Preocupem-se para além da Ucrânia

Opinião

Ardêmio Heineck

Ardêmio Heineck

Empresário e consultor

Assuntos e temas do cotidiano

Preocupem-se para além da Ucrânia

A atual configuração dos países não é fruto de reuniões ou de banquetes, porém de guerras, crueldades e irracionalidades, incompreensíveis, mas próprios da natureza humana. Exemplos próximos: o hemisfério Norte, que dizimou os indígenas, nos anos 1.800, por ganância. A primeira e a segunda guerras mundiais, com milhões de mortos, visando a dominação. A fronteira noroeste do Brasil, nada parecida com a do Tratado de Tordesilhas, empurrada que foi por portugueses e outros nativos daqui, movidos por ambições. Neste particular, há o papel das Entradas e Bandeiras, dos bandeirantes, à busca de ouro, prata e escravos indígenas, e dos ¨gauchos”, aqui do Sul, avançando nos territórios espanhóis, pastoreando seu gado.

É abominável a natureza humana, que mata, escraviza, suborna, corrompe e subjuga. Mesmo que cada vítima deixe alguém sofrendo, chorando.

Com a atual guerra russa/ucraniana não é diferente, em cujo mérito não pretendo entrar, nem mesmo nos reflexos econômicos e financeiros, nas economias mundiais, os quais se acomodam, com o tempo, por envolverem interesses em comum, dos dois lados do “front” da guerra.

Constantemente se desenhou uma nova ordem mundial, de dominação política e econômica, sempre respaldadas por poderio militar e lideranças fortes, firmes, com discernimento e posicionamento. Diversos os exemplos contemporâneos: Churchill, Eisenhawer, Kennedy, Margaret Taetcher, Stalin, Mao Tse Tung, Fidel Castro, Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, Brizola, dentre outros.

A reflexão que trago abarca ocidentais, brasileiros e gaúchos, democratas, amantes da liberdade e do livre mercado. Constitui-se numa preocupação, em horizonte que vai além do conflito Rússia/Ucrânia, mas por ele desnudada: a atual falta de lideranças no mundo ocidental.

Putin e Xi Jinping, presidentes da Rússia e da China, lideram e agem com estratégia e soberania nacionalista, desprovidos de democracia, sabendo o que buscam, econômica e financeiramente, respaldados por força militar consistente. É assim que a humanidade sempre caminhou. Isto é insofismável. Quem são seus alvos? Nós ocidentais, para onde estendem seus tentáculos.

E por onde andam nossos líderes?

Biden, Boris Johnson e Makron, apenas aludindo USA, Inglaterra e França, países decisivos para derrotar Hitler, penso que não o são. Tão somente vociferam, ameaçam, impõem sanções que não se sustentam e limitam-se a “jogar” para seus eleitores. Isto preocupa, e muito.

Entremos, pois, no nosso meio: Região, Estado, Brasil. Nota-se, igualmente, carência de líderes. Ou, lhes ocorre alguém, de pronto?

Há que se buscar as causas e com urgência.

Iniciemos pela educação e o ambiente educacional, base de tudo e históricos laboratórios de formação de líderes. Ainda há, lá, esta preocupação? Temos, ainda, grêmios estudantis e outros grupos de jovens com foco em discussões e atividades construtivas?

Ou, a manipulação exercida por grupos, que impõem a visão das coisas apenas sob o viés ideológico, de discussões dúbias quanto a gênero, minorias e assemelhados, somados à impotência e omissão de mestres e pais, não estão formando uma geração de alienados da realidade, não afeitos ao trabalho e arredios a qualquer motivação para liderar?

É um cenário do mundo ocidental que inquieta, ademais que as duas potências orientais agem de forma inversa, sob o viés da dominação, o que é da natureza humana. Assim como, também, o é acordarmos e reagirmos. Não que, para tanto, se abra mão da democracia, como lá. Basta não deixar, o ambiente, virar uma anarquia. Ordem e disciplina são fundamentais. Começar por onde e quando? Sugiro que logo, por nosso quintal, sem voltarmos as costas.


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