Estudantes, empresários e o tal do comprometimento no trabalho

Opinião

Fernando Röhsig

Fernando Röhsig

Consultor empresarial

Estudantes, empresários e o tal do comprometimento no trabalho

O que significa “comprometimento” para um jovem em busca de trabalho e para um empresário que está contratando? Pelo que apontou uma recente pesquisa sobre o futuro da mão de obra no Vale do Taquari, os conceitos de cada um sobre este mesmo tema são completamente diferentes. É aí que reside um grande problema e, ao mesmo tempo, uma oportunidade relevante para o desenvolvimento dos futuros profissionais e também das nossas empresas.

Mais de 600 alunos do Ensino Médio (80% de escolas públicas e 20% de escolas privadas) e mais de 200 empresários foram consultados em seis municípios da região (Arroio do Meio, Encantado, Estrela, Lajeado, Taquari e Teutônia) para responder o questionário aplicado pela empresa de pesquisas Macrovisão, liderada pelo pesquisador Lucildo Ahlert. Entre diversas questões envolvendo o futuro do mercado de trabalho, a divergência entre as visões dos dois grupos acerca de comprometimento chamou a atenção. Afinal, o que significa comprometimento?

Comprometimento é o ato de comprometer(-se) com alguém ou algo, ser digno de confiança, ser responsável com o que comprometeu-se a fazer. No ambiente de trabalho, entre outras coisas, isso significa chegar no horário, não faltar, cumprir as tarefas designadas, fazer o trabalho com dedicação e capricho e, acima de tudo, demonstrar interesse na função que exerce e naquilo que faz.

Dados apurados pela pesquisa demonstram o desalinhamento entre os dois grupos quanto ao entendimento deste conceito no mercado de trabalho. Enquanto os estudantes atribuíram uma nota média de 4,14 (de 5, a nota mais alta entre os itens avaliados) para o seu grau de “comprometimento com os compromissos assumidos”, os empresários, no outro extremo, chegaram ao índice de 71,3% (também o mais alto entre os itens avaliados) para dizer que a “principal deficiência no perfil de quem procura emprego” é justamente a falta de comprometimento. Como é possível que a visão do mesmo tema seja tão discrepante para os dois grupos?

Conforme a pesquisa evidencia, há uma falta de alinhamento de expectativas entre os dois grupos, e isso tende a trazer prejuízos para ambos. Afinal, se o estudante se julga comprometido e a empresa avalia como descomprometido, como compatibilizar estas visões para concretizar uma contratação? Talvez a saída esteja em aprimorar a comunicação no processo de seleção para ampliar a compreensão do que é comprometimento. Tanto empresa quanto candidato devem deixar claro seu entendimento e sobre o que está contemplado neste conceito.

Nesta linha, uma questão a ser explorada é alinhar as expectativas sobre as exigências e atitudes esperadas para a função que o profissional irá exercer dentro da empresa, o que pode ser feito durante o processo de seleção. Além da entrevista de seleção, seria relevante o profissional ter a oportunidade de atuar na prática antes da contratação, em programas desenvolvidos para isso, porque apenas a entrevista não é o suficiente para que um estudante tenha a compreensão do que é comprometimento para a empresa em que está ingressando. Um processo mais detalhado pode requerer mais investimentos, mas contribui para evitar os custos de desligamento de curto prazo, além do tempo dispendido para capacitar o novo profissional. Para o jovem candidato, é a chance de conhecer a dimensão das entregas a que será submetido.

Conciliar o entendimento do conceito de comprometimento entre estudantes e empresas é o grande desafio que a pesquisa evidenciou. Há um rumo a seguir!


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