A região enfrenta o maior nível de contágio da doença já registrado. Os casos autóctones (transmissão interna) representam mais de 90% das confirmações. Lajeado é a cidade com mais casos, com quase 2 mil pessoas contaminadas.
Diante deste quadro, na tarde de ontem o Executivo decretou situação de emergência em razão do surto de dengue associado a infestação pelo mosquito Aedes aegypti, transmissor do vírus. A principal mudança é a possibilidade dos agentes de endemias entrarem em imóveis públicos e privados para verificar a presença de focos do vetor.
“Em caso de alguma denúncia, não será mais preciso autorização do proprietário”, afirma o prefeito Marcelo Caumo. O decreto regula a conduta para fiscalização nos bairros e também proporciona o uso de recursos financeiros para uso específico no combate ao mosquito e da doença.
De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, os casos de dengue são notificados em todos os meses do ano, com aumento durante a sazonalidade da doença, entre os meses de novembro a maio.
Pelo acompanhamento da Fundação Getúlio Vargas e da Fiocruz, os três estados do sul estão entre as principais áreas de atenção. Tanto que o Ministério da Saúde aponta para um grande risco do país enfrentar uma epidemia de dengue neste ano.
“Em 60 dias, vamos entrar em 90% das casas”
O município adotará uma série de medidas para aumentar a fiscalização dos focos de mosquito, afirma Calmo. Passa pela contratação de mais agentes de endemias, trabalho conjunto entre empresas terceirizadas e servidores públicos, além do treinamento de agentes comunitários de saúde.
“Há muitas dúvidas das pessoas. Ouvimos pessoas pedindo aplicação de veneno na rua. Mas esse mosquito na maioria das vezes está dentro de casa. É ali que precisamos nos manter vigilantes”, diz o prefeito.
Na manhã de ontem a administração municipal se reuniu com diretores de escolas municipais e privadas. Do encontro foi estipulada uma campanha de conscientização. Por meio de uma lista de cuidados, as famílias terão informações de como proceder com vasos de plantas, calhas, potes de água para animais domésticos. “Em 60 dias, vamos entrar em 90% das casas”, garante Caumo.
De acordo com ele, o aprendizado no período de mais dificuldade devido a covid-19 será replicado neste momento. Transmissões ao vivo para comunicar a população sobre o quadro atual e também um mapa com as áreas de mais risco serão compartilhados nas redes socais e no portal do governo de Lajeado.
“Na sexta-feira teremos o lançamento do mapa com dados em tempo real sobre contágios e quais os locais com mais incidência. Vamos fazer uma grande mobilização na cidade para superar esse momento difícil.”
Falta de testes
A alta procura por atendimento em saúde no município tem três causadores. A covid-19 (hoje com baixo número de confirmações), a gripe H1N1 e a dengue. Conforme a Secretaria de Saúde, há dificuldade em confirmar o diagnóstico.
Muito disso passa pela escassez de testes para dengue. “Está em falta no mercado, temos uma encomenda mas não se consegue a entrega. Está vindo em partes”, conta o secretário de Saúde Cláudio Klein.
De acordo com ele, apenas o posto do Centro tem testes. “Estávamos fazendo em toda a rede. Mas vale muito salientar que o diagnóstico pode ser clínico, não é sempre necessário o teste”, ressalta. Conforme orientação do Ministério da Saúde, em casos de surto, a análise clínica compatível é suficiente para dar o diagnóstico. “A chamada dengue clássica tem características bem específicas que facilita o diagnóstico mesmo sem exame.”
O que significa o decreto:
• Contratação por tempo determinado do pessoal necessário, independentemente de processo seletivo;
• Dispensa de licitação para compra de bens e serviços destinados para o combate ao mosquito e para atendimento em saúde, desde que possam ser concluídos no prazo máximo de 180 dias consecutivos e ininterruptos, sem prorrogação dos contratos;
• Requisição de bens e serviços de pessoas naturais e jurídicas, hipótese em que será garantido o pagamento posterior de indenização;
• Autorização de visitas a imóveis públicos e particulares para eliminação do mosquito e de seus criadouros em área identificada com focos;
• Ingresso forçado em imóveis públicos e particulares, nos casos de situação de abandono, negativa de acesso ou ausência de pessoa que possa permitir a entrada de agente público.
• Sempre que se mostrar necessário, o agente público competente poderá requerer o auxílio da autoridade policial.
Estratégias de Lajeado para combate da dengue
- Equipe da Secretaria de Meio Ambiente vai atuar junto com empresas terceirizadas na limpeza de parques, arroios, cemitérios e demais espaços públicos;
- Câmara aprovou a contratação de mais dez agentes de endemias;
- Visitas mais constantes dos agentes públicos aos bairros;
Decreto regulamenta entrada em casas e imóveis abandonados mesmo sem autorização; - Campanhas de conscientização com a comunidade e nas escolas;
- Treinamento dos agentes comunitários de saúde para informar moradores sobre como evitar criadouros de mosquitos.
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