Indústria acelera transformação e precisa de pessoas qualificadas

MERCADO E QUALIFICAÇÃO

Indústria acelera transformação e precisa de pessoas qualificadas

Estudo mostra que RS tem de formar 758 mil pessoas até 2025. Maiores carências em nível superior são para analistas de tecnologia de informação, gerentes de produção e operações e especialista em vendas, marketing e comunicação

Indústria acelera transformação e precisa de pessoas qualificadas
Foto: Filipe Faleiro/Arquivo
Vale do Taquari

As mutações no mundo do trabalho provocadas pela imersão tecnológica trazem novas exigências para empresas e profissionais. Tanto que a edição 2022 do Mapa do Trabalho Industrial aponta uma reversão na demanda por mão de obra. Conhecimento sobre análise de dados, gestão de pessoas, vendas e comunicação, ganham posições, deixando setores administrativos, financeiros e até a engenharia civil mais para trás.

A pesquisa feita pelo Observatório da Indústria do Trabalho Industrial considera dados nacionais e estaduais. No RS, até 2025 será preciso qualificar 758 mil pessoas em funções do setor produtivo. Destes, 149 mil com formação de base, para repor inativos e preencher novas vagas.

Para o gerente da unidade regional do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Jerry Hibner, há uma constante adaptação do setor, tanto na forma de trabalhar quando no planejamento e na interação com o mercado.

De acordo com ele, o trabalhador de hoje tem que ter um equilíbrio entre capacidade técnica e qualidades individuais. “Percebemos que a indústria espera um profissional com sólida formação e com competências comportamentais, busca contínua pelo aprendizado e capacidade de trabalhar em ambientes virtuais.”

O Mapa é elaborado a partir de cenários sobre o comportamento da economia, projetando o impacto sobre o mercado de trabalho e serve como parâmetro para o planejamento da oferta de cursos do Senai.

Alta rotatividade

“Temos carências desde a operação até as funções mais especializadas. O profissional qualificado está inflacionado no mercado. Para conseguir reforçar, por vezes é preciso tirar ele de outro trabalho”, diz a diretora da Gota Limpa, Camile Bertolini Di Giglio.

A indústria do segmento de higiene e limpeza gera 270 empregos diretos. Nas atividades básicas, os candidatos têm dificuldade em se adaptar ou querer fazer parte da empresa. “Parece que os gostos pessoais são maiores do que a vontade de fazer o que é preciso no trabalho. Há uma desconexão entre oportunidades oferecidas e o interesse das pessoas.”

Como resultado, há muita rotatividade. “Investimos tempo no treinamento das pessoas e por vezes elas ficam um mês ou até menos. Isso traz dificuldades para a empresa. No fim, não conseguimos atingir objetivos de produtividade.”

Rumo da mão de obra no Vale

Pesquisa “Rumo – O futuro da mão de obra na região”, contratada pelo Grupo A Hora, foi publicada no fim de abril e tem como objetivo conhecer as percepções sobre o novo mercado de trabalho e sobre o tipo de qualificação necessário para atender a demanda dos empresários locais.

Para a coordenadora dos cursos técnicos da Univates, Edi Fassini, a pesquisa Rumo é um marco na leitura do mercado regional, pois reúne dados numéricos e percepções do empresariado e dos estudantes.

“Isso merece análises coletivas das instituições formadoras de profissionais, de aceleradoras de inovação, de gestores públicos e inclusive dos entrevistados.”

Na avaliação dela, assim como quem orienta e forma profissionais precisa repensar currículos e formatos, também quem emprega precisa revisitar processos internos de comunicação. “As pessoas buscam trabalho que faça sentido, que apresente um propósito. A alma do negócio não pode ser segredo”, avalia.

ENTREVISTA | Edi Fassini, coordenadora dos cursos técnicos da Univates

“As pessoas precisam ser encorajadas para aprender”

A Hora – O que o Mapa do Trabalho Industrial mostra sobre o avanço tecnológico nas produções? No que esses dados contribuem para o trabalhador?
Edi Fassini – As empresas que não conseguem dar um salto de inovação estão sendo engolidas. Com a interconexão de diferentes setores, se potencializa o resultado da produção, com menos perdas, com maior correção de processos.
A mudança nos processos internos e a necessidade do uso de novas tecnologias demandam clara comunicação e oportunidades de formação das equipes. As pessoas precisam ser encorajadas para aprender.
Ler, se informar, estudar, fazer cursos, conversar com quem sabe um pouco mais, se aperfeiçoar. Ambidestria é mais importante do que especialização restrita. Para isso precisa ser disponível e aberto à aprendizagem diária.

Além do conhecimento específico, quais outras qualidades são importantes para o trabalhador?
Edi – Buscar sempre mais agilidade e desenvoltura no uso das tecnologias, que oferecem multi caminhos para chegar à solução das dificuldades. Quanto mais a gente mergulha nas tecnologias, mais insights se desenvolve. Na comunicação oral, o processo é parecido: quanto mais a gente se arrisca a falar, mostrar sua opinião, mais rapidamente a nossa comunicação se torna mais efetiva.


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