A Reinigend Química, de Teutônia, atua desde 2001 com produtos de higienização automotiva, industrial e do agronegócio. Além de vender no RS, os produtos chegam ao sudeste e centro-oeste do país. O objetivo agora é alcançar o mercado internacional.
A viabilidade das operações em outros países é um dos motivos pelo qual o sócio-administrador Renato Scheffler integra a comitiva do Vale nos Emirados Árabes Unidos. Durante sete dias de visitas técnicas, observou a cultura, oportunidades e aspectos legais que possibilitem a instalação de uma fábrica em Dubai.
O empresário relata o entusiasmo ao identificar várias possibilidades de negócios. “Percebi que temos uma oportunidade muito grande de trazer tecnologia para Dubai”. Scheffler constatou que empresas tecnológicas se destacam e têm espaço para evoluir. “Não importa o produto ou serviço, se for algo tecnológico e inovador, tem espaço no Oriente.”
Essa também é a percepção do diretor geral do Grupo A Hora, Adair Weiss, que acompanha a missão empresarial organizada pela Associação Comercial e Industrial de Lajeado (Acil). “Para abrir uma empresa em Dubai, é necessário ir até um despachante na cidade ou via internet. Após constitui o visto específico a empresa começa a se adequar”, cita.
Conforme Weiss, a concorrência no Oriente Médio em busca de investidores estrangeiros é cada vez maior. “Arábia Saudita também se abre ao mercado internacional e isso pressiona mudanças na legislação de outros países e cidades.” Em Dubai, o conselho do sheik avalia extinguir a necessidade de um sócio árabe na abertura de empresas.
Os critérios aos interessados em investir no mercado árabe foram apresentados ontem no encerramento das atividades da comitiva nos Emirados Árabes Unidos. O grupo do Vale iniciou ontem à noite viagem de retorno, com previsão de chegar em Lajeado amanhã durante a madrugada. Ao todo foram dez dias de atividades em busca de conhecimento e inspiração ao desenvolvimento econômico e social da região.
Além do luxo e da riqueza
Os empresários e líderes de organizações do Vale também conheceram os bairros periféricos e o distrito industrial de Dubai. “Nestas comunidades o cenário é outro. Os arranha-céus dão espaço à simplicidade dos prédios. Em vez de executivos de negócios, são imigrantes que chegam de países pobres onde tem pouco trabalho, como é o caso de Índia e Paquistão”, conta Weiss.
Muitos destes estrangeiros vivem juntos no mesmo apartamento e dormem em pequenos quartos. Esse é o caso de um taxista que está na segunda maior cidade dos EAU há seis anos. Da renda mensal, 80% fica com a empresa responsável pelo veículo e recebe cerca de R$ 1,5 mil.
Entrevista – “É muito fácil investir em Dubai, basta ter boas ideias”
MARCELO KEKLIGIAN • CONSULTOR DE NEGÓCIOS
Natural de São Paulo, Marcelo Kekligian mora em Dubai desde 2014, com a esposa e um filho. Por meio de serviços de consultoria, oferece soluções em ferramentas analíticas, banco de dados e sistemas. Considera que a adaptação aos costumes foi rápida, diante da similaridade com a cultura do Brasil. Destaca a característica de um povo receptivo e familiar, além das oportunidades no segmento da tecnologia.
• Adair Weiss – Quais as condições e obrigações para empreender em Dubai?
Marcelo Kekligian – Precisa de trabalhadores locais e, de acordo com o porte da empresa, é definido um número de profissionais. Além disso, é preciso ter um sócio nativo com pelo menos 30% de participação na receita. Isso de certa forma é bom, pois abre oportunidades em negociar com o mercado árabe e facilita no aspecto do idioma local. Para startups, o processo é um pouco diferente, pois no próprio grupo de investidores há integrantes residentes.
• O governo estuda alterar essa exigência de um sócio nativo?
Kekligian – Acredito que isso vá mudar ainda este ano. Dubai é um emirado que evolui muito. Há pouco tempo não era possível, por exemplo, morar apenas para curtir a aposentadoria. Hoje já é permitido. Nesse sentido, o conselho do sheik analisa a possibilidade de permitir a abertura de empresas apenas com investidores estrangeiros, sem a necessidade o sócio árabe.
• Qual o maior desafio para quem quer investir nos Emirados Árabes Unidos?
Kekligian – É muito fácil investir, basta ter boas ideias. Temos o exemplo da empresa Cafu criada para abastecer veículos nas residências. Esse é um serviço inovador, ao estilo do que o governo prefere. O maior desafio é ter uma ideia única e criativa. A inovação é um aspecto muito forte, existe inclusive, o Ministério da Inteligência Artificial.
• Há segurança jurídica nos investimentos e como funciona o modelo de tributação?
Kekligian – Tem lei e regulação, não há risco neste sentido. O risco que se tem é relacionado ao mercado, assim como em qualquer parte do mundo. Sobre a tributação, cada emirado conta com zonas francas, livre de impostos. Fora dessas áreas, não sei precisar o percentual, mas a carga tributária é pequena se comparado ao Brasil.
• Qual a área com mais oportunidades de trabalho?
Kekligian – Tecnologia é o setor que mais requer mão de obra. Buscam funcionários de vários países. A oportunidade na área da tecnologia é muito grande e o brasileiro está bem posicionado. Os investidores dos Emirados Árabes gostam dos trabalhadores do Brasil pela qualidade no serviço.