Saudade do que ficou pra trás

Opinião

Bibiana Faleiro

Bibiana Faleiro

Jornalista

Colunista do Caderno Você

Saudade do que ficou pra trás

Quando a gente passa pela rua e um cheiro de comida escapa pela janela, ela pode nos trazer várias sensações. Muitas vezes, inclusive, nos lembra de algo ou de alguém.

A galinhada da avó, o carreteiro do pai, a sopa de capeletti da mãe. O pão saindo do forno da casa da tia. O bolo de chocolate da dinda. Em geral, os cheiros têm a cara da nossa família. Ou daqueles que viviam com a gente na nossa infância.

O gosto também tem esse privilégio, de nos transportar para um tempo passado. E, nesses casos, temos aquele familiar sentimento que poucas vezes conseguimos descrever: a nostalgia.

No dicionário, ela significa uma tristeza causada pela saudade. Mas, para mim, ela é uma tristeza pela lembrança de algo feliz. Parece antagônico, mas esses dois sentimentos juntos podem ser, muitas vezes, mais dolorosos do que a própria tristeza sozinha. Porque nos faz sentir falta de momentos e pessoas que não vamos ver ou viver outra vez.

A nostalgia é muito sutil e pode causar aquela sensação de que uma cena ou experiência que vivemos no presente já aconteceu. Aquele famoso “déjà vu”. Aquelas noites agradáveis de verão e o soprar quente do vento trazem isso pra mim.

Mas a nostalgia é outro daqueles sentimentos que devem ser vividos com moderação. Há quem goste dessa recordação. Mas tem outros que se prendem nela, e deixam o presente passar sem grandes inspirações.

Para o bem ou para o mal, me considero uma dessas pessoas saudosistas. Tenho um apreço especial por histórias do passado e, muitas vezes, gosto de lembrar ou até mesmo sinto falta de quem fui há muitos anos atrás.

Mas, nos últimos tempos, venho exercendo um novo hábito. O de valorizar esse passado, mas deixá-lo bem guardado na memória e nos álbuns de recordação.

A vida continua e se a gente não correr, ela passa muito depressa pela gente. Uma dica é deixar que a nostalgia preencha nossos dias de vez em quando, para que a gente seja grato pelo que passou. Mas, ao mesmo tempo, que ela seja apenas visitante, e não inquilina dos nossos corações.

Boa leitura!


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