A câmara de Encantado apresenta mais um péssimo exemplo para a sociedade regional. A aplicação de emendas impositivas por parte dos vereadores é uma afronta à democracia e à moralidade no poder público. Por meio de uma regra criada no próprio parlamento municipal, cada membro do Legislativo encantadense possui autonomia para distribuir dinheiro a esmo para a comunidade.
É uma compra de votos institucionalizada, que segue os mesmos moldes das imorais emendas parlamentares que chegam de Brasília e que muitas vezes são usadas como moeda de troca com o governo federal.
O péssimo exemplo já fez escola. Em Doutor Ricardo, os vereadores também querem exercer o papel do Executivo e, tal qual o parlamento de Encantado, eles querem ordenar e executar despesas públicas, uma tarefa exclusiva do governo municipal, reforço.
É lógico que a medida agrada a uma parcela da população. Afinal, alguns parlamentares estão doando recursos para associações, centros de artes, agremiações e corais, e também estão custeando e gravando seus nomes em obras comunitárias. Entre essas, campos de futebol, praças, passeios públicos e outros. E sem estudo prévio, claro.
Hoje, em Encantado, cada vereador ganha um cheque de R$ 62,7 mil por ano para distribuir a gosto (o único critério é gastar metade na área da saúde). E cada bancada possui autonomia para gastar mais R$ 172,5 mil anuais. Em suma, as emendas parlamentares aumentam o poder individual dos parlamentares, potencializam as chances de reeleição, fidelizam eleitores e dificultam o acesso ao plenário por parte de novos postulantes ao cargo.
É um crime contra a democracia. E isso ocorre sob o aplauso de quem não percebe que a danosa distribuição de recursos nunca substituirá os benefícios de uma boa política pública.
Desta forma, será cada vez mais difícil lutar pela renovação nas câmaras legislativas.
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