Disparada dos combustíveis impulsiona venda de motos
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Economia

Disparada dos combustíveis impulsiona venda de motos

Alta no preço da gasolina e elevação no valor de carros novos faz com que motoristas optem por meios de transporte mais econômicos. Relatório do setor revela redução no emplacamento de veículos de passeio e melhor desempenho no segmento de motocicletas

Disparada dos combustíveis impulsiona venda de motos

Menor disponibilidade de renda e produção comprometida nas montadoras desafiam o setor automotivo. Os dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) mostram o pior início de ano no mercado de carros desde 2005. Os emplacamentos reduziram 26,17% no primeiro bimestre de 2022, comparado ao mesmo período de 2021.

Enquanto a venda de carros novos enfrenta dificuldades, a busca por maior economia reflete na comercialização de motocicletas. No mesmo período, houve incremento de 14,30% nos emplacamentos. O desempenho não é maior devido às dificuldades de produção.

As vendas de motos entre janeiro e fevereiro representam 74,1 mil unidades. Líder neste mercado, a Honda respondeu por 74,5% de todas as motocicletas comercializadas no Brasil. Vice-líder, a Yamaha ficou com 18,8%.

Entre os modelos preferidos dos brasileiros, o segmento urbano representa 51,5% de participação de mercado, logo atrás estão as de estrada de baixa cilindrada com 17,7% e as motonetas fecharam janeiro com 14,7% de participação.

O setor automotivo, como um todo, ainda sofre com a alta dos juros e maior seletividade na concessão de crédito. Além disso, a elevação da inflação global, por conta da guerra na Ucrânia, pode atenuar a expectativa de recuperação do mercado no Brasil.

Gasolina e manutenção

Em busca de agilidade e economia, o auxiliar administrativo, Jamur Hofstatter, 47, é adepto ao transporte de motocicleta. Ele percorre todos os dias em média 30 quilômetros até o trabalho. Por mês, o gasto com combustível chega a R$ 80. O mesmo trajeto, de carro, custaria quatro vezes mais.

Com a escassez de peças no mercado, o custo de reparos é outro fator que fez Hofstatter definir o uso da motocicleta. “Optar por moto traz economia tanto em combustível quanto na despesa por manutenção”, destaca.

Entregas programadas

A falta de componentes e dificuldades na linha de produção reduziram a oferta de motos novos no mercado. Conforme o gerente de concessionária, Galiardo Fornari, houve um crescimento expressivo nas vendas de 2020 para 2021. Porém, diante de novo período de pandemia, o afastamento de funcionários na fábrica comprometeu a distribuição.

“Praticamente não há motos novas em estoque. Trabalhamos com entrega programada para atender a demanda”, comenta. Fornari destaca também que novos hábitos de consumo fizeram disparar a procura de motos para serviços de entrega.

Algumas empresas em Lajeado dobraram a frota para dar conta dos pedidos no segmento de alimentação. “Não é um cenário que se possa comemorar.” Fornari reitera que, embora os números da Fenabrave mostram alta nos emplacamentos, o ano será desafiador e de incertezas.

Motores menos poluentes

Outro fator apontado como responsável em comprometer a oferta de veículos é a legislação que determina a fabricação de motores menos poluentes. A nova regra fez montadoras pararem a produção para adequar os projetos.

De acordo com o delegado regional do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos no Estado do Rio Grande do Sul (Sincodiv), Rogério Wink, essa condição deve afetar a disponibilidade de carros novos durante todo o ano de 2022.

“Não é um processo tão simples, que junto da escassez de componentes compromete o desempenho das indústrias.” Wink também ressalta a instabilidade global por conta da guerra na Ucrânia. Em relação ao crédito, destaca a estratégia das montadoras em facilitar o pagamento a fim de reduzir o impacto da escalada de preços.

Disponibilidade de crédito

Na avaliação do empresário e proprietário de concessionárias, Flávio Meneguzzi, a redução da taxa de juros e maior oferta de crédito são fundamentais para a retomada das vendas no setor. “É a principal mola que impulsiona o mercado de veículos no país.”

Meneguzzi reitera também preocupação com a economia global, que na sua concepção, dá sinais de cansaço aliado aos constantes aumentos de preços. “São fatores que desestimulam o consumidor.” O empresário não acredita em uma retomada no mercado automotivo em 2022 e destaca a importância em inovar e buscar alternativas para mitigar a oferta de veículos.


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