Uma abordagem policial na madrugada dessa segunda-feira, 28, repercute entre a comunidade de Anta Gorda. Em vídeo que circulou nas redes sociais, gravado por populares, é possível ver quatro policiais tentando imobilizar um homem de 54 anos. O caso aconteceu na Praça Central do município.
Na gravação, é possível ver os policiais agredindo o abordado, com chutes e joelhadas. O filho, que também foi abordado, pede para que os agentes parem com as agressões. É possível ouvir ele dizer “o pai tem problema no coração”.
Reação comunitária
Na noite dessa segunda-feira, 28, um protesto ganhou as ruas da cidade. Cerca de 100 veículos percorreram as principais ruas em ato por justiça.
Um dos pontos de maior concentração foi a Praça Central, local da abordagem. Houve buzinaço e exibição de cartazes com críticas à conduta da guarnição da Brigada Militar, pedidos de “respeito” e “dignidade”, bem como cobranças por rigor nas investigações.
“Foi uma crueldade”
Proprietário de uma empresa de implementos agrícolas de Anta Gorda, o abordado – que não quis se identificar – comenta que estava com o filho, de 23 anos, em um bar. Eles estavam com um amigo que tocava gaita e violão no local.
Ele conta que, por volta das 2h, a Brigada Militar passou pelo estabelecimento e pediu para que todos fossem embora. “Levantamos para ir embora e vimos a polícia passando rápido em direção ao lado que meu amigo foi.”
Preocupado com o amigo, o homem foi ver o que estava acontecendo. “Eles não gostaram que fomos até lá e vieram atrás de nós”, diz o empresário. Além do uso do bastão policial, o abordado afirma que o spray de pimenta também foi utilizado.
“O que fizeram foi uma crueldade”. Para ele, mesmo que estivesse fazendo algo de errado, as coisas não deveriam “ter escalonado até este ponto”.
O empresário afirma que registrou o boletim de ocorrência e irá fazer corpo de delito na Delegacia de Polícia de Soledade.
Imagens mostram agressões de policiais durante a abordagem (Foto: Reprodução)
Policiais afastados
Responsável pelo Comando Regional de Policiamento Ostensivo do Vale do Taquari (CRPO-VT) durante a troca de comando, o tenente-coronel Ivan Silveira Urquia afirma que os policiais foram até o local para averiguar uma denúncia de perturbação de sossego. Dois policiais eram de Anta Gorda e dois vieram de Putinga, em apoio.
Em nota, na manhã dessa segunda-feira, 28, o CRPO-VT informou que, com a abertura do Inquérito Policial Militar, para apurar as circunstâncias da abordagem, os quatro policiais foram afastados das atividades de policiamento ostensivo.
Urquia diz que a investigação já foi iniciada e as partes já estão sendo ouvidas. “Com o inquérito poderemos entender se os abordados já tinham algum tipo de problema com os policiais ou se já tinham algum tipo de antecedente pelo mesmo fato.”
Segundo Urquia, os policiais foram afastados do policiamento de rua, mas continuarão fazendo trabalho administrativo dentro do 22º Batalhão de Polícia Militar (22º BPM). “Decidi pelo afastamento pois a cidade é pequena e os envolvidos poderiam se encontrar, causando algum tipo de mal entendido ou até mesmo uma nova ocorrência.”
Depois que o inquérito for concluído, em algumas semanas, o novo comandante do CRPO-VT, coronel Gilson Wagner de Oliveira Alves, deverá decidir sobre o futuro dos policiais. A punição máxima que podem receber, dentro da Brigada Militar, é a exclusão da corporação.
