Vale ainda tem 252 orelhões, mas apenas metade funciona

TELEFONIA

Vale ainda tem 252 orelhões, mas apenas metade funciona

Levantamento da agência de telecomunicações indica que 126 equipamentos estão em manutenção. No estado, número de telefones públicos reduziu quase 90% em dez anos. Dos 65 mil dispositivos, restam 7 mil

Vale ainda tem 252 orelhões, mas apenas metade funciona
Dos 34 orelhões instalados em Lajeado, apenas 17 funcionam, conforme dados da Anatel (Foto: Felipe Neitzke)
Vale do Taquari

A desativação de telefones públicos está entre as estratégias das operadoras. A perda de clientes do serviço de telefonia fixa elevou os custos para manter a rede, e empresas ameaçam devolver a concessão. Desde 2018, com autorização da agência reguladora, os investimentos são direcionados para o avanço da internet banda larga e cobertura de sinal 4G.

LEIA MAIS: Novos projetos qualificam energia em áreas rurais

No Vale do Taquari, restam 252 orelhões. Destes, apenas a metade funciona, de acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Entre as cidades que possuem o maior número de telefones públicos, Lajeado conta com 34 equipamentos e Estrela tem 29. Em alguns municípios, como é o caso de Westfália, resta apenas um orelhão.

A falta de manutenção nestes dispositivos também contribuiu para o desuso por parte da população. Dos quatro equipamentos instalados na área central de Lajeado, entre a avenida Benjamin Constant e a rua Júlio de Castilhos, somente um funciona. Como não há mais a venda de cartões telefônicos, são permitidas apenas ligações locais para linhas fixas.

A redução do número de telefones públicos chega a 90% em dez anos no RS. Levantamento indica que em 2012 eram 65 mil, agora são 7 mil. A empresa Oi, que obteve a concessão do serviço em 1998, deve garantir o funcionamento dos orelhões pelo menos até 2025.

Ainda na semana passada, as operadoras que atuam na telefonia fixa encaminharam pedido para reaver R$ 36 bilhões. As empresas de telecomunicação alegam perdas causadas pela obrigatoriedade de operar em locais pouco rentáveis, instalação de orelhões e ausência do reajuste tarifário.

A agência do governo, porém, considera o valor exagerado. O processo ainda está no início e a União deve apresentar suas defesas. Em 2019, a Lei Geral de Telecomunicações dispensou as metas em relação à telefonia fixa. Com isso, a previsão era que o saldo da concessão fosse convertido em novos investimentos.

“Apenas para receber chamadas”

A agricultora Sidenia Wahlbrick, 56, mora no interior de Westfália, onde por muito tempo o telefone fixo foi a única opção. “Faz mais de 30 anos que temos essa linha. Muitas vezes os vizinhos vinham para fazer ligação, eram poucos os que tinham o aparelho em casa.”

Hoje, com o avanço da fibra óptica e sinal de celular, o fixo ficou de lado. “Apenas para receber chamadas”, comenta Sidenia. Ela ainda paga a taxa de R$ 50 para garantir o número. “O celular facilita muito o nosso dia a dia, é prático e tem muitos recursos.”

Fixo desativado

A falta de manutenção no serviço de telefonia fixa fez a administração municipal de Forquetinha cancelar o tradicional número do prefixo 3613. “O problema com a operadora iniciou com a impossibilidade em receber ligações. Tentamos contato com o suporte técnico, mas sem sucesso”, comenta o secretário de Administração, Roberto Müller.

Após tentativas frustradas em restabelecer o serviço, o governo optou por um sistema de telefonia pela internet. “O ruim disso tudo é que gerou o transtorno da troca de número. Era uma linha que toda a população já conhecia”, reitera o secretário.

Müller destaca que demais usuários da telefonia fixa no município enfrentam o mesmo problema. “Todo dia tem pessoas vindo até nós para saber o que podem fazer. A operadora abandonou o interior.”
Situação similar em Boqueirão do Leão. Conforme o técnico em eletrônica, Isidoro Heisler, a precariedade na estrutura fez muitos clientes desistirem da linha fixa. “Eu fazia a manutenção de 21 centrais, hoje são apenas duas.”

Em relação aos orelhões, o técnico destaca que a agência reguladora exige o funcionamento, pelo menos, nas áreas próximas das escolas. Ele recomenda que os clientes acionem os órgãos de defesa do consumidor para buscar uma solução. A operadora Oi foi contatada sobre a queixa dos usuários, mas não retornou.

213 MIL ORELHÕES NO PAÍS

Os telefones públicos em todo o país devem ser mantidos, pelo menos, até 2025, quando terminam os atuais contratos de concessão, vendidos em 1998. No auge do serviço, no fim da década de 90, o Brasil chegou a ter mais de um milhão de orelhões.

Equipamentos por cidade

  • Anta Gorda – 8
  • Arroio do Meio – 11
  • Arvorezinha – 7
  • Bom Retiro do Sul – 7
  • Boqueirão do Leão – 12
  • Canudos do Vale – 3
  • Capitão – 4
  • Colinas – 2
  • Coqueiro Baixo – 3
  • Cruzeiro do Sul – 11
  • Dois Lajeados – 1
  • Doutor Ricardo – 4
  • Encantado – 12
  • Estrela – 29
  • Fazenda Vilanova – 1
  • Forquetinha – 1
  • Ilópolis – 3
  • Imigrante – 4
  • Lajeado – 34
  • Marques de Souza – 5
  • Mato Leitão – 2
  • Muçum – 8
  • Nova Bréscia – 4
  • Paverama – 4
  • Poço das Antas – 1
  • Pouso Novo – 1
  • Progresso – 4
  • Putinga – 4
  • Relvado – 3
  • Roca Sales – 11
  • Santa Clara do Sul – 4
  • Sério – 2
  • Tabaí 10
  • Taquari – 16
  • Teutônia – 12
  • Travesseiro – 2
  • Vespasiano Corrêa – 1
  • Westfália – 1
  • TOTAL – 252

Acompanhe nossas redes sociais: WhatsAppInstagram / Facebook

Acompanhe
nossas
redes sociais