Dois policiais militares, envolvidos em uma abordagem em Anta Gorda, no dia 28 de fevereiro, foram indiciados por lesão corporal. Em um vídeo, divulgado nas redes sociais, quatro militares agrediram um homem, de 54 anos, e o filho dele, de 23 anos.
O inquérito avalia se os militares cometeram uma transgressão disciplinar, conforme o Comando Regional de Policiamento Ostensivo do Vale do Taquari (CRPO-VT). Agora, o caso é encaminhado para a Justiça Militar Estadual, que decidirá pela denúncia ou não. Até que sejam julgados, os policiais seguem desempenhando as funções dentro da corporação.
Na época, os quatro envolvidos, dois de Anta Gorda e dois de Putinga, foram afastados do policiamento de rua, mas continuaram fazendo trabalho administrativo dentro do 22º Batalhão de Polícia Militar (22º BPM).
Em nota oficial, a BM diz que “não compactua com nenhum ato de violência em serviço e tomou todas as medidas cabíveis e adequadas ao caso, tanto de polícia judiciária militar, para a apuração dos fatos, quanto administrativas, de acordo com a conduta de cada um dos envolvidos.”
Justiça foi feita
O homem abordado é proprietário de uma empresa de implementos agrícolas de Anta Gorda e não quis se pronunciar sobre o assunto. Ainda com sequelas das agressões, ele apenas comentou que a decisão do indiciamento foi correta e que a justiça foi feita.
Em nota, a assessoria jurídica das vítimas, Melise A. Krämer, comenta que todas as medidas judiciais cabíveis já estão sendo tomadas, objetivando a reparação cível do ocorrido. Os processos administrativos e criminais terão regular seguimento, e também serão acompanhados pela advogada.
Relembre o caso
Conforme apurado pela reportagem do Grupo A Hora na época, o homem de 54 anos e o filho estavam em um bar no Centro do município. Eles estavam com um amigo que tocava gaita e violão no local. Por volta das 2h, a Brigada Militar passou pelo local e pediu para que todos fossem embora.
Quando saíam do bar, viram a polícia passar rápido em direção ao lado que o amigo foi. Preocupados foram ver o que estava acontecendo. Os agentes não teriam gostado da presença dos dois e por isso as agressões teriam começado. Além do uso do bastão policial, o abordado afirma que o spray de pimenta também foi utilizado.
As agressões foram filmadas e geraram grande comoção na comunidade de Anta Gorda. Protestos e carreatas foram registrados um dia depois do fato. Cerca de 100 veículos percorreram as principais ruas do município, pedindo justiça.
Um dos pontos de maior concentração foi a Praça Central, local da abordagem. Houve buzinaço e exibição de cartazes com críticas à conduta da guarnição da Brigada Militar, pedidos de “respeito” e “dignidade”, bem como cobranças por rigor nas investigações.
