Fazer um intercâmbio sempre esteve nos planos de Fernanda Etsuko Miyagi Pita, 21. Natural de Lima, no Peru, o Brasil estava no topo de sua lista de destinos para estudar e, em 10 de fevereiro de 2022, ela chegou a Lajeado, que será sua casa pelos próximos seis meses.
Depois de três semestres, a Univates voltou a receber estrangeiros, e a menina está entre os 11 intercambistas que chegaram ao país no início do ano. A opção pela viagem veio do gosto por aventura e pela vontade de crescer como pessoa e profissional. Estudante de biologia marinha na “Universidad científica del sur”, hoje Fernanda faz parte da “Ruway”, ONG peruana sobre conservação e pesquisa marinha.
Na cidade natal, ela mora com os pais e duas irmãs. Diz ser uma pessoa esportiva e amante do mar e da natureza e, por isso, também pratica o surf e o mergulho. E, apesar de se identificar com o Brasil, a oportunidade de vir à cidade foi um acaso, já que sua universidade de origem tem convênio com três instituições brasileiras. Entre elas, a Univates, que, com o campus e a metodologia de ensino, chamou a atenção da estudante.
Em Lajeado há pouco menos de um mês, Fernanda percebe as diferenças de Lima. “Moro na capital do meu país, então tem muito mais movimento e barulho do que aqui, que é uma cidade tranquila e segura, que me parece muito acolhedora. Por outro lado, a vibração das pessoas parece mais amigável do que a do meu país”, destaca.
A experiência tem sido boa e Fernanda diz conhecer algo novo a cada dia. Esta é a primeira vez que mora sozinha, mas tem se virado. As amizades até aqui também tem sido um ponto positivo do intercâmbio. Por outro lado, o calor é a única coisa que ainda não conseguiu se acostumar. “Não temos esse calor em Lima”, conta.
De outro continente
Natural da Suécia, Tekla Tingström, também já está no Brasil para um intercâmbio de seis meses. Ela chegou no dia 16 de fevereiro para estudar e desenvolver o trabalho de conclusão do curso de Ciências Ambientais que frequenta na Universidade de Halmstad, com especialização em botânica.
Na pesquisa em parceria com o departamento de biologia da Univates, ela estuda a atual situação do bioma Pampa, os impactos negativos sobre a biodiversidade de água doce e o aumento da área agrícola.
Tekla conta que o programa em Halmstad fornece uma base científica com conhecimento em recursos ambientais combinados com ciências sociais, e estudar a natureza para contribuir para o desenvolvimento sustentável sempre foi uma de suas paixões.
“Hoje estou trabalhando no laboratório da Univates com o professor Perico e seus alunos. Todos foram muito receptivos e são muito gentis e generosos”, destaca. No Brasil, ela diz perceber que as pessoas são muito prestativas e já a tratam como uma amiga.
Tekla já havia estudado fora do país natal antes, quando cursou língua espanhola em Málaga por algum tempo, ainda criança. Mas é sua primeira vez na América do Sul. “De onde eu venho é muito diferente. Eu sou de uma pequena cidade no sudeste da Suécia chamada Karlshamn onde moro com minha família, minha mãe, meu pai, meu irmão e nossos animais de estimação, cavalos e cachorros. Nossa cidade fica perto do mar e cercada pela bela natureza sueca. É um lugar muito calmo e tranquilo”, conta.
Agora, em solo brasileiro, ela espera experimentar toda a cultura do país, além das belezas naturais.

Natural do Peru, Fernanda diz ter sido bem recebida na cidade, e apenas não se acostumou com o calor
Uma nova residência
A Univates não recebia intercambistas desde o início de 2020 e, agora, abriga estudantes de cinco instituições: Corporación Universitaria Americana (Colômbia), Universidad Nacional de Cuyo (Argentina), Universidad Franz de Tamayo (Bolívia), Halmstad University (Suécia) e Universidad Científica del Sur (Peru).
Pela primeira vez, os intercambistas podem ficar hospedados no Centro de habitação estudantil Share, inaugurado pela Univates. Além disso, a universidade retomou este ano o programa Padrinho Internacional, com alunos brasileiros que auxiliam os estrangeiros neste período. Hoje, 17 novos padrinhos estão disponíveis para auxiliar os intercambistas.
Segundo a gerente do Escritório de Relações Internacionais (ERI) da universidade, professora Viviane Bischoff, os alunos que chegam na cidade são de cursos variados. Neste semestre, há estudantes de medicina, direito, design, jornalismo, biologia, entre outros. “Antes da pandemia recebíamos de 60 a 70 intercambistas por ano, e os países mais comuns eram Argentina, Colômbia, México, Portugal, Espanha e Suécia”, conta.
Fora do país
Por outro lado, estudantes da Univates também têm a oportunidade de estudar fora. Hoje, 25 alunos estão em um intercâmbio na América do Norte, América do Sul e Europa. De acordo com Viviane, 2012 foi o ano em que a Univates deu início ao Escritório de Relações Internacionais.
“Começamos a participar de feiras internacionais nos EUA e na Europa, a fazer visitas nas universidades, foi um período de reconhecimento, e a partir daí começamos a avançar”, destaca.
Na época, os convênios eram feitos com universidades da Colômbia, Portugal, Espanha, Suécia e Alemanha. Hoje, a instituição tem parceria com mais de 10 países. Entre eles, Alemanha, Argentina, Áustria, Canadá, Chile, Itália, Noruega e República Tcheca.
Alunos interessados em participar de uma mobilidade acadêmica no segundo semestre de 2022 ainda podem se inscrever nos editais abertos até dia 7 de março, segunda-feira.
Antes da pandemia, era comum a universidade mandar até 50 alunos para o exterior e receber entre 30 e 35 estrangeiros. Hoje, a procura é menor, mas os estudantes já voltam a se interessar pelo intercâmbio. Os riscos e as medidas impostas pela covid são alguns dos fatores que afastam os viajantes, assim como o alto valor do câmbio.
A troca cultural é uma das vantagens de receber estrangeiros. Além do aprendizado sobre novos costumes e mesmo uma nova língua. “Essa troca nos faz perceber que cada cultura tem os seus pontos positivos, negativos e que não existe uma cultura certa, nós precisamos respeitar a cultura do outro, seja ele de onde for”, destaca Viviane. Além disso, oferece a oportunidade de conhecer uma mesma área de estudos em diferentes países.