Uma homenagem ao bicentenário do nascimento da revolucionária Anita Garibaldi virou exposição e estará em Lajeado até o fim de fevereiro. A mostra itinerante “Anita Garibaldi – Entre Tempos e Acervos” é uma idealização do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul e do Governo do Estado, e já passou por cidades como Porto Alegre, Bagé e Bom Jesus.
Na cidade, a exposição está sendo exibida no Sesc Lajeado. O acervo é composto por peças que celebram os 200 anos do nascimento da “heroína dos dois mundos”, como ficou conhecida, e conta sua trajetória por meio das obras de diversos artistas. A visitação é gratuita e pode ser feita de segunda a sexta-feira, das 8h às 20h, na Rua Silva Jardim, nª 135.
A mostra teve curadoria da Comissão do Bicentenário de Anita Garibaldi, com coordenação da historiadora Luciana de Oliveira. Ela conta que a ideia foi mostrar ao público os diferentes retratos da heroína feitos ao longo da história, assim como sua trajetória e a importância da mulher para o estado.
Municípios interessados em exibir a exposição podem entrar em contato com a comissão pelo número (51) 99106-8815.
ENTREVISTA – Luciana de Oliveira, historiadora integrante da Comissão do Bicentenário de Anita Garibaldi.
Como surgiu a ideia de fazer a exposição?
Luciana – Esta foi uma das atividades da comissão em 2021, com repercussão ainda em 2022. Quando comecei a trabalhar na exposição, comecei a ver que tinha muitas imagens de Anita Garibaldi que circulavam pela internet e na história. Minha preocupação foi trazer essas imagens mais divulgadas e contextualizá-las. Por exemplo, que pintura é, quem fez e o porquê. São várias mulheres feitas por diversos artistas, cada qual construindo a imagem dela de acordo com sua obra.
Como a exposição é composta?
Luciana – Quando pensei na exposição, minha ideia era trazer três eixos centrais com as pinturas que eu tinha em mãos. As pinturas escolhidas são retratos da Anita e pinturas de história, artistas muitas vezes que trabalham para governos ou particulares, com encomendas, e a partir disso faz todo um trabalho de construções. Então alguns artistas pintaram as obras porque conheciam Anita e Giuseppe Garibaldi. Outros foram encomendas e outros faziam os retratos para vender.
Por isso, em alguns, ela está com vestidos bufantes. Tem um clássico de um artista que teria conhecido Anita em Montevidéu. Então tem a possibilidade de ser um dos mais próximos da realidade. Outro eixo é o das trajetórias de Anita, a partir, também, de diferentes artistas. Tem uma pintura de Anita à cavalo, que foi encomendada pelo estado. Dentro disso, temos também a construção dos mitos.
O que você pode destacar da vida de Anita Garibaldi e por que acredita que ela se tornou tão importante no estado?
Luciana – Não tem um momento, mas a trajetória como um todo. Porque temos uma vida muito intensa vivida por esta mulher. E o que o bicentenário tentou trazer foi essa intensidade, essa potência e vivacidade de Anita em cada mulher. No Rio Grande do Sul, ela acaba tendo esse destaque como poucas mulheres tiveram na Revolução Farroupilha.
A importância dela é mostrar que a mulher também pode estar na guerra. A exposição ganhou o nome porque temos pinturas de várias temporalidades, do século XIX ao XXI. E vários acervos, porque estamos fazendo um diálogo entre acervos brasileiros, italianos e uruguaios. Então a ideia era fazer confluir tempo e acervos em uma mesma exposição.