Mobilização conjunta. Essa é a aposta de líderes comunitários, vereadores e empresários. O intuito é chamar a atenção da sociedade gaúcha e do Estado contra o pacote de concessões. No sábado, dois protestos, em Encantado e em Cruzeiro do Sul, prometem bloquear o trânsito nas rodovias (ERS-130 e RSC-453).
A mobilização está marcada das 9h ao meio-dia, como uma resposta a postura do Estado em decidir fazer o leilão das rodovias mesmo com a insatisfação das comunidades. Entre os organizadores do ato está o vereador de Encantado, Cris Costa (PSDB).
No ato deste fim de semana, a estimativa é reunir mais de mil pessoas em cada uma das praças. “Somos contra o plano de concessões e queremos a suspensão do edital”, frisa. Mesmo sendo do partido do governo do Estado, Costa ingressou com uma moção de repúdio contra o Executivo gaúcho em nome da bancada tucana. “Tentamos muitas vezes, em reuniões, audiências públicas, mostramos nossas reivindicações e não fomos ouvidos. O protesto de sábado é apenas uma das manifestações que vamos fazer.”
Em outra frente, uma comissão formada dentro da Associação Comercial e Industrial de Encantado (Aci-E) analisa o edital das concessões e estuda o ingresso na Justiça para barrar a concorrência.
O Estado anunciou o edital na terça-feira passada, 31 de maio. A publicação foi dois dias depois. Pelo cronograma, a concorrência começa em 28 de agosto e a abertura das propostas para 1º de setembro. A decisão foi entendida como o fim das conversações por parte de líderes regionais. O bloco 2 tem trechos das rodovias 128, 129, 130 e 453 que cruzam a região.
No planejamento do Estado, a concessão de 414,19 quilômetros do bloco 2 tem trechos regionais das ERSs 128, 129, 130 e 453. A vencedora da concorrência terá a obrigação de duplicar 282,7 quilômetros de rodovias.
Também há previsão da construção de 48 passarelas e 141 dispositivos de interseção. Entre os destaques das obras estão a duplicação da ERS-324, no trecho entre Passo Fundo e Marau, conhecido como Rodovia da Morte, e a duplicação da ERS-130 a partir do 5ª ano entre Lajeado até Encantado.
Comunidades divididas
Tanto em Encantado quanto em Cruzeiro do Sul, há moradores que precisam passar pelo pedágio para chegar no centro dos municípios. Pelo novo formato, terminam as isenções. “A continuidade do pedágio dividindo nossa cidade vai trazer transtornos, tanto pelos prejuízos aos moradores quanto pelo aumento no fluxo de veículos para desviarem da praça”, diz o vereador de Cruzeiro do Sul, Isidoro Weschenfelder (Progressistas).
Ele é um dos organizadores do ato deste sábado na ERS-130. “Vamos fazer um protesto pacífico e dentro das normas”, promete. Pelos cálculos dele, o fim da isenção representa um gasto anual de quase R$ 7 mil para moradores da localidade de Boa Esperança. “Aqueles que precisam ir trabalhar ou levar os filhos na escola, terão de pagar duas tarifas por dia.”
Hoje, cerca de 600 moradores que hoje tem isenção da tarifa terão de começar a pagar pedágio pelo novo formato.
Em Encantado, a associação comercial contratou uma consultoria externa para analisar as obras previstas pelo plano de concessões. Entre os detalhes, chamou atenção o aumento da quilometragem percorrida entre as comunidades vizinhas à praça, como Palmas, Linha Nova e Perolin.
Para ir ao centro, algumas terão de fazer o retorno em direção a Arroio do Meio e pagar o pedágio. Essas condições fazem com que moradores de Perolin, por exemplo, tenham um aumento de deslocamento entre a localidade e o centro em mais de seis quilômetros.
Estratégias conjuntas
No início da noite de ontem, os presidentes das associações empresariais da região participaram de audiência virtual da Câmara da Indústria e Comércio da região (CIC-VT). Conforme o presidente, Ivandro Rosa, a estratégia é manter uma agenda de manifestações. Junto com isso, a Aci-E assumiu a responsabilidade em avaliar o edital e os possíveis pontos a serem questionados na Justiça.
“No momento, avaliamos internamente o edital e consultam os as demais entidades para alinhamento de postura”, diz.
Setor produtivo
Líderes locais ainda tentam se reunir com o governador Ranolfo Vieira Jr. Em documento enviado ao piratini, o setor produtivo se posiciona:
- Favorável a concessão das rodovias, mas não à proposta atual;
- Os planos de obras demonstram que o projeto é insuficiente do ponto de vista técnico para a necessidade local;
- O setor produtivo pede a suspensão por prazo indeterminado do plano de concessões, para ajuste nas obras e nas prioridades;
- Contra o fundo garantidor dos pedágios. O depósito de R$ 6,7 milhões a cada ponto percentual de deságio dificulta a concorrência e uma tarifa mais em conta à sociedade;
- Formalizar a adoção do free flow (cobrança por quilômetro rodado) até um ano após a regulamentação de uso no país;
- Assegurar a criação de um Conselho de Usuários, para acompanhar e determinar prioridades locais;
- Formação de um Grupo de Trabalho técnico para rediscussão das obras e melhorias nas rodovias do Vale.
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