Na casa de Luciana Luciana Katz Weiand e João Paulo Weiand, sempre há espaço para uma nova cultura. Desde 2019, o casal participa da AFS Intercultura Brasil, e abre as portas para receber intercambistas. A primeira delas foi Meggan, da Alemanha. Hoje, hospedam a italiana Anna Fedrigo, 17, que veio ao município para cursar o terceiro ano do Ensino Médio.
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A estudante chegou em Lajeado em 18 de fevereiro deste ano, e está entre os 50 jovens estrangeiros que visitaram a região por meio do programa nas últimas três décadas. Em meio às dificuldades da língua e as diferenças gastronômicas e culturais, a experiência tem sido positiva, tanto para a intercambista, quanto para a família que ela ganhou no Brasil.
“É extremamente enriquecedor, para ambos os lados. Aprendemos muito sobre cultura, costumes e um pouco do idioma. São trocas constantes e diárias. Ganhamos duas filhas neste processo”, destaca Luciana.
A vida em família também tem sido positiva, em especial, pela ligação de Anna e da filha mais nova do casal, Luiza. Anna já ensinou a receita do Tiramisu, doce típico da Itália, assim como diferentes massas. A menina também mostrou algumas palavras do idioma natal, e aprendeu outras em português.
Por outro lado, conheceu pratos típicos da região, como o churrasco, Carmelito, xis, arroz e feijão, e tantas outras “brasileirices”, incluindo o chimarrão. Mas da bebida gaúcha ela não se tornou fã. Acostumada com a lasanha italiana, a versão brasileira também não agradou a estudante.
Da experiência, a família considera a amizade e o afeto com as intercambistas a melhor recompensa. A ligação se torna tão forte que, inclusive, trouxe Meggan para Lajeado outra vez em 2021 para visitar.
Este ano, João Paulo e Luciana esperam a menina acompanhada dos pais e da irmã alemã. “Desejamos construir uma relação igualmente forte com a Anna, para que ela retorne sempre que desejar para nos visitar”, destaca João Paulo.
Os filhos mais velhos, Mariana e João Vicente, foram intercambistas quando estavam no Ensino Médio, e Luíza também tem planos de estudar fora em breve.
Da Itália ao Brasil
Anna vem de Portogruaro, uma pequena cidade próxima de Veneza, no norte da Itália. A ideia de fazer intercâmbio veio com a vontade de se aventurar. “Eu queria ter uma nova experiência e começar uma nova vida, aprender outro idioma e descobrir minha capacidade de adaptação”, destaca a menina.
Anna conta que pela dificuldade de comunicação, os primeiros dias em solo brasileiro foram difíceis. Mas com a família anfitriã, com os voluntários e os amigos que fez aqui, se tornou mais fácil.
Ainda assim, vê muitas diferenças entre o lugar de onde veio e a região. “A comida, a ironia, a música, o jeito de falar, as danças são todas diferentes: é como se eu estivesse vivendo outra vida”, destaca.
Apesar de se adaptar aos costumes daqui, ela acredita que para se sentir parte do Brasil ainda é necessário tempo. Mas está feliz de passar pela experiência de forma independente, mesmo que isso implique em estar longe da família e dos amigos italianos.
“No final desta jornada, espero sentir que pertenço a dois estados e duas culturas que, apesar de terem semelhanças, são muito diferentes”, destaca.
27 anos em Lajeado
Com sede em Nova Iorque, o AFS Intercultural Programs está presente em mais de 60 países. A organização existe no Brasil desde 1956 e em Lajeado desde 1995, quando enviou e recebeu os primeiros intercambistas. A presidente da entidade no município, Raquel Barriatto explica que esta é uma organização educacional voluntária, sem fins lucrativos.
“Acreditamos que é possível transformar o mundo em um lugar com mais paz e justiça, desenvolvendo pessoas por meio de experiências interculturais, principalmente com programas de intercâmbio”, destaca a administradora.
A entidade é formada por voluntários, pelas famílias hospedeiras que abrem suas casas para receberem os intercambistas, e as escolas. São mais de 40 opções de países para os alunos brasileiros viajarem, em todos os continentes.
Desta forma, o comitê seleciona as famílias, e elas escolhem os estudantes que gostariam de receber. Em Lajeado, as escolas parceiras são o Ceat, Madre Bárbara, Sinodal de Conventis, Gustavo Adolfo e Mellinho.
O município recebe intercambistas todos os anos por meio do programa. Mais de 50 jovens europeus, norte-americanos e asiáticos já vieram à região pela AFS, e mais de 100 saíram do Vale para estudar fora. Em agosto, mais um intercambista alemão e uma italiana chegam a Lajeado, e três saem do país para viver nos Estados Unidos e Canadá.
De acordo com Raquel, a sigla “American Field Service” (AFS) significa serviço de campo americano, porque era um grupo de voluntários que acolhia feridos da guerra. Com o tempo, perceberam que podiam se tornar amigos e criaram intercâmbios para estimular laços de amizades pelo mundo e, quem sabe, no futuro, evitar novos conflitos.
AFS Day
Hoje, a organização procura voluntários. Na manhã deste sábado, a partir das 9h, o trabalho da AFS será apresentado no Colégio Evangélico Alberto Torres. A entidade está com seleção aberta para os programas High School (Ensino Médio), em 2023. As inscrições podem ser feitas pelo site na AFS, na área “faça intercâmbio”. O evento é gratuito e voltado para estudantes a partir de 14 anos.
High School no exterior
Destinado a adolescentes entre 14 e 18 anos, o programa tem duração de um bimestre, trimestre, semestre ou ano letivo, de acordo com o país escolhido. Os participantes moram em famílias selecionadas e preparadas pelo AFS, e estudam em uma escola parceira. Para alguns destinos, também existe a opção de residir no dormitório da escola.
Além do High School, o AFS oferece outras oportunidades como intercâmbio de férias, intercâmbio para adultos e voluntariado. Algumas modalidades são pagas, mas a entidade também possibilita a experiência por meio de bolsas de estudos. Os interessados podem entrar em contato com a organização pelo e-mail comite.lajeado@afs.org.
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