Turbulência na Amvat ameaça unidade regional

CRISE POLÍTICA

Turbulência na Amvat ameaça unidade regional

Dos 18 municípios da microrregião de Encantado, 11 associados confirmaram a saída. Principais consequências serão na representação local junto à Famurs

Turbulência na Amvat ameaça unidade regional
Assembleia extraordinária ocorreu na noite de ontem, no Auditório Brasil, na prefeitura de Encantado (Foto: Henrique Pedersini)
Vale do Taquari

As diferentes opiniões quanto ao modelo de concessões das rodovias racha uma das mais antigas organizações regionais. Em assembleia no fim da tarde de ontem, prefeitos do Grupo dos 18 (municípios da parte alta, na microrregião de Encantado) votaram pela saída da Associação dos Municípios do Vale do Taquari (Amvat).

Deste total de cidades, 13 fazem parte da entidade dos prefeitos da região. Na votação, 11 decidiram pela saída. Apenas Capitão e Itapuca defenderam a continuidade na organização. A Amvat foi fundada em novembro de 1961 em Encantado.

Nestes mais de 60 anos de história, nunca houve uma saída em massa como a aprovada pelo G-18. As relações entre os gestores e a associação estavam fragilizadas desde a apresentação da versão com as mudanças, apresentada no fim do ano passado.

Conforme o presidente, o prefeito de Anta Gorda, Francisco Frighetto, a gota d’água foi nesse sábado, com a ausência da associação nos protestos em Encantado e Cruzeiro do Sul. “Não temos a atenção necessária.

Quando precisamos de algum apoio, da presença, não conseguimos. Há um descontentamento muito grande dos prefeitos.” De acordo com ele, o tratamento à região alta é diferente para os municípios da parte central. “Não nos sentimos representados.”

“Não tem mais conversa. Vínhamos faz tempo alertando para isso. A Amvat não abraçou as nossas demandas”, afirma o prefeito de Encantado, Jonas Calvi. Na análise dele, o posicionamento sobre a inclusão de obras na ERS-128 (Via Láctea, em Teutônia), trecho sem praça de pedágio, em detrimento da ERS-332 (de Encantado a Arvorezinha), evidenciou que há tratamentos diferentes entre os associados.

Antes da assembleia de ontem, a Amvat tinha no quadro de associados 38 municípios. Nos próximos dias, os encaminhamentos de desfiliação serão feitos. E a estimativa é que passe a contar com, no máximo, 27 cidades.

Cada integrante paga uma mensalidade de R$ 860 para pagamento dos custos com materiais de expediente, salário de um servidor, conselho jurídico e demais despesas.

Entre os encaminhamentos da assembleia de ontem, os prefeitos descontentes com a Amvat também decidiram pela formação de uma nova entidade. Em meio a assembleia de ontem, o presidente Frighetto recebeu uma ligação do secretário da Casa Civil, Arthur Lemos. Foi agendada uma reunião para a próxima segunda-feira, às 15h30min em Porto Alegre.

“A Amvat não é responsável pela concessão”

Presidente da associação, o prefeito de Colinas, Sandro Herrmann, argumenta que não houve um convite para participar dos protestos. Mesmo se houvesse, diz, seria necessário consultar a diretoria. “Se eu fosse e os prefeitos favoráveis a concessão me criticariam. Eles não iram querer sair da Amvat também? Qualquer decisão neste sentido precisa de respaldo dos demais”.

Ele discorda que a Amvat tenha se posicionado contraria os interesses dos municípios da microrregião de Encantado. “Mantivemos nosso contato com o Estado, pedimos para incluir obras na ERS-332. Concordamos que esse não é o momento propício à concessão, inclusive recomendamos a suspensão do edital.”

Para ele, houve a criação de um “fato novo” devido a pouca presença da comunidade nos protestos. “Até prefeitos lindeiros não estavam lá. Isso mostra que não há unanimidade em relação ao assunto. Se esperava mais gente no ato. Como não houve, acredito que se resolveu chamar atenção de outra forma.”

Na análise de Herrmann, se desencadeou uma crítica à associação sem motivo. “A Amvat não é responsável pela concessão. Não fomos nós que fizemos o edital. Sem dúvida, há mais obras previstas para o centro do Vale, alertamos sobre isso também. Mas é uma proposta do Estado, não nossa.”

Dividir a culpa

O resultado da saída interfere sobre a unidade regional na tomada de decisões, na representação perante à Federação das Associações de Municípios do RS (Famurs) e no próprio governo gaúcho. Porém, não há impactos nas políticas públicas, distribuição de recursos às cidades ou mesmo nas ações de organismos criados pela Amvat, como no Consórcio Intermunicipal de Saúde e na Associação dos Municípios para o Turismo da Região dos Vales (Amturvales).

Por terem regimentos próprios, há cidades que não estão na organização dos prefeitos mas fazem parte das outras entidades. “Acredito que teremos um desconforto quando voltarmos a nos reunir”, antecipa Herrmann.

Para ele, houve um erro estratégico por parte de todas as representações do Vale, com movimentos individualizados. Os próprios prefeitos foram direto ao Estado para sanar os problemas locais, diz o presidente da Amvat.

“Não tivemos maturidade para sentarmos juntos, todas as entidades locais, e elaborar um projeto para o Vale. Cada um atuou de uma forma e isso nos enfraqueceu.”

“Vamos dividir nossa força”

Dos 13 prefeitos integrantes do grupo da parte alta, dois se posicionaram contra a desvinculação da Amvat: Jari Hunhoff (Capitão) e Marcos Scorsatto (Itapuca). “Não adianta sair da Amvat. Para conseguirmos conquistas, precisamos estar juntos. Vamos dividir nossa força”, afirma Hunhoff.

Opinião semelhante de Scorsatto. Para ele, não houve unanimidade entre os gestores sobre o plano de concessões. Por ser uma decisão do Estado, pouco seria possível fazer pelos prefeitos.

Municípios que votaram pela saída da Amvat

  • Anta Gorda
  • Arvorezinha
  • Doutor Ricardo
  • Encantado
  • Putinga
  • Roca Sales
  • Muçum
  • Nova Bréscia
  • Coqueiro Baixo
  • Vespasiano Corrêa
  • Relvado

Contra a saída

  • Capitão
  • Itapuca (O prefeito Marcos Scorssato não esteve na reunião. Falou sobre sua posição por meio de contato da reportagem)

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