A decisão inusitada dos prefeitos da região alta pode prejudicar ainda mais a situação. Ao anunciarem a possível desfiliação da Associação dos Municípios do Vale do Taquari (Amvat), os gestores municipais garantiram mais tranquilidade para o governo estadual levar adiante o plano torto de concessões estaduais. A partir desse anúncio oficial de desunião, a voz do Vale ficou mais combalida perante a empáfia do governador e seus secretários. Por fim, o propósito das manifestações, de atacar o Estado, restou distorcido. E todos perderam.
O tema é complexo. Em primeiríssimo lugar, e é bom reforçar esse cenário, uma eventual ruptura entre prefeitos ligados à Amvat não significa a divisão do Vale do Taquari. De forma alguma. Empresários, estudantes, trabalhadores e contribuintes em geral seguem o fluxo normal entre as cidades. Nada disto muda com a decisão precipitada de alguns prefeitos. As boas relações entre os mais diferentes setores econômicos e sociais não nasceu e tampouco vai morrer em função da Amvat e seus atuais líderes. E isso precisa ficar claro para todos.
Em segundo lugar, a Amvat não é a culpada pela decisão do governo estadual. Ora, não foi a Amvat que recebeu dois governadores no coração do Cristo Protetor em poucos meses, com sorrisos, selfies e afagos. Não foi a Amvat que recebeu cargos junto ao alto-escalão do Estado, serviu chucrute ao governador, ou ganhou um valioso imóvel do Daer, tornando mais fácil a decisão de enfiar a concessão goela abaixo do Vale. A Amvat, por si só, fez o que lhe cabia: ouviu todos os prefeitos, e buscou por um consenso que nunca existiu.
Basta ler as notícias veiculadas a partir de junho de 2021 e o atento leitor perceberá que a Amvat propiciou debates sobre as demandas articuladas (ou não) pelos prefeitos. Entre essas, a injusta manutenção das praças nos atuais pontos, a inclusão da ERS-332 no plano, o fim da outorga, a necessidade de um tempo maior para ajustar o edital, o debate sobre o free flow, entre outras demandas que surgiram nestes 12 meses de negociações. O problema é que o necessário consenso público nunca existiu, e o setor produtivo, em partes, foi ignorado.
E aí são várias as razões para a falta de consenso. Algumas já estão claras nas linhas anteriores. Outras estão nas entrelinhas. Sobre isso, eu resgato uma frase do ex-presidente da entidade, Paulo Kohlrausch (MDB), o experiente e agregador prefeito de Santa Clara do Sul. “Parece que estamos em uma competição interna em prol do benefício próprio, ao invés do interesse regional”, disse ele, em julho de 2021. Desde então, nada mudou. E o governo estadual sabia disto e trabalhou maquiavelicamente com esse cenário.
Por fim, é preciso entender a indignação na região alta. O prejuízo maior fica por lá. É assim desde 1998, e só quem sofre entende a dor. Da mesma forma, os líderes da Amvat deveriam, sim, ter participado do protesto. Com ou sem convite. Mas, culpar a Amvat é só uma revolta simbólica. É uma forma de não enxergar os movimentos a partir de junho de 2021, e, além de não ajudar neste momento delicado, a decisão deve prejudicar os próprios autores e a todos aqueles que pagam pedágio no Vale. Sejam da região alta, ou da região baixa. Infelizmente.
Leite entra para a história
O ex-governador Eduardo Leite (PSDB) será o primeiro mandatário estadual a renunciar e, meses depois, se candidatar para voltar ao cargo. O estranho movimento do jovem tucano demonstra falta de convicção e planejamento, e o leva a descumprir uma “promessa” de campanha. Mesmo sem cravar tal intenção junto ao eleitorado, Leite utilizou-se sim da premissa de não buscar um novo mandato para conquistar apoio do eleitor. Ao concorrer novamente, ele parte para uma reeleição indireta. E entre para a história.
Conte lança pré-campanha
Radialista e suplente de vereador em Lajeado, Rodrigo Conte (PSB) confirma a pré-candidatura à Assembleia Legislativa. O evento de lançamento da pré-campanha ocorre no dia 29 de junho, às 19h30min, na Associação Atlética Municipal, em Lajeado. “Estamos nesta vida para servir e, por meio da política, conseguimos gerar a diferença na vida das pessoas”, avisa.
Crédito: Divulgação
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