O fim do Vale do Taquari?

Opinião

Rodrigo Martini

Rodrigo Martini

Jornalista

Coluna aborda os bastidores da política regional e discussão de temas polêmicos

O fim do Vale do Taquari?

O Vale do Taquari não possui uma data oficial de fundação. Mas, existem momentos que foram cruciais para consolidar (ou quase isso) a união entre as cidades. Em 1961, por exemplo, foi criada a Amvat. Em 1991, o Codevat. Em 1994, passou a vigorar a legislação dos Coredes. Enfim, fato é que lá se foi algum par de anos e, hoje, a dualidade entre as regiões alta e baixa do Vale está muito mais acirrada. Tudo em função do programa de concessão das rodovias estaduais. O risco de uma ruptura é real. E o governador é um dos culpados.

A futura concessão das rodovias estaduais distanciou alguns gestores municipais da região. Diante da projeção de manter a praça de cobrança na localidade de Palmas, em Encantado, os agentes públicos (e privados) da região alta subiram o tom e ameaçam, publicamente, um rompimento diplomático com as cidades da região baixa do Vale do Taquari. “Somos os bobos da corte”, resumiu um ouvinte, que ontem aproveitou o estúdio itinerante da Rádio A Hora (montado às margens da ERS-129, no trevo de acesso encantadense) para se manifestar.

O G17, grupo criado pelos municípios da região alta e próximos à ERS-129 e ERS-332, já virou G18. A cidade de Guaporé, que originalmente não faz parte do nosso Corede, engrossou a força da parte mais italiana do Vale e vai ingressar oficialmente no grupo na sexta-feira da semana que vem. Outros municípios próximos ao Vale do Taquari também observam com carinho o G17. Por outro lado, municípios e agentes que historicamente se beneficiaram da pujança da região alta estão ignorando (ou minimizando) a luta contra a praça de pedágio.

E tudo seria mais simples se o Estado apresentasse alguma novidade para a região alta ao invés de repetir o erro cometido em 1998.


Política e religião

O Pastor José Alves, da Igreja Adventista Pentecostal Unida do Brasil (IADBPUB), é mais um pré-candidato a deputado estadual no Vale do Taquari. Ex-vereador e secretário municipal em Estrela, ele tem a “bênção” do Senador Lasier Martins. Ambos são filiados ao PODEMOS. Na foto, Alves está ao lado do filho, Silas Alves (que está no PL, mas será filiado ao PODEMOS), suplente de vereador em Estrela, e Sérgio Follmann, outro líder da igreja. Hoje, a IADPUB possui unidades em 28 cidades do Rio Grande do Sul.


TCE mais próximo

O Tribunal de Contas do Estado (TCE) está mais próximo do Vale do Taquari desde que Alexandre Postal assumiu a presidência do órgão fiscalizador. Na semana passada, o novo presidente recebeu empresários de Encantado. Na pauta, a implementação de um novo sistema de aferição e fiscalização das pavimentações em estradas e ruas estaduais e municipais. E o assunto interessa e muito para os moradores e pagadores de impostos da região alta do nosso Vale. Também na semana passada, Postal recebeu comitiva do Vale do Taquari para tratar sobre os prejuízos causados pelas recorrentes quedas de energia na região.


“Oposição” em Estrela

Candidato a vice-prefeito em 2020, na chapa do opositor Eduardo Wagner (PSL), o ex-vereador Joel Mallmann (Sem partido) vai integrar a administração municipal de Elmar Schneider (PTB). É mais um movimento para mitigar a oposição em Estrela e garantir um governo de coalização. Antes dele, Comandante César, o candidato a prefeito pelo MDB no pleito passado, foi chamado para assumir a Secretaria de Administração. E outras alianças devem ser anunciadas nos próximos dias.

Mallmann deve assumir a Secretaria Especial de Cultura, Esportes e Lazer de Estrela (Secel). A atual titular da Secel, Carine Schwingel, ex-primeira dama do município, assume a Secretária de Desenvolvimento, Inovação e Sustentabilidade (Sedis), pasta ocupada por Rodrigo Kich (Sem partido) até dezembro do ano passado. Há quem diga que ela está cotada para assumir um cargo na Secretaria Estadual de Turismo, e, portanto, ficaria pouco tempo à frente da Sedis. Mas isso é assunto para outro momento.

Sobre Mallmann, que foi vereador pelo PSB durante três mandatos (2001 a 2012) e também já ocupou o cargo de Secretário de Administração na década retrasada, é impossível não lembrar os debates eleitorais proporcionados pelo Grupo A Hora em 2020. Ele foi enfático ao analisar a gestão da Secretaria de Saúde na administração passada. “Se utilizou da infraestrutura da secretaria para fazer política, para se promover. E deu no que deu. Postos de saúde sem remédio e não se consegue exame”, afirmou.

Schneider era o secretário de Saúde. Agora, será o chefe.


• As tarifas-tetos sugeridas pelo Governo do Estado para as praças de Cruzeiro do Sul e Encantado (R$ 9,15 e R$ 9,67) assustam. Se o governo não recuar, resta torcer para que as propostas sejam favoráveis ao pagador de impostos. Na concessão da RSC-287, o deságio foi de 54,4%. Nas rodovias federais gaúchas, BRs 101, 290, 386 e 448, o Grupo CCR apresentou tarifa 40% menor do que o limite previsto na concorrência.
• “Estamos pedindo socorro”, avisou o prefeito de Encantado, Jonas Calvi (PTB), durante entrevista ao programa Frente e Verso, ontem. A tensão está alta. E a possibilidade de protestos na pista da ERS-129 é cada vez mais ventilada entre líderes e moradores da cidade.
• Fato é: a dualidade entre as regiões alta e baixa do Vale do Taquari nos fragiliza perante outros Coredes. E a ausência de um Deputado Estadual genuinamente da região, também.
• Se por um lado a consolidação política do Vale do Taquari está sob o risco de ruptura, no turismo o exemplo é outro. A Amturvales faz um caminho inverso e, nos últimos meses, tem agregado cada vez mais agentes públicos e privados para a necessária união de forças.
• Está nos principais sites de notícias do país: partidos políticos devem R$ 84 milhões para a União (leia-se a população brasileira). E o PT é disparado o maior devedor, com R$ 23,6 milhões, quase quatro vezes o montante devido pelo DEM, segundo colocado na lista.
• Neste momento, não existe terceira via no Brasil. Admita!


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