Utilizado no tratamento de leucemia mieloide crônica, o medicamento Mesilato de Imatinibe está em falta no Rio Grande do Sul. Em alguns casos, pacientes e instituições estão sem receber a medicação desde o fim do ano passado.
Em Lajeado, pelo menos 20 pessoas não receberam os comprimidos em fevereiro. O medicamento, que é adquirido pelo Ministério da Saúde, é repassado mensalmente aos Estados, que fazem a distribuição aos hospitais que atendem via Sistema Único de Saúde (SUS).
O Hospital Bruno Born está entre as cinco casas de saúde do Estado citadas pela Associação Brasileira de Linfomas e Leucemia (Abrale) onde há relatos de pacientes sobre a falta do medicamento. Também foram mencionados o Hospital São Lucas, o Grupo Hospitalar Conceição, o Hospital de Clínicas e a Santa Casa de Misericórdia, todos de Porto Alegre.
Procurado, o HBB explica que recebeu uma remessa de medicamentos em fevereiro para tratamento da doença, mas que há 20 pacientes com a medicação pendente. “No mês de janeiro, o envio dos remédios foi normal. Em fevereiro que começou a atrasar”, informa a coordenadora de Oncologia, Roselaine da Silva Maciel.
Sem previsão
Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, não há previsão de reabastecimento do Mesilato de Imatinibe 400 mg. Hoje, no âmbito do SUS, os tratamentos de oncologia no Rio Grande do Sul acontecem através de serviços hospitalares Cacon’s, que são centros de assistência de alta complexidade, e Unacon’s, as unidades de assistência de alta complexidade.
Atualmente, o Estado recebe da União os seguintes medicamentos oncológicos: trastuzumabe-150mg, pertuzumabe-420mg, rituximabe-100mg e 500mg, dasatinibe-20mg, nilotinibe-200mg e imatinibe-100mg e 400mg.
“Impacto muito grande”
Conforme a médica hematologista Juliana Kratochvil, sem o uso contínuo da medicação, o tratamento da leucemia perde força, e isso pode representar um problema a médio e longo prazo para o paciente.
“O tratamento deve ser contínuo e sem falha. Tem pacientes de tudo quanto é faixa etária utilizando o medicamento. Sem a medicação, a doença pode fazer a pessoa ter perda de respostas à médio e longo prazo e até progredir para uma leucemia grave”, alerta.
Juliana lembra que, antigamente, o remédio era comprado e adquirido por unidades de oncologia, que recebiam repasses conforme a quantidade de pacientes. Porém, há algum tempo, a compra é feita a nível federal. “O imatinibe é o tratamento padrão, o carro chefe. Sem ele, causa um impacto muito grande para o paciente e há o risco de sobrecarregar o sistema de saúde”.
O remédio
• Mesilato de imatinibe é indicado para pacientes adultos e pediátricos (acima de 2 anos) com leucemia mieloide crônica recém diagnosticada e sem tratamento anterior, e pacientes adultos com leucemia mieloide crônica em fase acelerada ou fase crônica;
• As embalagens do medicamento contam com 60 comprimidos revestidos de 100 miligramas ou 30 comprimidos revestidos de 400 miligramas;