Chuva abaixo da média e altas temperaturas comprometem mais uma safra de uva na região. A qualidade varia entre propriedades, tipos de solo e manejo. Para garantir melhor produtividade, a irrigação e a proteção das parreiras com sombrite são alternativas.
O produtor Celso Kohlrausch assegura que os benefícios do sistema justificam o investimento. Ele cultiva 0,7 hectare de quatro variedades de uva de mesa. A parreira fica às margens da BR-386 que é a vitrine de negócios. Pelo menos 90% da produção é vendida aos usuários da rodovia.
Sem revelar o valor investido, Kohlrausch implantou a estrutura faz oito anos e ainda não obteve o retorno necessário. Segundo ele, as condições do clima no local exigiram equipamentos para irrigar e proteger as videiras da exposição ao sol.
Com a disponibilidade de água e cultivo à sombra a expectativa é colher 12 toneladas. “Produziu melhor que no ano passado, mas sabemos que em outras propriedades a situação é bem diferente.”
De acordo com o produtor, sem os investimentos em irrigação seria inviável produzir as variedades selecionadas. A uva de mesa, com opção sem semente, é indicada para serem consumidas frescas ou no acompanhamento de pratos.
Kohlrausch destaca que escolheu as variedades Itália, Rubi, Núbia e Benitaka com o propósito de agregar valor e oferecer qualidade. As vendas direto na propriedade ocorrem de dezembro a março e seguem regramento específico. “Apostamos na organização do ambiente e limitação de acesso para assegurar a satisfação dos clientes.”
Sobre o custo final da uva, Kohlrausch acredita que a despesa com irrigação representa em média R$ 1 a mais comparado ao cultivo em sistema convencional.
Sobrevivência das parreiras
O pesquisador da Embrapa Uva e Vinho, Henrique Pessoa dos Santos, reforça a importância de produtores e técnicos analisarem os vinhedos prejudicados pela falta de chuva. Segundo ele, são necessárias ações que garantam maior disponibilidade hídrica às videiras.
As sugestões são: manter a cobertura do solo, reduzir a carga de frutas e da superfície foliar e investir em sistemas de irrigação. “Cada parreiral é único em função do solo, da profundidade das raízes e das condições da planta. É importante não apenas garantir essa safra, mas a sobrevivência e a sanidade da parreira¨, destaca.
No aspecto fitossanitário, em função do prognóstico climático de chuva irregular, o pesquisador Lucas Garrido recomenda a aplicação de produtos à base de cobre para proteção das brotações da videira, que são facilmente infectadas pelo agente causal do míldio.
Além dessa doença, ele recomenda que o produtor fique atento aos tratamentos preventivos para o controle das podridões do cacho (Botrytis e Glomerella). Nessas situações, recomenda uso de fungicidas registrados ou mesmo produtos à base de Bacillus. “Os produtores também devem considerar práticas como desponte e poda verde para o controle mais efetivo das doenças e melhor cobertura pelo produto utilizado”, orienta Garrido.
Dicas de manejo
– Manter a cobertura do solo;
– Reduzir a carga
de frutas e folhas;
– Investir em sistemas de irrigação.
Fonte: Embrapa
Uva e Vinho