Acompanhei com atenção a cobertura do A Hora da missão empresarial para Dubai. Quase impossível não realizar comparações com o Brasil, Rio Grande do Sul e Vale do Taquari.
As manifestações do amigo Adair Weiss e dos demais integrantes da comitiva relatam que Dubai pode emprestar algumas boas ideias para nosso país, principalmente o mantra: “sonhar, planejar e executar”. Me parece que os brasileiros são experts na primeira parte, possuem boas habilidades para a segunda premissa, agora o que nos falta é a capacidade de executar. Como diz o colega professor Oto, estamos cheios de iniciativa e pouca “acabativa”.
Durante a missão, as imagens das visitas realizadas mostraram a opulência do Emirado. Muita riqueza, muito ouro, turistas do mundo todo, economia pujante. No entanto, o que mais me chama a atenção é a matéria publicada em 09/02 sob o título: “Dubai longe dos holofotes: como é a periferia do emirado”.
Me fez lembrar da visita que tive a oportunidade de fazer em 2007 à cidade de Campos do Jordão (guardadas as devidas proporções). Um centro turístico com a circulação de carros importados e uma periferia empobrecida. Fica a pergunta: Dubai é desenvolvido ou somente rico? Me parece que economicamente não restam dúvidas, constitui uma cidade de grande destaque. Ao mesmo tempo eu não diria que é desenvolvido.
Baseio esta afirmação a partir da leitura de que, para ter-se desenvolvimento, algumas premissas, que não só as econômicas, devem estar presentes. Considerando os ensinamentos de Amartya Sen, o desenvolvimento pressupõe a mitigação das desigualdades, que as pessoas tenham possibilidade e a liberdade de saciar a fome, de viver com saúde, de ter trabalho, de participar da vida social, da política, de ter acesso a saneamento básico, água de qualidade, de contar com segurança, entre outras.
Não nego a importância do crescimento econômico, indispensável, mas não suficiente, para que possamos considerar um território como desenvolvido. E como é a nossa condição no Vale do Taquari? Podemos nos considerar desenvolvidos? Como o programa de TV: “Você decide”. Me diz aí.