A proposta de concessão das rodovias do Vale do Taquari à iniciativa privada é muito ruim. O leilão do bloco 3, que inclui seis estradas na Serra gaúcha, deixou líderes do Vale de cabelo em pé.
Muito pouco ou quase nada foi alterado ao projeto original de concessões apresentado pelo governo gaúcho, ainda no ano passado. De lá para cá, dezenas de reuniões, audiências e debates no sentido de incluir mais obras, ajustar o projeto e garantir uma tarifa mais equilibrada foram em vão.
Afora algumas adaptações, a estrutura e o tempo de execução das obras foi mantido, o que visivelmente é de menos. O projeto é ruim, reitero. Foi feito sem conhecimento de causa, ignorada a realidade local e parece atender muito mais o interesse eleitoreiro do governo do que favorecer a sociedade, que pagará a conta pelos próximos 30 anos.
O governo estadual começou tarde a discussão das privatizações com a sociedade gaúcha. Agora tem pressa e ensaia uma espécie de goela-abaixo, sem reconhecer, verdadeira e genuinamente, o que as comunidades estão pedindo. Até aqui, o Estado fez de conta que ouvia as reivindicações de nossos líderes, mas não teve, até aqui, hombridade para colocar em prática.
Tudo está nas mãos do governador Ranolfo Vieira Júnior. Será que ele quer deixar uma marca negativa como deixou Antônio Britto, quando fez contratos perversos com concessionárias e fez o gaúcho pagar uma conta que custa caro até hoje? O mérito deste governo é propor as privatizações e dar um novo rumo às rodovias estaduais. Ainda assim, não pode ser a qualquer custo e, principalmente, mandando às favas o que pensa a comunidade a respeito dos projetos. Afinal, um governo existe para favorecer a sociedade e o cidadão, e não para atrapalhá-los.
Nós queremos a privatização, até porque ninguém aguenta mais a EGR e toda sua ineficiência. Mas antes de partir para a próxima etapa, governador Ranolfo, ouve o Vale do Taquari. Aceita nossas sugestões, faz as melhorias necessárias ao projeto, inclui obras emergentes e, depois disso, publica o edital. Se o fizer antes e sem condescendência, estarás repetindo Antônio Britto como segundo governador que fez as concessões pensando nas empreiteiras e não nos gaúchos e nas gaúchas.
Aliás
O custo logístico do RS já é muito acima de todas as demais regiões do país. Se o estado errar a mão – como está errando – neste projeto das concessões, continuará sendo pouco competitivo com o restante do Brasil. Ou seja, sobram razões para o governo estadual não agir com tanta petulância e tanta pressa em relação a este assunto. Nem tudo é – ou não deveria ser – moeda de troca eleitoreira.”
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