vida profissional? Quais são as carreiras mais promissoras? O modelo de gestão das organizações está no caminho certo? Estas foram algumas das perguntas presentes no diagnóstico.
“A pesquisa RUMO tem o poder de contribuir com as decisões em relação ao trabalho nos dois lados. O empregador para onde buscar o profissional e àquele que ingressa em alguma atividade para conhecer onde estão as oportunidades”, acredita Hibner.
Na análise dele, o estudo também demonstrou que há expectativas desalinhadas entre esses dois grupos. Neste aspecto, acredita Hibner, o RUMO conseguiu estabelecer conexões e aspectos que podem melhorar.
Detalhes do RUMO
A pesquisa Rumo – o futuro da mão de obra na região – entrevistou empresários e estudantes para saber quais as áreas com mais carência de profissionais e quais os interesses dos jovens para o futuro.
Foi o maior estudo já feito no Vale do Taquari sobre o mercado de trabalho. A apresentação dos resultados foi no dia 2 de maio, no teatro do Colégio Evangélico Alberto Torres. Mais de 600 estudantes do Ensino Médio e 206 empresas nas cidades de Lajeado, Encantado, Estrela, Arroio do Meio, Taquari e Teutônia, foram ouvidos no estudo. No levantamento de dados com os estudantes foram apontados o perfil pessoal, o uso da internet e redes sociais e qualidades e dificuldades na busca por emprego.
Com as empresas, a pesquisa apurou o perfil do empresário e da organização, política de remuneração e, treinamento e incentivo ao treinamento do funcionário. Ainda apresentou o sistema de seleção, as deficiências encontradas nos candidatos, dificuldades para preencher vagas e informações que costumam buscar a respeito das pessoas que buscam emprego. A rotatividade e a motivação dos desligamentos também constam no levantamento.
O diagnóstico RUMO é uma realização do Grupo A Hora e do governo de Lajeado, com apoio da Associação Comercial e Industrial de Lajeado (Acil). O patrocínio é do Colégio Evangélico Alberto Torres (Ceat), Univates, Cooperativa Sicredi, Britagem Cascalheira, Univates, Rhodoss Implementos Rodoviários, Metalúrgica Hassmann, Diamond Construtora, Dale Carnegie e Plano Digital.
ENTREVISTA – Ney Lazzari, economista, professor e presidente da Fuvates
Ex-reitor da Univates, professor, economista e atual presidente da Fuvates, Ney Lazzari, teve um papel importante na consolidação do conceito de região para o Vale do Taquari. Em meados da década de 1990, foi o presidente do Conselho Regional de Desenvolvimento (Codevat), onde se aprofundou o conhecimento sobre potenciais produtivos da região.
A Hora – Por que um veículo de comunicação é importante?
Ney Lazzari – As pessoas e as sociedades modernas precisam ter acesso aos fatos e informações o mais próximo da verdade possível para que possam, em primeiro lugar, saberem do que está ocorrendo, em segundo lugar, com base nessas informações, terem as suas próprias opiniões e posicionamentos e, em terceiro lugar, terem participação efetiva e ações concretas na sociedade. Quanto mais complexa e mais democrática for à sociedade, mais informações e conhecimentos são demandados pelas pessoas para que possam, livremente, ter opiniões próprias e tomarem decisões conscientes.
– Quando se olha para a região, para uma atuação localizada. Qual é o papel da imprensa?
Lazzari – Neste contexto, um veículo de comunicação local, com tradição e com verdadeiras preocupações voltadas para o bem da sociedade, tem um papel extremamente relevante. Além de buscar traduzir os grandes movimentos nacionais e internacionais, esses veículos têm que repercutir e dar voz às questões de impacto local e regional.
O dia a dia das pessoas se dá no espaço local que também é impactado pelos grandes movimentos que ocorrem em outros espaços. Veja-se, neste momento, o impacto de uma guerra nos preços da gasolina: vou caminhar mais na minha cidade, com todas as implicações que isso tem, devido a uma guerra que está acontecendo a 12 mil quilômetros de distância.
Um veículo de comunicação pode ser uma verdadeira liga entre os diferentes atores da sociedade, que aproxima e dá consistência para que determinados projetos ou grandes metas sejam compartilhados, compreendidos e defendidos por todos.
O papel da imprensa em uma sociedade moderna é o de ajudar a superar a ignorância, o atraso e de buscar a essência e a verdade dos fatos, mesmo que para isso tenha que se contrapor a crendices, visões distorcidas ou notícias falsas, sejam propositais ou não.
– Sobre conhecimento, ensino e formação profissional. Como é possível contribuir para a tomada de decisões das empresas, estudantes e instituições de ensino?
Lazzari – Um exemplo de contribuição de um veículo de comunicação para com a sua comunidade pode ser vista, por exemplo, na pesquisa RUMO, sobre a formação da mão de obra no Vale do Taquari. Esse trabalho se propôs a discutir e buscar as razões mais profundas dessa problemática que envolve uma questão essencial em nossa sociedade: o descompasso entre o modelo de educação formal, sua relação com os jovens e com o mercado de trabalho.
Dessa forma, em um trabalho dessa envergadura, o veículo de comunicação não se contenta em ficar em uma discussão rasa ou simplista, nem em um amontoado de achismos ou opiniões, Mas, com base em dados, tenta buscar as verdadeiras raízes da questão e apontar possíveis e mais viáveis alternativas à superação dessa deficiência. Para questão complexas não há respostas prontas e fáceis.
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