Desunião no Vale

Opinião

Rodrigo Martini

Rodrigo Martini

Jornalista

Coluna aborda os bastidores da política regional e discussão de temas polêmicos

Desunião no Vale

Os aguardados bilhões em investimentos e as sonhadas obras de duplicação, ampliação, ciclovias, travessias e afins quase ficaram em segundo plano. Para alguns, o debate sobre as concessões rodoviárias está centrado nos locais das praças de pedágio. Até a altíssima tarifa-teto sugerida pelo Governo do Estado quase escapou dos olhares atentos dos agentes públicos regionais. E a reunião entre os prefeitos e representantes do estado, na quarta-feira, aumentou ainda mais a evidente desunião entre as regiões alta e baixa do Vale do Taquari.

A indignação é grande entre os prefeitos de Encantado e Cruzeiro do Sul. O governo estadual, apesar das inúmeras reinvindicações, decidiu manter as praças de cobrança naqueles municípios, dando sequência a um martírio que divide aqueles municípios desde 1998, ano em que o então governador Antônio Britto assinou o contrato de concessão com a extinta Sulvias. Além da indignação natural de quem continuará pagando a maior fatia da conta (ao menos em tese), uma possível falta de empatia por parte dos demais gestores aumentou a bronca.

Um dos momentos mais tensos do encontro foi proporcionado pelo prefeito encantadense, Jonas Calvi (PTB). Ele e João Dullius (MDB), prefeito de Cruzeiro do Sul, responderam à afirmação do prefeito lajeadense, Marcelo Caumo (PP), de que parte das queixas teria cunho político, e não técnico. “A minha preocupação não é política. Para quem já pagou pedágio durante 23 anos, isso não faz diferença alguma”, respondeu Calvi. “Como vamos incentivar o desenvolvimento com aquela ‘porteira’ na entrada da cidade”, questionou.

Calvi foi adiante. E deixou claríssima a mágoa com os gestores municipais da região baixa do Vale do Taquari. “Aqui tá todo mundo beleza, perfeito, legal. Danilo (Bruxel, prefeito de Arroio do Meio), parabéns, tu vais ganhar todo o trecho duplicado, receber mais ISS que Encantado, e mais obras, tranquilo”, ironizou. Ele também se direcionou ao presidente da Amvat e prefeito de Colinas, Sandro Hermann (PP), “A Amvat está pensando em quem? Cadê a Amvat, onde estão os municípios para pressionar como região”, provocou.

O gestor de Encantado lembrou que muitos municípios serão beneficiados com a obra do Cristo Protetor, mas não demonstraram a mesma união para “dividir a conta” dos pedágios. Calvi também se dirigiu ao Chefe de Gabinete da Casa Civil, Jonatan Brönstrup (PSDB), ex-prefeito teutoniense. “Legal, cara. Teutônia beneficiada com a Via Láctea. E a ERS-332, lá em cima? Cadê o Vale”, indagou, se referindo aos altos investimentos na via que cruza a cidade de Teutônia, e lembrando que a rodovia que leva até Arvorezinha não será contemplada.

Por fim, e se referindo à justificativa apresentada pelo Estado para não instalar a praça de pedágio entre Lajeado e Arroio do Meio (vias paralelas e asfaltadas para escape), ele garantiu que vai investir em “uma via paralela entre Palmas e Linha Nova”. Enfim, uma reunião tensa e áspera, sob os olhares do secretário da Casa Civil do RS, Artur Lemos. E um passo a mais para o rompimento institucional entre as regiões alta e baixa do Vale do Taquari.


Mais candidatos

A cidade de Estrela já possui três pré-candidatos a deputado estadual. Além de João Braun (PP) e o Pastor José Alves (PODEMOS), o suplente de vereador de Estrela (em exercício no momento), Claudiomiro da Silva, é mais um nome que surge para concorrer a uma vaga na assembleia gaúcha. Em 2018, ele concorreu ao cargo pelo PMN. Desta vez, ele vai pela União do Brasil (fusão aprovada no TSE entre DEM E PSL). Ele fez 6.084 votos no pleito passado.


Avat protagonista

Vereador de Taquari e novo presidente da Associação dos Vereadores do Vale do Taquari (Avat), Leandro Mariante (PT) participou do primeiro debate do projeto Pensar Eleições 2022, realizado ontem. Segundo ele, a entidade tem como um dos principais desafios atrair mais eleitores para as sessões plenárias municipais. Para tal, foi lançada a campanha “Exerça sua Cidadania”. E eu faço votos para que todas as câmaras legislativas abracem a iniciativa.


• Prefeito de Lajeado, Marcelo Caumo (PP) afirma que mais de 90% das reivindicações dos municípios foram atendidas pelo governo estadual no que se refere às concessões rodoviárias.
• Ainda de acordo com Caumo, entre as propostas para amenizar os impactos em Cruzeiro do Sul e Encantado está a criação de um fundo entre os municípios lindeiros às rodovias e que receberão ISSQN dos pedágios. Os valores angariados seriam constantemente repassados para as duas cidades com praças de pedágio. Os prefeitos de Lajeado e Arroio do Meio já sinalizaram positivamente para a proposta.
• As prioridades previstas na concessão das rodovias estaduais do Vale do Taquari expõem uma velha realidade: as cidades que emplacam Cargos de Confiança no Executivo estadual estão bem assistidas.
• Ainda sobre as concessões, e sobre o momento tenso na região alta do Vale do Taquari, chama a atenção a pouca participação do Secretário Estadual de Desenvolvimento Econômico Edson Brum (MDB) no debate sobre a extinção (ou não) da praça de pedágio em Encantado.
• Brum deve assumir uma vaga no Tribunal de Contas do Estado (TCE) na próxima legislatura. Diante disso, o irmão dele e prefeito de Rio Pardo, Edvilson Brum, deve ser candidato a deputado estadual. Edson costumava fazer em média 11 mil votos no Vale do Taquari.


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