Em uma S10 Rodeio, o casal Lotário, 66, e Isolde Ewald, 65, saiu de Lajeado na tarde de ontem. Bem equipado, o veículo tem tudo o que os viajantes precisam para passar pelo menos um mês na estrada.
Ajustaram os compartimentos para receber uma cama e cozinha na parte traseira.
O destino é subir o Brasil. Chegar no extremo norte do país. Sem data marcada para a volta, a ideia é conhecer o máximo de cidades que puderem.
A aventura é um sonho de pelo menos três décadas. Por muitas circunstâncias, a viagem precisou esperar.
Obrigações em ajudar a pagar a faculdade da filha, em ajudar os pais. No entanto, o desejo sempre esteve presente.
Há dois anos, o casal comprou a camionete e iniciaram as economias para custear a viajem. “Tudo foi sempre controladinho na nossa casa, mas deu tudo certo”, resume Isolde.
Desde 2020, todas as moedas, notas de R$ 2 e R$ 5 eram guardadas em uma caixa. Quando juntavam uma boa quantia, trocavam por notas maiores, e o dinheiro ficava intocado.
Durante o período, sempre que queriam jantar fora, trocavam por uma comida caseira, e guardavam o valor que gastariam com a refeição para as economias. Assim, juntaram o necessário para pagar 80% da gasolina que vão gastar pelo caminho.
Bem equipados
Desde os 35 anos, Lotário era acostumado com as estradas. Foi naquele período que se tornou caminhoneiro, e viajou por muitos estados do país. A entregas o levaram para São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco.
Mas, há alguns anos, passou por um transplante de córnea, e teve que deixar a profissão. Hoje, com carteira de habilitação apenas para a categoria “B”, o caminhão foi trocado pela camionete, e eles tiveram que se adaptar.
A S10 Rodeio é equipada com cozinha portátil, pequenos armários para os utensílios, alimentos e roupas, gás, água, e uma cama que pode ser montada por cima dos bancos no interior do veículo. Quando der, o casal também quer ficar em pousadas. Mas, quando ficarem nos campings, conforto não será um problema, afirmam.
As cadeiras de madeira, uma tenda e lona para cobrir o chão também estão na caçamba da camionete. E Isolde preparou alguns alimentos em conservas, como feijão, lentilha e ovos para a viagem. Costureira de profissão, ela também fez mosquiteiros para colocar nas janelas durante a noite.
As roupas podem ser lavadas em baldes, ou nas lavanderias nas cidades que passarem. “Nós sabemos tudo o que tem que ser feito, mas como e a aonde, nós vamos descobrindo”, conta Isolde.
Casados há 48 anos, o gosto pela aventura está presente em ambos desde jovem. Também já fizeram uma viagem de carro à Brasília, e foram de moto até a região de Três de Maio. Para a viagem, inclusive, levam uma pequena mesa feita há mais de 40 anos, recordação daquele tempo.
O trajeto
A ideia é sair de Lajeado sem data certa para voltar. Mas o casal acredita ser possível fazer o trajeto em pouco mais de 30 dias. A primeira parada do roteiro é Santa Catarina, onde querem passar alguns dias pelas praias. Na próxima sexta, querem estar no Posto 23, em São Paulo, onde Lotário tem muitas amizades.
No sábado, a previsão é chegarem à Nossa Senhora Aparecida, ainda em São Paulo e, de lá, partirem para o Rio de Janeiro. Depois de atravessarem a ponte para Niterói, vão passar por São Gonçalo, e viajam em direção à Vitória do Espírito Santo. A próxima parada é Porto Seguro, Ilhéus e Aracaju. Em seguida, Maceió.
Porto de Galinhas e João Pessoa também fazem parte do trajeto, assim como Natal, Fortaleza, Belém do Pará e Goiânia, nas águas termais. Para chegarem de volta à região, ainda não sabem se vão descer pelo litoral ou pela serra.
“Queremos conhecer coisas novas. Não queremos ficar todos os dias no mesmo lugar”, destaca Lotário. Isolde já disse que quer ir em uma tirolesa, e os dois querem fazer juntos trilhas por todo o país.
Lotário calculou que a viagem vai dar cerca de 12 mil quilômetros. Acostumado com a direção, ele será o motorista, e sabe boa parte do trajeto de cor. Para algumas rotas, no entanto, busca ajuda em um GPS, ou em um mapa à moda antiga.
Mas, desta vez, não vai para trabalhar, quer passear e conhecer as belezas do Brasil. “Vou tomar uma cervejinha, comer um peixe e curtir”, planeja.