“Representar o Brasil já é uma medalha de ouro”

na elite do esporte mundial

“Representar o Brasil já é uma medalha de ouro”

Natural de Lajeado, André Arenhart Barbieri está entre os seis atletas brasileiros que paticipam dos Jogos Paralímpicos de Inverno em Pequim. Estreia no snowboard é na madrugada deste domingo (6)

“Representar o Brasil já é uma medalha de ouro”
André Barbieri tenta buscar medalha inédita ao Brasil nos Jogos Paralímpicos de Inverno. Competição iniciou na sexta-feira e se estende até 13 de março

Um acidente em 11 de março de 2011 mudou para sempre a vida do lajeadense André Arenhart Barbieri, 40. Apaixonado por esportes radicais, estava descendo Mammoth Mountain, na Califórnia (EUA), quando caiu, quebrou o fêmur da perna esquerda. Depois de quatro operações em cinco dias para reconstruir sua perna, o membro afetado precisou ser amputado. Após a cirurgia, chegou a disputar provas de triatlo e surfe adaptado até descobrir o snowboard paralímpico.

Hoje, 11 anos depois da frustração, Barbieri deu a volta por cima e se classificou para os Jogos Paralímpicos de Inverno, onde neste domingo faz a estreia na modalidade snowboard cross. “Sabia que voltaria para o esporte. Ele me custou um acidente, custou minha perna, quase custou minha vida. O fato de ter voltado, no mais alto nível para representar o país. Ser o único atleta de snowboard, representar o Brasil na maior arena esportiva do mundo, para mim isso já é uma medalha de ouro.”

Sobre a participação nos jogos, Barbieri destaca que sabe das suas limitações e vai tentar repetir o que estava fazendo nos treinamentos para fazer uma boa prova. Cita o altíssimo nível dos competidores como uma das dificuldades. “Sou o único que está estreando nos jogos, vou tentar me superar e o que vier é lucro.”

Objetivos eram outros

Atleta mais velho da delegação brasileira, Barbieri começou a praticar triatlo e surfe adaptado após a amputação. Ele chegou a disputar Mundiais Paralímpicos de triatlo representando o Brasil, entre 2015 e 2018, e participou do evento-teste do esporte para os Jogos Rio 2016. Entretanto, acabou ficando fora do ranking final que definia os participantes da prova – eram dez atletas classificados na classe, e ele tinha sido o número 11.

Após ficar de fora dos jogos, tentou a vaga para os Jogos Paralímpicos de 2021, mas em 2018 ficou sabendo que a sua modalidade não estaria presente naquela edição do evento, foi quando decidiu pedir para o Confederação Brasileira de Desportos na Neve (CBDN) a inscrição nos Jogos de Inverno, iniciando a trajetória rumo a Pequim.

Saiba mais

Barbieri pertence à classificação funcional Sb LL1 (para atletas com deficiência física que afeta uma das pernas como amputação acima do joelho, dificultando o controle da prancha e sua capacidade de navegar em terreno irregular).

Na madrugada de sábado para domingo, disputa a prova de snowboard cross. O percurso é desafiador, com saltos e obstáculos. O melhor dentre os três resultados será utilizado para determinar a colocação na segunda fase, onde será uma disputa em duplas. Os vencedores avançam à próxima etapa para definir o ganhador.

No dia 12 de março, disputará a categoria banked slalom, que é uma mistura de snowboard cross com slalom gigante. Nela, os competidores encaram luta contra o relógio e ainda tem de passar pelas bandeiras espalhadas no trajeto. Cada atleta desce a montanha três vezes e o melhor tempo das três tentativas determina o resultado final.

Os jogos

A 13ª edição dos Jogos Paralímpicos de Inverno iniciou na sexta-feira e se estende até o dia 13 de março. Pequim vai receber 650 atletas em busca de uma medalha em seis modalidades: hóquei no gelo, curling em cadeira de rodas, esqui alpino, esqui cross-country, biatlo e snowboard. Essa será a terceira vez que o Brasil participará dos jogos. Nesta edição, serão seis representantes.

Ficha técnica

Nome: André Arenhart Barbieri
Nascimento: 24/03/1981
Cidade: Lajeado
Modalidade: snowboard
Datas e horários das provas:
06/03 – 00h00 – Cross – Qualificatória
12/03 – 01h00 – Banked Slalom
Principais resultados conquistados na carreira: Medalha de prata e bronze Copa do Mundo de Para Snowboard de Kelowna, no Canadá.

“A paixão pelo que se faz vai te levar longe”

Nesta semana, Barbieri participou do programa A Hora Esportes, da Rádio A Hora 102.9. Confira trecho da entrevista.

Acreditava que teria sucesso na carreira?
Barbieri – Foi difícil, não vou mentir. O snowboard é um esporte complicado, e é difícil conquistar uma vaga nas Olimpíadas, é difícil chegar lá. Acreditava em mim, que teria potencial, mas dependia de outros fatores, como o treino que deixava em segundo plano para trabalhar e cuidar da minha família. Tenho uma filha que vai fazer um ano nesse período que estou fora. Ter chegado onde cheguei é resultado do meu esforço. Valorizo ainda mais essa conquista, pois sei que tenho uma turma me ajudando, como família, amigos e patrocinadores.

Quais os ensinamentos que o esporte lhe gerou?
Barbieri – Falo de maneira geral, pois no snowboard a minha história é utópica. Venho de Lajeado e estou competindo em um esporte na neve e nas Paraolimpíadas. Indiferente do esporte que seja, quando você ama o que faz fica mais fácil e supera qualquer desafio. No meu caso aprendi sozinho, mas foi bom ter um técnico para ensinar a técnica e corrigir os erros. A paixão pelo que se faz vai te levar longe e te fazer se frustrar menos. Quando tu ama não é trabalho nenhum.

Qual a importância da família nessas conquistas?
Barbieri – A minha carreira não teria esse sucesso sem eles. Não depende só de mim, meus pais, as vezes só a mãe, vieram diversas vezes para o EUA para ficar com as crianças para poder viajar e competir. Teve uma vez, durante a pandemia, que minha mãe ficou de quarentena no Panamá antes de chegar aqui. Tem todo um amor e carinho dos meus pais e da minha esposa. Agora no período dos jogos, ela está sozinha segurando a barra com as crianças. O apoio deles é fundamental, sem eles não conseguiria.


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