Enquanto a escolha para o Piratini parece distante do debate público, a corrida ao Planalto tem eleitores mais engajados e decididos. Esse é um resumo da pesquisa do Instituto Methodus, encomendada pelo Grupo A Hora, a partir do projeto “Desperta, Vale do Taquari”.
A afirmação se confirma nos números. Na estimulada (quando o entrevistado escolhe entre nomes apresentados) para o governo do Estado, 43,2% dos eleitores não decidiram em quem votar, para a presidência esse percentual cai para 13,6% de indecisos.
“Faltando seis meses para o pleito, o eleitor não comenta sobre o processo para o Estado”, diz o diretor de projetos do instituto, graduado em filosofia e pesquisador em comportamento político pela PUC/SP, José Carlos Sauer.
A distância do público com relação ao embate político fica mais evidente quando confronta-se os dados coletados pela enquete espontânea. Neste quesito, o desconhecimento do eleitor regional quanto aos rumos da campanha ao Estado ultrapassa os 80%.
“O eleitor não sabe dizer um nome preferencial para governador. Os que aparecem são os mais conhecidos e citados nos veículos de comunicação, pelos comentaristas políticos e pelos próprios partidos”, avalia Sauer.
No período em que a pesquisa foi feita, o nome do pré-candidato do MDB era de Alceu Moreira. “É um nome que apareceu e mesmo não sendo mais o indicado pelo partido, mostrava aquele momento em que ele se movimentava como postulante.”
Com relação aos números, a estimulada ao Piratini mostra Onyx Lorenzoni em primeiro (15,6%), seguido por Luis Carlos Heinze (8%), Beto Albuquerque (6,3%), Alceu Moreira e Romildo Bolzan (ambos com 4,7%). As citações ainda lembram de Pedro Ruas (4%), Edegar Pretto (3%) e Ranolfo Vieira (1,7%). Brancos e nulos somam 9%.
Para a presidência, o cenário mostra Jair Bolsonaro em primeiro (30,2%), depois vem Lula (26,6%), em terceiro Eduardo Leite (12,3%). A listagem ainda apresenta Ciro Gomes (5,6%), Sérgio Moro (4,3%), André Janones (1,3%), com Simone Tebet e João Dória (ambos com 0,3%). Já os votos em branco e nulo representa 5,3%.
A pesquisa “Desperta, Vale do Taquari” está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (número: RS-09283/2022). O levantamento entrevistou 300 pessoas nos municípios de Lajeado, Estrela, Teutônia, Arroio do Meio, Encantado e Taquari, entre os dias 22 a 25 de março. A margem de erro é de 5,7% para mais ou para menos. Sobre os resultados, o nível de confiança é de 95%.
Mais espaço ao debate
Com um amplo número de eleitores indecisos, a corrida ao Piratini terá mais campo para a análise das propostas. É o que acredita o diretor do Instituto Methodus. Para Sauer, a escolha para governador será mais voltada aos projetos e perspectivas de soluções do que carregada pela carga ideológica como será para a presidência da República.
Ainda assim, há reflexo sobre as escolhas. Tanto que os dois primeiros colocados na pesquisa são políticos vinculados ao presidente Bolsonaro. “Onyx e Heinze estão alinhados ao modelo do atual governo federal. Neste momento, ainda de pré-candidato, há uma divisão dos votos”, diz Sauer.
Para ele, o governo do Estado está em aberto. “É a primeira vez desde o advento da reeleição que o governador não estará na disputa. Isso altera o modelo da campanha, pois os outros candidatos não terão quem atacar.”
O especialista em marketing político, Max Montiel Severo, concorda em parte com esse ponto de vista. “Sem um candidato a reeleição já é uma grande mudança. Mas os demais vão falar sobre o legado, das decisões e projetos desenvolvidos nestes quatro anos de Eduardo Leite. Então o sucessor dele, aquele que receber apoio, será o alvo dos demais.”
Briga ideológica
A ideia de construir uma terceira via, descolada de Bolsonaro e Lula, está distante de prosperar, afirma Severo. Para o especialista em marketing político, a campanha para a presidência será uma “guerra”.
“Teremos uma disputa ideológica. Vamos falar de direita e de esquerda. Do social e do capitalismo. Já está polarizado e ficará ainda mais”, estima. Ainda que a campanha oficial só esteja prevista quando faltar 60 dias do primeiro turno, os até então pré-candidatos já estão nas ruas. “Estão em campanha. Só não podem pedir votos, mas já falam dos seus projetos e objetivos.”
Na avaliação de Severo, os debates na televisão aberta serão um dos momentos mais esperados pelos eleitores, inclusive com potencial de interferir no voto. “Esse será um diferencial desta campanha. Acredito que as pessoas ouvirem e verem o que os políticos tem a dizer será fundamental para consolidar a decisão do eleitor.”
Primeira pesquisa eleitoral na região
O Grupo A Hora desenvolve o projeto “Desperta, Vale do Taquari”. A iniciativa tem como propósito conscientizar a população local sobre a importância do voto, em especial a partir da análise de que a região precisa aumentar a participação política na Assembleia Legislativa e na Câmara dos Deputados.
A pesquisa feita pelo Instituto Methodus foi dividida em três publicações, feitas nessa terça-feira, 29, na quarta, 30, e encerrada hoje, com os resultados à presidência e governo do Estado.
Terça-feira (29/03)
A primeira matéria abordou os motivos que levam as pessoas a escolher nomes locais para os legislativos. Os aspectos mais citados foram: ser comprometido com a região (43,9% consideram isso muito importante e 53,8% importante); estar preparado para enfrentar os desafios futuros do Vale do Taquari (41,9% muito importante e 55,1% o importante); e conhecer as necessidades locais (37,2% muito importante e 58,1% o importante).
Quarta-feira (30/03)
A reportagem apresentou os primeiros números para a Assembleia Legislativa, Câmara dos Deputados e Senado. No estimulado para o parlamento gaúcho, os nomes mais lembrados foram: Márcia Scherer (15,3%), João Braun (9,3%), Douglas Sandri e Jonathan Brönstrup (ambos com 6,6%).
No legislativo federal, os primeiros foram: Enio Bacci (30,6%), Ricardo Wagner (13,6%) e Felipe Diehl (7,3%).
Ao Senado, os mais lembrados na estimulada foram: José Ivo Sartori (26,2%), Manuela D’Ávila (15,3%), Lasier Martins(13,3%) e Ana Amélia Lemos (10,6%).