O teu nome tem alguma relação com o criador do futebol?
Na verdade foi uma coincidência. Meu nome era para ser Dirceu, em homenagem a um jogador de futebol da época, mas minha mãe não quis e escolheu Charles, sem imaginar que tinha essa situação. Nasci no mês da Copa do Mundo (1978, na Argentina), então isso também me liga ao futebol.
Como começou tua história como colecionador?
Eu trabalhava em uma empresa de chocolates em Cruzeiro, era um emprego legal, tinha um cargo razoavelmente bom, mas estava limitado. Não era uma coisa que me abria portas. Tinha muito pouco conhecimento do mundo. Era aquele caminho de casa para o trabalho, do trabalho para casa. Aí chegou um momento, não sei se por causa do signo, por ser curioso, de querer abrir a mente. Aí decidi sair da empresa em 2006 e comecei como um hobby, colecionando camisas do Grêmio.
E as vendas dos itens?
Em uma conversa com um amigo de Santa Catarina, eu dizia que a coleção estava se tornando algo caro e ele me comentou que eu deveria tornar algo rentável. Na época ele me apresentou uma planilha de Excel, com quantas camisas ele tinha e o custo delas. Foi onde deu um estalo, comecei a desapegar e vender algumas peças e a coisa lentamente começou. Conhecemos pessoas que tinham o mesmo hobby, alguns que somente comercializavam o material, e tornamos isso um negócio.
Existe algum desafio muito grande nesta atividade?
Em todo o lugar que vamos, parece que temos que comprar alguma coisa, porque hoje não temos um local de compra, não existe um fornecedor específico. É o garimpo do dia a dia, é viajando, é conhecendo pessoas, o tempo todo conversando. Aí chega alguém que te diz, “ah, tenho isso de tanto tempo guardado, tenho umas camisas velhas que ninguém usa mais.” Na verdade, estamos sempre procurando materiais pra comprar. Para venda hoje nós temos, nossa dificuldade é a compra.
O que o colecionismo te proporcionou?
Muito conhecimento, muitas amizades, muitas viagens. Viajamos muito para a América do Sul, para a Europa. Como viajamos muito para a Argentina, a passamos no Centro de Buenos Aires, as pessoas gritam nosso nome, mesmo um mês sem ir. Nas feiras de lá as pessoas guardam material para nós, sabendo que vamos ir em algum momento.
Como você observa o mercado do colecionismo?
Eu ouço e leio muito que coleção é fase. É engraçado, sabe… Eu pensava que não, mas eu mesmo já vivi essa fase. Em algum momento tu foca mais, em outro te dá um desapego. Coleção é fase, mas o negócio não. Porque assim como um desapega, sempre tem alguém iniciando. Alguém manda uma mensagem para nós, dizendo que está começando, pedindo o que temos. Aí outro manda mensagem dizendo que não quer mais, que tem itens para negociar. O colecionismo é uma fase, mas o futebol é uma paixão, e essa vive para sempre.