Natural de Estrela, Luis Augusto Morschbacker começou a trabalhar ainda na adolescência. Aos 14 anos, vendia doces nas ruas de Estrela até conseguir o primeiro emprego formal, sempre mantendo os estudos no turno inverso ao trabalho. Após concluir o ensino técnico em contabilidade, em Lajeado, passou por escritórios e um banco.
Aos 25 anos, a primeira esposa engravidou e Morschbacker aceitou oportunidade em uma obra no Estado do Espírito Santo, onde ficou dois anos e teve o primeiro filho. De volta ao Vale do Taquari, recomeçou do zero em uma empresa que atua em diversos setores de Estrela, um deles o controle de pragas.
Após participar do processo de abertura de uma organização do setor, pela qual trabalhou por seis anos, Morschbacher foi desligado. Encorajado pelo ex-colega de ensino médio, Leocir Degasperi, iniciou a Desin Soluções Ambientais. A empresa logo conquistou grandes clientes e se tornou referência no setor. Hoje, a Desin atende todo o RS, alguns municípios de Santa Catarina, e projeta grande expansão para 2022.
– Qual a origem da sua vocação para o empreendedorismo?
Luis Augusto Moerschbacker – Quando tinha 14 anos, passava em uma padaria no Centro de Estrela, enchia de doces e saia vendendo pelas ruas, nas construções, oficinas mecânicas e demais empresas. Eu ia do calçadão até a rodoviária nova. Na época não tinha calçamento, era chão batido. A minha família é natural da linha Wink, Estrela. Depois, viemos para a cidade. Meu pai era técnico em agropecuária e funcionário do Ministério da Agricultura. Meu primeiro emprego foi junto com o pai e com a mãe na Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS) a na Acsurs (Associação de criadores do RS). Meu pai foi um dos fundadores das duas entidades. Meu primeiro emprego formal foi com 14 para 15 anos. Sempre estive envolvido nessa ideia de correr atrás.
– Conseguia conciliar com os estudos?
Moerschbacker – Sim. Estudava em um turno e trabalhava no outro. Fiz todo o Ensino Fundamental no Colégio Santo Antônio. Depois, um ano no Vidal de Negreiros. Daí comecei a trabalhar o dia todo, então fiz os últimos dois anos do técnico em contabilidade no Castelinho, em Lajeado. Trabalhei em escritórios e em um banco, até receber a oportunidade de trabalhar em uma empresa gaúcha que faria uma obra no Espírito Santo.
– Porque a decisão de aceitar essa empreitada?
Moerschbacker – Na época, minha primeira esposa engravidou e eu tive que ir à luta. Esse foi o primeiro emprego que apareceu. Foi uma escola. Primeiro porque fui embora para longe da família, Eu tinha 25 anos e estava prestes a ser pai. Hoje, os filhos saem de casa com 30, 40 anos. Fui embora do Estado e não tinha Whatsapp. Para ligar para a família precisava pagar aluguel de telefone. Era tudo muito difícil e as pessoas que trabalhavam na obra tinham grau escolar baixíssimo. Em dois anos, fizemos o acesso à terceira ponte que liga Vila Velha à Vitória, porque havia a ponte, mas não o acesso. Meu primeiro filho, Lucas, nasceu lá. Mais tarde me separei, hoje tenho outros dois filhos do segundo casamento.
– Como foi o retorno para o Vale do Taquari?
Moerschbacker – Voltei para Lajeado e recomecei do zero. Consegui uma vaga em uma empresa de Estrela que atuou em vários segmentos, entre eles o controle de pragas. Comecei como vendedor, depois fui supervisor, depois nos postos de gasolina e gerenciei a distribuidora de gás. Em 2003, participei do processo de criação de uma empresa de controle de pragas onde atuei como gerente comercial até 2009, quando fui desligado. Eu recém-havia construído a minha casa e tinha voltado de férias, então estava zerado e sem FGTS. A empresa enviou um e-mail para os clientes informando o desligamento e recebi convite para trabalhar para a Biômicas. É uma empresa de Novo Hamburgo que conheci em uma Expoagas e para qual prestei alguns serviços.
– Você chegou a trabalhar com eles?
Moerschbacker – Conversei com a minha esposa e tinha decidido ir para lá. No outro dia de manhã, o Leocir Degasperi, que havia sido meu colega no Castelinho, me chamou porque tinha recebido o e-mail sobre o desligamento. Ele disse para começar o meu negócio e que era para colocar no papel o necessário para abrir uma empresa de controle de pragas. Falou para ir até a fruteira no sábado, com algum amigo que pudesse entrar de sócio. Junto com o Cleiber Luis Feier, apresentei os números. Avisei que durante cinco anos, ninguém iria receber e que eu não tinha dinheiro. Leodir e o Cleiber entraram com os recursos e eu coloquei o meu carro, que estava financiado. Para pagar a diferença, quando a empresa passasse a dar lucro, os primeiros R$ 10 mil iriam para a Desin.
– Como foi o início da empresa?
Moerschbacker – Fiz um e-mail explicando tudo para a Biômicas, e eles deram parabéns: seriam nossos primeiros clientes. Nós estávamos saindo do zero e já tínhamos um cliente. A Desin foi cadastrada em outubro de 2009. Todo início é difícil, mas eu tinha muitos contatos no meu celular. Tenho o mesmo número de telefone faz muitos anos e sempre usei o meu telefone. Avisei para todos que, a partir daquele dia, estava com empresa própria. Das pessoas que pediram para visitá-los, ainda não consegui ir em todos. Saímos de zero e até hoje nenhum mês houve redução no faturamento da empresa.
– Quais os motivos para o sucesso da empresa?
Moerschbacker – Não tem como uma empresa do meu setor trabalhar certo e dar errado. Tem que atender toda a legislação e entregar o que promete. Estar sempre atento à inovação. Sempre participamos de eventos, exposições e feiras, nacionais e internacionais. Compramos produtos de laboratórios consagrados e todo o EPI necessário para nossos técnicos. Dessa forma, fomos nos diferenciando no mercado. Hoje atuamos em todo o RS e alguma coisa em Santa catarina. Mas ou você cresce ou o mercado te engole. Se tudo der certo, em 2022 vamos alçar vôos maiores.
– Você também é reconhecido pelo apoio às entidades beneficentes. Qual a importância desse trabalho?
Moerschbacker – Faço parte da direção da Saidan (entidade que acolhe crianças em situação de vulnerabilidade social) faz 14 anos. Fazemos muitos serviços voluntários em entidades beneficentes e assistenciais da região e dos municípios onde atuamos. Penso que as cidades onde estamos dão condição de vida boa para mim e para a minha empresa. Então, tenho que devolver uma parte para a sociedade. Não pensamos apenas no bolso, e sim de que forma podemos contribuir com a sociedade.