“Ele se irritou pela criança estar chorando muito”

MORTE DE CRIANÇA EM TAQUARI

“Ele se irritou pela criança estar chorando muito”

Padrasto confessa homicídio de menino de três anos. Foram 10 horas entre a prisão e o depoimento para admitir as múltiplas agressões ao enteado

“Ele se irritou pela criança estar chorando muito”
(Crédito: Arquivo A Hora)

O assassinato de uma criança de três anos chocou a comunidade do Vale e repercutiu em todo o estado. A morte de João Vicente Luz de Vargas ocorreu na noite de quinta-feira, 3, no bairro Rincão, em Taquari. O padrasto, de 25 anos, confessou agressões que levaram a vítima a chegar sem vida no Hospital São José.

A Brigada Militar foi acionada pela casa de saúde no início da noite da quinta, com a informação que uma mãe chegou ao local com o filho já em óbito. De acordo com relatos da Polícia Civil, a criança apresentava vários hematomas pelo corpo, dando indícios de maus-tratos.

O delegado titular da Delegacia de Pronto Atendimento (DPPA) de Lajeado, Augusto Cavalheiro Neto, confirmou que o homem admitiu o crime no início da manhã dessa sexta-feira, 4. “Ele foi reinquirido e frente às provas e contradições, acabou confessando.” A partir de agora a investigação fica a cargo da delegacia de Taquari.

Cavalheiro detalhou o relato do homem sobre a motivação do crime e como ele ocorreu. “Ele se irritou pelo fato de a criança estar chorando muito e ter feito cocô e xixi. Foram agressões na orelha e rosto, posteriormente atirou o menino contra o chão e deu chutes.” O delegado encaminhou ao Judiciário de Taquari uma solicitação de prisão preventiva.

O homem foi preso em flagrante por homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe, e recolhido ao sistema prisional. O réu confesso foi identificado como Josuel Cardozo Bergenthal e tem antecedentes por lesão corporal, injúria e porte ilegal de arma de fogo.

Depoimento da mãe não convence

A mãe do menino prestou depoimento ao longo da noite. Na avaliação do delegado, as falas dela e o fato de uma alteração nos cuidados da criança, saindo de uma babá para ficar com o padrasto, acendem um alerta para a investigação. “Ela disse que não acreditava que o marido pudesse agredir o filho a tal ponto.”

Cavalheiro ainda pontua que a mudança na rotina causa estranhamento pela justificativa dada – o calor em excesso. “A criança agredida fica com marcas no corpo. Primeira ação é trancar a criança em casa com medo que terceiros contatem rede de proteção.”

A outra filha da mulher, de nove anos, também estava em casa durante a tarde da quinta e, quando questionada pela mãe, teria dito que o irmão menor não estava muito bem. Em seguida o padrasto confirmou a informação, mas que ele havia dado um banho na criança e que a mãe poderia ficar tranquila.

Moradores recentes de Taquari

Vizinho da família, Angelo Miguel Pereira levou a criança e a mãe até o hospital. Ele conta que nunca notou alguma situação que indicasse atos de violência na residência, pelo fato de serem novos moradores na região. “Chegaram aqui há pouco mais de duas semanas”, afirma.

O casal é natural da região metropolitana e também não era assistido pelo Conselho Tutelar do município ou tinha algum registro de violência doméstica. No entanto, em depoimento, a mãe mencionou que o padrasto agrediu a criança com varadas no dia anterior.

“Caso horroroso”

O delegado caracterizou o crime como uma covardia. “O crime choca porque é uma criança de 3 anos totalmente indefesa. Somos profissionais, não podemos nos contaminar com a emoção, mas é um caso horroroso”, finaliza Cavalheiro.


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