A ascensão estrangeira no futebol brasileiro

Opinião

Caetano Pretto

Caetano Pretto

Jornalista

Colunista esportivo.

A ascensão estrangeira no futebol brasileiro

Sorrateiramente o futebol brasileiro entrou em uma nova era nos últimos anos. Sucessos recentes de treinadores como Jorge Jesus e Abel Ferreira fizeram os clubes do país abrirem cada vez mais as portas para os treinadores estrangeiros. Do lado de cá, o público e a mídia debatem diariamente o fato. Há quem diga que o Brasil sofre novamente do complexo de vira-latas. Do outro lado, os mais teóricos apresentam dados para mostrar como os nossos treinadores pararam no tempo.

Confesso que sou mais afeito ao segundo lado. O futebol brasileiro passa por uma grande entressafra quando o assunto é treinador. É só pensarmos no melhor que temos: Tite. Ele é praticamente unanimidade há mais de uma década. Não à toa perdeu uma Copa do Mundo e segue na Seleção Brasileira. Nascido no Brasil, ninguém é melhor do que ele.

Se pegarmos as últimas edições de Brasileirão, Copa do Brasil e Libertadores, é possível ver claramente a ascensão dos estrangeiros dentro do nosso futebol. Em 2019 a Libertadores teve pela primeira vez um treinador estrangeiro levantando o título com um clube brasileiro: o português Jorge Jesus. O feito se repetiu em 2020 e 2021 com o também português Abel Ferreira.

Copa do Brasil e Brasileirão também foram vencidos, pelos mesmos treinadores, com Flamengo e Palmeiras. A escola portuguesa, inclusive, é uma das melhores do mundo. Treinadores argentinos também tiveram relativo sucesso recente por aqui. Os santistas sentem saudade de Jorge Sampaoli. Alguns colorados sentem falta de Eduardo Coudet.

O crescente número de estrangeiros não tem nada a ver com o idioma. Por mais que alguns tentem usar o argumento de que “só foi contratado porque habla”. Também não significa que só porque nasceu fora do Brasil, o treinador será bom. Temos também exemplos de trabalhos horríveis, vide o Internacional com Miguel Ángel Ramírez. Medina que se cuide… O ponto que fica, é a reflexão: o que acontece com o treinador brasileiro? Falta estudo? Falta estrutura para ascender ao nível dos demais? Algo precisa ser feito para que ocorram mudanças, ou chegaremos ao ponto de ter um Campeonato Brasileiro só com treinadores estrangeiros. E isso também não seria um problema.

JÁ SÃO 40% NO BRASILEIRÃO

Ainda restam quase três meses para o início do Campeonato Brasileiro e muita coisa pode mudar. Mas se pegarmos os 20 clubes da primeira divisão, temos quase 50% com treinadores estrangeiros. São três portugueses: Abel Ferreira (Palmeiras), Paulo Souza (Flamengo) e Vítor Pereira (Corinthians). Outro praticamente acertado: Luís Castro (Botafogo). Dois argentinos: Turco Mohamed (Atlético-MG) e Juan Pablo Vojvoda (Fortaleza). Um uruguaio: Alexander Medina (Internacional) e um paraguaio Gustavo Morínigo (Coritiba). Além deles, há o Santos, sem técnico, mas que tem dois estrangeiros como favoritos a assumir o cargo.


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