A falta de sensibilidade do governo estadual provoca verdadeira ira em líderes regionais, especialmente do setor produtivo. A mais recente medida, e talvez a derradeira, é constituir um Grupo de Resistência, a fim de reunir elementos fundamentados para demover, por bem ou por mal, o Estado de dar andamento ao processo das concessões das rodovias.
A decisão monocrática do Estado de publicar o edital e anunciar as datas dos leilões, mandando às favas as considerações da sociedade, insurgiu um sentimento de revolta. Ele estará traduzido nos manifestos que ocorrem neste sábado em Encantado e Cruzeiro do Sul, na mais forte demonstração do quanto o Vale do Taquari é contra o projeto apresentado até aqui.
Na sexta-feira, entrevistei por mais de 40 minutos, ao lado do colega Rodrigo Martini, o secretário estadual de assuntos extraordinários, Leonardo Busatto. Ele foi taxativo e indiferente com as reações do Vale. Está convicto de que o processo seguirá, mesmo com as críticas da sociedade.
Aqui se estabelece um verdadeiro paradoxo. Uma região inteira, formada por cerca de 40 cidades, com mais de 350 mil habitantes, não tem voz nem vez para opinar numa decisão de Estado. Quem pagará a conta dos pedágios não tem direito a opinar. O que aconteceria se uma empresa agisse assim com seus clientes? Bingo: quebraria logo. Mas, como se trata de governo, sustentado pelo povo, não quebra.
Pelo contrário, ele pode quebrar o povo. E no caso dos pedágios, vai quebrar. Tarifa na casa dos R$ 10 num intervalo de apenas 40 quilômetros, distância que separa as praças de Encantado e a de Cruzeiro do Sul, tira qualquer expectativa de desenvolvimento e de competitividade.
A ira da região, especialmente de Encantado, não é a toa. Busatto e o governo sustentam que o debate está contaminado pelas eleições. Ledo engano. Se existe algum contaminado nesta história, é o próprio Estado, que não tem sensibilidade e humildade para ouvir as regiões atingidas pelo projeto.
O Grupo de Resistência, que está sendo formado por diferentes líderes e atores do Vale, tenta reunir argumentos e documentos para barrar o edital, tal qual fez a Região Metropolitana, que conseguiu adiar a decisão sobre a ERS-118. Se o governo não aceita dialogar, se não aceita receber os líderes do Vale para uma última conversa e ajustar aquilo que precisa ser ajustado, não resta outro caminho a não ser a judicialização. Mas, como a esperança é a última que morre, quem sabe o governo deixa de ser governo e ouve quem o sustenta.
Leite, o retorno
O ex-governador Eduardo Leite (PSDB) deve anunciar na próxima segunda-feira, em entrevista coletiva em Porto Alegre, sua candidatura a governador. Tudo indica que o tucano cederá aos pedidos de correligionários, descumprirá a promessa de não concorrer à reeleição e entrará com força para a campanha eleitoral que começa em dois meses.
Uma coisa é certa: a volta de Leite ao páreo estadual muda o tabuleiro e resta saber como os demais partidos se movimentam a partir da decisão do PSDB. Importante: a decisão de Eduardo Leite concorrer a reeleição está sustentada em pesquisas recentes, que o colocam em vantagem a todos os demais nomes que se apresentam. No Vale do Taquari, seu governo insiste em deixar uma mancha histórica, enfia goela abaixo esse projeto das concessões das rodovias. E as eleições são logo ali.
Até que enfim
Antes tarde do que mais tarde. A construção de uma segunda ponte sobre a ERS-130, na Avenida Benjamim Constant, em Lajeado, está perto do fim. São 18 meses de idas e vindas para chegar nesta semana com a colocação da camada de asfalto. Em vez de uma solenidade de inauguração, o governo faria bem em abrir o caminho e deixar por isso. Dezoito meses foram demais.
Vem mais coisa nova por aí
A contratação de Fabiano Conte, anunciada sábado passado, é a cereja do bolo dos 20 anos do Grupo A Hora. Mas vem muito mais por aí. A partir da próxima semana, vamos compartilhar mais novidades que permeiam a rádio, os jornais, o meio digital e os projetos especiais. Afinal, nossa força é o desenvolvimento regional.